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tempos que não voltam mais - Ascenso Ferreira - poeta pernambucano



Caros

Só para relaxar, é hora do cafezinho.

Marinho


* Minha Escola*

*Ascenso Ferreira*

A escola que eu freqüentava era cheia de grades como as prisões.

E o meu Mestre, carrancudo como um dicionário;

Complicado como as Matemáticas;

Inacessível como Os Lusíadas de Camões!

À sua porta eu estacava sempre hesitante...

De um lado a vida... –

A minha adorável vida de criança:

Pinhões... Papagaios... Carreiras ao sol...

Vôos de trapézio à sombra da mangueira!

Saltos da ingazeira pra dentro do rio...

Jogos de castanhas... –

O meu engenho de barro de fazer mel!

Do outro lado, aquela tortura:

"As armas e os barões assinalados!" –

Quantas orações? –

Qual é o maior rio da China? - A 2 + 2 A B = quanto? –

Que é curvilíneo, convexo? –

Menino, venha dar sua lição de retórica! –

"Eu começo, atenienses, invocando a proteção dos deuses do

Olimpo para os destinos da Grécia!" –

Muito bem! Isto é do grande Demóstenes! –

Agora, a de francês: - "Quand le christianisme avait apparu sur la terre..."

- Basta. - Hoje temos sabatina...

- O argumento é a bolo! –

Qual é a distância da Terra ao Sol? - ? !! –

Não sabe? Passe a mão à palmatória!

- Bem, amanhã quero isso de cor...

Felizmente, à boca da noite,

Eu tinha uma velha que me contava histórias...

Lindas histórias do reino da Mãe-d’Água...

E me ensinava a tomar a benção à lua nova.