[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

Produtivismo



Caros colegas:

Acho que o Pedro e evidentemente a ADUSP levantaram problemas da academia.  O
Julio mostrou uma parte do problema, mas a outra parte que é a valorização das
outras atividades acadêmicas fica sempre sem resposta.   
Nunca duvido que essas outras atividades não estejam sendo contempladas.  Mas
sempre também me pergunto qual a forma de avaliar-las. 

Todos nós sabemos os pontos fracos e fortes de nossos departamentos:  1. Onde
estão os problemas de ensino e administração e 2. Onde estão os problemas de
pesquisa e produtividade (no sentido aqui levantado).  Como então penalizar os
defeituosos do processo?  Alguém deseja fazer isso? 

Vamos mudar a direção e considerar um incentivo a quem faz bem uma ou outra
atividade.  É possível?  Como fazer? Penso que todos nós somos valorosos, pelo
menos no departamento onde trabalho.  Cada um de nós possui pontos fracos e
fortes.  Seria possível olhar o trabalho de excelência de um colega e considerar
que aquela atividade é tão ou mais importante e valorosa do que aquela na qual
temos sucesso?  

A universidade nos dá o prazer e a satisfação de sermos nós os que dão as cartas
da (auto) avaliação.  [O preço por isso é o nosso salário?] Penso sempre que
podemos sim nos auto-avaliar de forma justa.  Porque não o fazemos? 

Certa vez, conversando com um professor que se dedicou muito a administração e
realmente fez um excelente trabalho para seu departamento, conseguindo muito do
que eles possuem hoje, disse a ele que embora ele não tenha tido uma produção
científica relevante, ele por outro lado permitiu que seus colegas pudessem ter
o sucesso que hoje carregam.  Este meu amigo ficou tão bravo comigo por ter dito
aquilo, que fiquei envergonhado de minha afirmação.  Disse-me ele que tinha
muitos artigos na gaveta, mas que só não colocou para fora por não ter tempo de
revisar.  Verifiquei naquela ocasião, que mesmo aquele que merece crédito por
outras atividades, que não a de ?produtividade?, não se sente feliz com este
reconhecimento.   

Minha opinião é a de que se não resolvermos o problema das penalidades e/ou
incentivos para todas as atividades vamos continuar nos lamentando pela falta de
valorização do ensino.  Outro dia o Professor Morettin nos perguntou ?Quem está
disposto a escrever textos competentes para os cursos de graduação?? Resposta
afirmativa? Nenhuma!  Não é por falta de competência, pois vimos neste ano um
número alto de livros que foram editados no exterior, com autores nacionais. 
Estou impressionado com isso!  No entanto o número de textos nacionais é muito
inferior ao número dos produzidos no exterior.  Não digam que é por causa do
ganho que se tem com um livro no exterior.  Creio que o ?lucro? seja quase tão
pouco quanto o dos textos produzidos aqui.  

Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>