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Questioning Dr Brill!



    Questioning Doctor Brill

    Quando alguem como David, Doctor Brill, nos dá a honra de participar do
nosso fórum, não podemos permitir que sua entrada tenha uma saída.  Devemos
mantê-lo aqui para mais debates.  Creio que a melhor maneira de fazer isso não
seja concordando sempre com ele, mas tentando achar uma forma de rebater suas
opiniões (o que é difícil, eu creio).  Vou me dar ao luxo de discordar dele para
manter o debate vivo.  Mesmo porque, BB e FC já acharam linda a seguinte frase
do David:

     ?Probability is for fun, but least squares are for truth, more or less?.

    Vou lembrar-me de uma amiga em conversa comigo:

    Eu: Você esta BOA?

    Ela: BOA eu sempre estou! Posso não estar BEM, às vezes!

    Creio que a frase do David pode ser boa, mas não está bem, em minha opinião. 

    Meu dileto amigo David Brillinger escreveu aquela sentença por alguma razão.
Claro!  Não quero crer que tenha sido para desmerecer os fundamentos da
estatística ou da probabilidade.  Como parece ter vindo em resposta ao meu
e-mail, que cobrava dos colegas uma preocupação com os fundamentos eu,
evidentemente, tenho de dar minha réplica. Preciso ressaltar que minha admiração
por ele não estaria apenas na mensagem escrita que fizemos, eu e o Sergio,
alguns anos passados.  Ela é efetiva até hoje!

    Nos últimos anos tenho sido o responsável por uma disciplina do último ano
da graduação.  E, evidentemente, faço com que os meus alunos pensem no futuro
que eles enfrentariam.  Conversando sobre a competição do mercado de trabalho
peço que eles definam o que é um bom estatístico para que possam se preparar
melhor para a competição.  Ao definir bem o que seja isso, um bom estatístico, a
decisão de escolher o caminho do preparo ficaria mais objetiva. 

    Quando um deles me diz que saber usar um maior número de técnicas ou método
o tornaria melhor, sou obrigado a informar que um CD - um CD do SPSS, por
exemplo - seria melhor do que ele.  Imaginem uma resposta para a pergunta ?um
aluno fazendo apenas o curso de estatística, do David por exemplo, estaria
preparado para o mercado de trabalho??.  Minha resposta seria absolutamente NÃO.
 Para usar bem os aprendizados de David esses alunos precisaram passar por
outras etapas, creio.  Tenho pensado muito nisso tudo nos últimos anos, pois
faço meus alunos de doutorado sofrerem nas disciplinas avançadas de
probabilidade, estatística e teoria da medida.   Imaginem meu constrangimento
com eles caso não discordasse de David. 

    Ah! Vou dar dois exemplos importantes para mostrar que os fundamentos devem
estar vivos a todo momento no nosso trabalho:

    1.       Tenho visto colegas testando se os resultados de dois Censos são
estatisticamente significantes.  Notem que censo deveria ser a população total -
se não é, a amostra observada não é uma amostra pensada adequadamente, mas
apenas amostra por omissão de respostas.  Note que dois é diferente de três,
sempre!  O que testamos é se uma média amostral igual a dois pode ter sido
proveniente da mesma população que produziu a outra amostra que deu média igual
a três.  Saber o que é unidade populacional e unidade amostral é parte dos
fundamentos e daí o conhecimento das probabilidades em nossas vidas de
estatístico é fundamental. 

     

    2.       Uma das questões fundamentais em bioinformática é a forma de
comparação de plataformas para medir expressão gênica.  Por exemplo, suponha que
estejamos pensando em SAGE e Microarrays.  Assim, suponha que você pegou um
indivíduo e mediu os resultados das expressões de cada gene do DNA observado. 
Você tem assim uma lista de milhares de genes com as medidas das duas
plataformas.  Então, algum colega calcula a correlação entre essas medidas e faz
um teste de hipótese para ver a significância do resultado.  Imaginem os amigos
que tínhamos apenas um indivíduo com as medidas de seu sangue para os milhares
de genes. Os diferentes genes, formando quase a população total de genes,
estariam se constituindo nas unidades amostrais neste caso.  

     Tenho outras provas de que a falta de fundamentos é que produz equívocos
como estes.

    Se os colegas lembrarem dos fundamentos, não irão cometer tal tipo de
equivoco.   Posso e devo concordar que o uso direto da probabilidade na obtenção
do resultado estatístico talvez não seja evidente.  Mas dizer que probabilidades
(ou fundamentos) "are for FUN", apenas, é muito duro para mim.  Assim devo
discordar do amigo! Tenho certeza que David tem todo o sucesso dele porque leva
a sério toda sua formação teórica em probabilidade e estatística.

    Tenho dito, bichos!!!!!!!!

    Carlinhos



Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>