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Texto da Folha



Aos 75, USP tem mais alunos e menos produÃÃo cientÃfica Especialistas apontam o aumento das matrÃculas como um dos motivos para a queda nas pesquisas realizadas

MÃdia de trabalho por docente caiu 30,4% de 2003 a 2007; hà 27,7% mais alunos de graduaÃÃo

FÃBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A USP chega hoje aos 75 anos como a melhor universidade do paÃs e com uma forte expansÃo em matrÃculas na graduaÃÃo nos Ãltimos anos. Por outro lado, hà indicadores de produÃÃo de pesquisa em queda.
Segundo o anuÃrio estatÃstico da instituiÃÃo, o nÃmero de trabalhos cientÃficos por docente vem caindo desde 2003. Era de 6,9 e chegou a 4,8 em 2007 (dado mais recente), uma reduÃÃo de 30,4%.
O dado abrange atividades como publicaÃÃes em revistas cientÃficas e trabalhos em congre ssos. Ou seja, Ã um indicador amplo, que inclui as atividades nas diferentes Ãreas.
Pesquisadores apontam como um dos motivos para a queda na produÃÃo o crescimento das matrÃculas na graduaÃÃo (27,7% nos Ãltimos cinco anos), puxada principalmente pela criaÃÃo da USP Leste, em 2005.
"O orÃamento à finito. à preciso definir prioridades, tanto financeiras quanto de energia" afirma o ex-reitor Roberto Lobo, que preside um instituto de pesquisas sobre ensino superior. "Na pesquisa, a universidade atingiu um alto patamar e agora parece acomodada."
O presidente da ComissÃo de Planejamento da USP, Glaucius Oliva (grupo formado pela reitoria), afirmou que a queda "preocupa a universidade".
"Em parte à natural, pois os novos docentes demoram um tempo para se adaptar. TambÃm hà uma preocupaÃÃo em publicar melhor. Mas isso nÃo à a explicaÃÃo toda. Talvez estejamos um pouco lenientes."
A reduÃÃo no nÃmero de trabalhos por docente, porÃm, nÃo foi uniforme. O Instituto de FÃsica de SÃo Carlos cresceu 20% em quatro anos -foram 17 trabalhos por professor.
A mÃdia na USP Ã de 4,8. Houve queda em unidades tradicionais, como as faculdades de Medicina (-68,7%) e de Direito (-78,7%) -especialistas ressalvam que a produÃÃo tem ritmos diferentes em cada Ãrea.
O total de trabalhos publicados tambÃm caiu -de 29,1 mil para 26,2 mil. O nÃmero de docentes cresceu 9,7%.
Por contrato, os professores com dedicaÃÃo exclusiva (82,2% do total) sÃo obrigados a fazer pesquisa, alÃm das atividades de ensino. Os salÃrios variam de R$ 3.000 a R$ 9.000.
Por outro lado, em indicadores mais focados, como o nÃmero de artigos na base ISI (que abrange 12 mil revistas cientÃficas internacionais), hà aumento de 55% de 2003 a 2007. Essa base abrange principalmente as ciÃncias bÃsicas (fÃsica e quÃmica, por exemplo).

Prioridades
A USP Ã cobrada, especialmente por movimentos sociais, a elevar a cobertura do ensino superior pÃblico no Estado (sÃo 15% das matrÃculas, ante 85% do sistema privado).
Especialistas divergem sobre o papel da universidade na expansÃo na graduaÃÃo. "A USP utilizaria melhor seus recursos se focasse na pesquisa, onde à lÃder. A massificaÃÃo da graduaÃÃo pode ser feita por instituiÃÃes como as Fatecs", diz Lobo.
A USP recebe percentual fixo da arrecadaÃÃo de impostos do Estado. A previsÃo neste ano à que o valor chegue a R$ 3 bilhÃes (duas vezes os orÃamentos somados das secretarias de Cultura e Meio Ambiente).
"A questÃo à o que a USP pretende ser. Ela vem da tradiÃÃo de formar profissionais de alto nÃvel e da pesquisa e pÃs-graduaÃÃo", diz Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE e membro do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade. "Ultimamente, tem incorporado caracterÃstica de universidade de massa, o que à um erro."
Jà o professor titular da USP Renato Janine Ribeiro, ex-diretor da Capes (CoordenaÃÃo de AperfeiÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior), defende a expansÃo. Para a sociedade, diz, a universidade à uma formadora de graduandos. "Se nÃo aumentar sua graduaÃÃo, hà o risco de diminuir sua legitimidade polÃtica. Mas claro que nÃo pode prejudicar a pesquisa."
Dois especialistas afirmaram que os dados presentes no anuÃrio nÃo sÃo suficientes para concluir que hà queda na produÃÃo da universidade.
Rogerio Meneghini, especialista em cienciometria (que estuda a produtividade em pesquisa), diz que o ideal à utilizar o nÃmero de trabalhos publicados na base ISI, "um dos sistemas mais confiÃveis".
Ribeiro diz que a reduÃÃo pode tanto indicar uma "preocupante queda na produÃÃo quanto um empenho em sà considerar as publicaÃÃes mais respeitadas da Ãrea".

"O sucesso à ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo." (Sir Winston Churchill)

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