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Re: FalÃcias e ciÃncia



Gauss,

parabÃns pela mensagem, que discernimento!!!

Diferentemente de muitas lideranÃas espalhadas pelo paÃs,
que simplesmente gozam dos privilÃgios da posiÃÃo jÃ
alcanÃada, fazendo de tudo para nÃo perderem tal status,
vocà aponta com bastante clareza e verdade as hiprocrisias
e as falhas da sociedade brasileira.

Precisamos de mais gente assim! Mesmo que sejamos rotulados
de ingÃnuos. A verdade precisa ser dita e encarada, o silÃncio
à a pior atitude. Se nÃo reconhecermos os erros, jamais esses
serÃo corrigidos.

Infelizmente faltam coragem, verdade, transparÃncia e
honestidade em muitas lideranÃas no mundo! Estamos pagando
o preÃo ... certamente, mensagens como a sua serÃo motivos
de risosÂpor estas lideranÃas, demonstraÃÃo de arrogÃncia e
ignorÃncia.

Mais uma vez, parabÃns!!!

Michel Ferreira da Silva.

Analista de FinanÃas e Controle
Controladoria-Geral da UniÃo
MinistÃrio do Controle e da TransparÃncia

Â

Em 20/12/2008 11:16, gausscordeiroÂÂ escreveu:


Caros Redistas,

Constatei no meu exame de admissÃo em 1961 que para seguir
em frente nos estudos havia de transpor exames sÃrios,
onde os valores de competÃncia e rigor cientÃfico
seriam soberanos. Dos 62 alunos que tentaram esse exame no
ColÃgio Marista em janeiro de 1981, 45 passaram e o restante
foi reprovado. Nada mais natural em um processo acadÃmico!
No vestibular, os alunos que nÃo conseguem aprovaÃÃo nas
universidades pÃblicas  que usualmente sÃo as melhores -,
procuram abrigo nas particulares.

Quando saà de Recife em 1975 para fazer mestrado em pesquisa
operacional, escolhi o melhor programa de mestrado nesta
Ãrea: a COPPE da UFRJ. Quando saà do Rio para fazer meu
doutorado no exterior, escolhi (em 1978) um dos melhores
programas de pÃs-graduaÃÃo em estatÃstica da Inglaterra,
que era o Imperial College (IC). Ã Ãpoca, contava com
estatÃsticos de renome como David Cox,
John Nelder e Frank Yates, sà para citar os trÃs mais
importantes. LÃ o ambiente era super-competitivo e arredio
aos "overseas" e nÃo consegui fazer um Ãnico amigo. Entretanto,
saà de cabeÃa erguida e minha tese de doutorado foi aprovada por
Maurice Bartlett e David Cox. Antes de mim, vÃrios latinos
(alguns atà excelentes estatÃsticos hoje) passaram pelo IC e
desistiram no caminho, preferindo lugares mais amenos.

Criei em 1984 - com muito esforÃo-, e contra inÃmeros professores
da fÃsica e computaÃÃo daqui, o mestrado em estatÃstica da UFPE,
que hoje ocupa posiÃÃo de destaque no cenÃrio nacional contando
no seu corpo docente com vÃrios pesquisadores de peso.
Quando estava hospedado na casa do Francisco Cribari
nos EUA, em fevereiro de 1996, recebi um email do Francisco
Louzada, entÃo doutorando em Oxford. Ele me enviava um artigo
publicado no Canadian Journal of Statistics de 1995,
onde a UFPE aparecia no cenÃrio mundial como a 4Â mais
produtiva per capita do mundo, contabilizando os 16
periÃdicos top de estatÃstica. Era um mero indicador per
capita, mas isso aflorou a nossa alma pernambucana.
Depois eu enviei (com cumprimentos) cÃpias do artigo a todos
os professores que foram contra a abertura do mestrado
numa reuniÃo do nosso conselho departamental. Antes
dos anos 80, a comunidade estatÃstica daqui, pensava que a
gente sà exportava bonecos de barro do Mestre Vitalino e
bolo de rolo. Agora estÃvamos exportando uma estatÃstica
de qualidade!

Nos dias de hoje, extremamente desanimado com a academia
provinciana, constato que por pressÃo da CAPES, muitos
programas de pÃs-graduaÃÃo sà observam indicadores de
quantidade: nÃmero de dissertaÃÃes defendidas, tempo mÃdio
de titulaÃÃo, mortalidade do alunado mas a qualidade
das dissertaÃÃes nÃo à levada em consideraÃÃo. "Qualidade
zero e quantidade infinita" objetivam apenas esses
programas. Nesses termos, ocorre um verdadeiro oba-oba
em alguns cursos de pÃs-graduaÃÃo do paÃs, sem as condiÃÃes
mÃnimas de meritocracia acadÃmica. Alunos fazem atà seus
cursos à distÃncia com o conchavo de outros alunos e
professores locais. Muitas dissertaÃÃes nÃo seriam aprovadas
como projetos de final de curso de graduaÃÃo de uma boa
universidade. Portanto, muitos mestres e doutores sÃo
formados sem preparo algum para fazer ciÃncia e essas
pessoas sà almejam mesmo um diploma.

Eu imaginava que os valores "do toma là dà cà e dos
conchavos e enganaÃÃes" eram primazias do convÃvio
dos nossos polÃticos. Ledo engano! As falÃcias convivem
naturalmente com a ciÃncia e estÃo muito presentes como
um verdadeiro flagelo na academia brasileira.
Pobre Brasil!


Bom final de semana para todos,

Gauss Cordeiro


"Amar à encontrar na felicidade de
outrem a prÃpria felicidade."
(Gottfried Leibniz)