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Re: [ABE-L]: Quatro dos nossos!




Caro Zé,

Você tem toda a razão em relação a tradução que é ruim
principalmente no jargão estatístico.

Acredito que os nossos colegas estatísticos que poderiam fazer
uma tradução mais apropriada não se interessam por fazê-la
face aos honorários que devem ser reduzidos. Outros talvez porque
estão bastante envolvidos com a pesquisa acadêmica.

Além do mais, nosso capital humano é ainda muito reduzido. Mas meu ponto principal é que sua leitura é agradável.

Espero revê-lo em breve quiçá na RBRAS.

Um abraço,

Gauss





Quoting Jose Carvalho <carvalho@statistika.com.br>:

Meu caro Gauss, obrigado pela referência. Tratei de ler o livro. Sim, é um
livro de leitura amena. Todavia, são muito freqüentes e irritantes os erros de tradução. Palavras foram inventadas para traduzir expressões do inglês, que já
encontram traduções aceitas e usadas na profissão. Esse descuido é relevante.
Não darei muitos exemplos, que podem parecer cômicos, mas podem ser ruins para a estatística. O método de máxima verossimilhança foi traduzido como método de
"máxima probabilidade". Mais adiante, fala-se na verossimilhança de Fisher.
Outros termos há, que ainda não se traduziram, mas que encontraram tradução
neste livro!  Acho que o tradutor deveria valer-se da ajuda de algum
estatístico. O IME não deve ser longe de ninguém. E, com a Internet, pode-se
ter a ajuda de pessoas capazes, em qualquer distância.

Já no livro mesmo, o autor não foi nada feliz, por não ressaltar, com toda a
ênfase que se deve, o significado da aleatorização como contribuição de Fisher.
Amostragem (aleatória) tampouco é bem justificada. Comentários sobre as bases
da estatística, como método em si, são dispersos e ralos.

Tiro de memória (posso estar errado e não vou conferir agora), que Fisher
teria morrido em conseqüência de uma cirurgia no abdômen. Tenho na memória um
artigo escrito por um médico e estatístico, australiano, admirador do Fisher,
que descreveu o caso. O livro, diferentemente, relata que Fisher teria morrido
de infarto no decorrer de viagem de navio, da Índia para a Austrália. Sei
lá... mas essa eu ainda vou verificar.

Abraços. Bom fim de semana.

PS. "nem tudo que está escrito é verdadeiro. Fosse assim, eu acreditaria até
na bíblia."

Olha, vou deixar o texto acima - mas já verifiquei. Foi rápido, graças à
Internet. Cito:
http://www.questia.com/googleScholar.qst;jsessionid=KzxL2lfCppfnFDTy2Lp2Qvx13ySwzqrBYv7hQYGHyDBNdytB4g6f!-8432242!-1402025386?docId=5009629236

 Journal Article Excerpt

R. A. Fisher's Life and Death in Australia, 1959-1962.

by John Ludbrook

1. THE FALSE STORY OF FISHER'S DEATH

This essay was prompted by the mis-statement of David Salsburg (2001, p. 180)
that: "R.A. Fisher had died of a heart attack on the boat returning him to
Australia." I am told that Salsburg corrected this error in later reprintings.

Salsburg made other errors of fact in his book. For instance, he set the
episode of his title ("The Lady Tasting Tea") at a genteel dons' tea party at
Cambridge University (Salsburg 2001, p. 1). Joan Fisher Box gives the true
story. It took place, of course, in the tea room of the Rothamsted
Experimental Station in the early 1920s (Box 1978, p. 134). A Dr. Muriel
Bristol claimed she could tell whether the tea or the milk was added first in a
cup of tea. A crude experiment was done to test her claim. Fisher obviously
remembered this episode when he described the "thought experiment" that led to
what came to be known as Fisher's exact test (Fisher 1935).

2. THE TRUE STORY OF FISHER'S DEATH

The fact is that Fisher died in the Queen Elizabeth Hospital, Adelaide, South
Australia, at 7.50 p.m. on July 29, 1962, at the age of 72. I know the details
because I have perused his case notes, and I have the personal testimony of a
(then junior) surgeon who was in attendance on him. His death followed an
operation by my predecessor in the Chair of Surgery in the University of
Adelaide, the late Professor R. P. Jepson. The operation was for a three-
centimeter-diameter cancer of the sigmoid colon, invading muscle but without
lymph node involvement. Post-operatively, he developed an anastomotic leak, a
pericolic abscess, septicemia and, finally, repeated pulmonary emboli. Though
the abscess was drained...

De todo modo, vou obter um exemplar original e reler. Depois comentarei mais.


On Friday 12 June 2009 09:45:33 gauss@deinfo.ufrpe.br wrote:
Caros Redistas,

Interessante para quem gosta de história da estatística o
livro "The Lady Tasting Tea" de David Salsburg. A sua
leitura é agradável. A versão brasileira é da Editora Zahar.

No prefácio da edição brasileira, o autor cita 4 dos nossos
colegas pesquisadores, da seguinte forma:

* "Damião Silva, da UFRN, tem pesquisado métodos com uso intensivo
de computador que possam ser aplicados para determinar se a
não-resposta independe ou não das perguntas feitas";

* "Maria Eulália Vares, do CBPF, ... sondou áreas da física
com fluxo turbulento, que já foram considerados impossíveis de
modelar, mas que estão sucumbindo ante as ferramentas dos mecânicos
estatísticos";

* "Gilberto Paula, da USP, investiga os modos pelos quais as fórmulas
podem variar para diferentes valores possíveis dos fatores influentes.
Paula densenvolveu modelos para examinar as chamadas inflências locais
nas suas fórmulas gerais";

* "Pedro Morettin, da USP, tem atuado na pesquisa do uso da análise
wavelet. Morettin foi capaz de modelar efeitos sutis que estavam
além do alcançe de Fisker e Kolmogorov".

Os quatro citados são pesquisdores brasileiros muito importantes
em suas áreas de trabalho.

A mensagem principal do seu livro: "A estatística revolucionou
a ciência no século XX"!.

Eu acrescento: pena que poucos saibam disso!


Cordiais Saudações,

Gauss