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Re: [ABE-L]: USPe-Universidade do Sistema de Pesquisa



Acredito que as discussões são muito importantes desde que o foco sejam os temas e não as pessoas que discutem... Essas ofensas direcionadas (que já ocorreram outras vezes nessa lista) só mostram que, apesar de diversos avanços, o nosso sistema de educação ainda é bastante problemático. Isso me deixa muito triste, considerando que um dia pretendo ocupar um cargo de professor universitário, cargo semelhante ao dos que trocam ofensas... 

Abraços,
Victor



Em 31 de janeiro de 2010 02:48, Luis Paulo Vieira Braga <lpbraga@im.ufrj.br> escreveu:

Você está quase chegando lá, deve até estar se lembrando de uma consulta que fiz a você há algum tempo sobre a inclusão ou não de determinado periódico na lista QUALIS. Se quiser achar que o tamanho do meu equívoco é maior do que é, trata-se de um comportamento que me afeta muito pouco, que se destina sim a desviar o foco da discussão e desqualifica-la. Deve haver mais do que zelo formal por trás desse tipo de atitude, porque o que está em discussão no primeiro parágrafo é a prioridade que se deu às publicações em periódicos indexados como caracterização de atividade dita de pesquisa. Há uma controvérsia quanto à base de periódicos, quanto à frequência de publicação, quanto às citações, tudo isso está sendo questionado tanto no Brasil, como fora do país também. A essência do primeiro parágrafo é simplesmente isso e também sobre quais universidades brasileiras podem ser classificadas como de pesquisa, já que me parece impossível que todas sejam.

A  sua resposta não é compatível com o teor da minha mensagem. Você passa ao largo das principais questões e visa apenas me atingir pessoalmente. Intimidação? Conluio? Por que será?

On Sat, 30 Jan 2010 22:35:07 -0300, Francisco Cribari wrote

> Luís Paulo, 
>
> Você escreve: "De fato troquei o nome do órgão responsável pela elaboração da lista."
>
> Não é verdade que o erro tenha se resumido a isso. Vejamos. Inicialmente, você havia escrito: 
>
> "(...) uma lista denominada QUALIS que é elaborada a pelos coordenadores de comitês assessores do CNPq, que por sua vez consultam seus pares sobre a inclusão e classificação nos padrões estabelecidos na lista."
>
> Mesmo trocando CNPq por CAPES a assertiva permanece incorreta. 
>
> Primeiro, a CAPES não tem "comitês assessores" (como o CNPq tem, formalmente). Também não tem "coordenadores de comitês assessores" (o CNPq tem). A CAPES possui *representantes de área*, que exercem papel distinto daquele exercido pelos coordenadores dos comitês assessores do CNPq. 
>
> Segundo: A lista QUALIS não é formulada pelos coordenadores de área. Ela é formulada por um grupo de trabalho, do qual o coordenador da área é apenas um membro. 
>
> Terceiro: O grupo QUALIS não consulta os pares. Ele está aberto ao recebimento de sugestões e críticas, o que é natural, mas não faz "consultas". Tais sugestões tipicamente vêm de sociedades científicas e coordenadores de pós-graduação, pelas vias institucionais, e muitas delas não são acatadas. 
>
> Recentemente nesse espaço você demonstrou desconhecimento sobre os critérios de inclusão de uma revista na lista QUALIS. As presentes incorreções se somam a tal demonstração de desconhecimento.
>
> Assim, temo que o diálogo esteja contaminado na raiz, pois tenho dificuldade em debater com quem desconhece o objeto de suas críticas. Não desejo, contudo, interromper qualquer debate. Que ele continue. Apenas reservo-me o direito de dele me abster e de fazer correções pontuais no que tange a assertivas sobre o trabalho do grupo QUALIS da Matemática e Estatística, do qual faço parte. 
>
> Saudações, 
>
> FC
>
> 2010/1/30 Luis Paulo Vieira Braga <lpbraga@im.ufrj.br>
>

Ótimo, significa que você está lendo as minhas mensagens na lista. De fato
> troquei o nome do órgão responsável pela elaboração da lista. Agora, se isto
> é motivo suficiente para desqualifcação do conteúdo da mensagem, são outros
> quinhentos. O próximo passo que você precisa dar, além de ler as mensagens
> daqueles que não pensam como você, é debater com eles, e não bloquear a
> discussão com comentários grosseiros. Mas aos poucos você chega lá.
>
> Aproveito para acrescentar os nomes de Frank Laloe e Remy Mosseri como os
> autores do artigo Avaliação Bilbiométrica de Pesquisadores de onde tirei a
> menção à base do ISI.
>
> []´s
>
> On Sat, 30 Jan 2010 18:25:43 -0300, Francisco Cribari wrote
>
> > Car*s,
> >
> > A seguinte afirmação foi feita:
> >
> > "(...) uma lista denominada QUALIS que é elaborada a pelos coordenadores
> > de comitês assessores do CNPq".
> >
> > Essa assertiva é falsa. A lista QUALIS não é elaborada pelos
> > "coordenadores de comitês assessores do CNPq". De fato, ela nada tem
> > a ver com o CNPq. Ela é elaborada por grupos de trabalho QUALIS designados
> > pelos coordenadores de área da CAPES.
> >
> > A assertiva, além de falsa, demonstra desconhecimento do objeto de
> > crítica.
> >
> > Fica a correção. Abraços, FC
> >
> > On Sat, 2010-01-30 at 17:57 -0300, Luis Paulo Vieira Braga wrote:
> > > Mudança de paradigma, ou convivência de paradigmas?
> > >
> > >
> > >
> > > O paradigma da universidade de pesquisa é um ideal que dificilmente
> > > poderia
> > > ser alcançado pelas 183 (97 públicas, 86 privados) universidades do
> > > país,
> > > acrescidas ainda de 124 centros universitários (119 privados) que
> > > potencialmente poderão se tornar universidades (dados INEP 2008). No
> > > entanto, é em relação a este paradigma que todos os estabelecimentos
> > > de
> > > nível superior estão sendo [WINDOWS-1252?]“rankeados”. A inadequação do enfoque
> > > aumenta
> > > ainda mais com a identificação de atividade de pesquisa como sendo a
> > > publicação em artigos em periódicos de uma lista denominada QUALIS que
> > >  é
> > > elaborada a pelos coordenadores de comitês assessores do CNPq, que por
> > > sua
> > > vez consultam seus pares sobre a inclusão e classificação nos padrões
> > > estabelecidos na lista. Ou seja, o sintoma passou a ser identificado
> > > com o
> > > processo. Diversos artigos têm sido publicados questionando o uso que
> > > vem
> > > sendo feito da bibliometria como forma de [WINDOWS-1252?]“rankear” indivíduos,
> > > periódicos
> > > ou instituições, o que indica não haver consenso na própria comunidade
> > > de
> > > cientistas sobre como avaliar corretamente a atividade de pesquisa. A
> > > base
> > > do Web of Science do ISI, por exemplo, não considera livros ou
> > > compêndios,
> > > trabalha com suportes temporais muito curtos e não pondera o número
> > > de
> > > autores em uma publicação. Como estar bem na fila, implica em receber
> > > bolsa,
> > > verbas e prestígio, a comunidade se organiza de forma a otimizar os
> > > critérios [WINDOWS-1252?]– publicando compulsivamente em grupo e escolhendo domínios
> > > gerais
> > > potencialmente mais referenciados. O ano de 2009 começou com um
> > > manifesto
> > > centenas de jovens pesquisadores questionando os critérios de
> > > avaliação da
> > > pesquisa e de concessão de auxílios, 2010 não está sendo diferente,
> > > outro
> > > manifesto circula com centenas de assinaturas, mais ou menos em bases
> > > semelhantes. Ora, pesquisadores são pessoas avessas à política
> > > sindical, não
> > > são como os militantes do ANDES, portanto é um indicador sério de que
> > > a
> > > caracterização da atividade de pesquisa precisa ser revista. Então vem
> > > a
> > > minha primeira indagação, se nem os pesquisadores chegaram a um
> > > consenso
> > > sobre como a atividade de pesquisa deve ser avaliada, como querer
> > > estabelecer a pesquisa como paradigma de organização da universidade?
> > >
> > >
> > >
> > > Mesmo em países desenvolvidos, alguns que até atingiram a meta de
> > > universalização do ensino superior, as universidades têm diferentes
> > > paradigmas. Sempre há aquelas com notoriedade internacional em
> > > pesquisa, mas
> > > há também as universidades tecnológicas e aquelas que formam recursos
> > > humanos de nível superior. No campo tecnológico o Brasil está mal,
> > > pois em
> > > 2008, dispunha de apenas 34 CEFETS/IFETS, um descuido que o coloca
> > > muito
> > > atrás de países ocidentais e asiáticos, pois a natureza da pesquisa
> > > realizada nessas instituições é muito distinta da pesquisa básica ou
> > > teórica
> > > contemplada no modelo de Humboldt, porém crucial para a inovação no
> > > setor
> > > industrial e de serviços. No campo da formação exclusiva de recursos
> > > humanos
> > > (centros universitários e faculdades) se encontram a maior parte das
> > > instituições de ensino superior no Brasil e quase a metade dos
> > > docentes. No
> > > ano passado tive a oportunidade de avaliar instituições de ensino no
> > > município de S.José dos Campos, pólo industrial de alta tecnologia.
> > > Pois bem
> > > na contextualização das IEs está expresso que as indústrias estão
> > > exigindo
> > > nível superior para os seus operários! Há um momento em que o egresso
> > > da
> > > universidade, que se destine ao mercado de trabalho não acadêmico, é
> > > posto a
> > > prova na suas pretensões de emprego. Nesse momento, se não estiver
> > > preparado
> > > na utilização das ferramentas correntes, fracassará diante de outros
> > > candidatos mais preparados.  E é a esmagadora maioria que se destina
> > > ao
> > > mercado profissional.  Minha segunda indagação é a de que, até quando
> > > vamos
> > > continuar ignorando formalmente os paradigmas de universidade
> > > tecnológica e
> > > universidade profissional no sistema de ensino superior brasileiro,
> > > insistindo em um modelo único de universidade voltado para a formação
> > > de um
> > > super bacharel?
> > >
> > >
> > > O último grande debate sobre a universidade brasileira ocorreu no
> > > governo
> > > FHC, dando origem à Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Superior. Na
> > > era
> > > Lula, ainda no seu primeiro mandato, o então Ministro Christóvam
> > > Buarque deu
> > > início à discussão de um anteprojeto de reforma universitária,
> > > assistido
> > > pela Fundação ORION, com a participação de representantes de diversos
> > > ministérios (uma iniciativa muito interessante) e de membros da
> > > sociedade
> > > civil. O ministro caiu, como se sabe, e a até hoje existe um
> > > ante-projeto de
> > > reforma universitária no Congresso nacional esperando que os
> > > parlamentares
> > > deliberem sobre o seu conteúdo. Mas isto não foi o pior que poderia
> > > ter
> > > acontecido, em vista da indecisão política, o governo, através de
> > > decretos
> > > presidenciais, promulgou reformas fatiadas, destinadas sobretudo a
> > > atender
> > > demanda por vagas, por salários, por recursos, sem entrar nas
> > > questões
> > > substantivas. O modelo vigente, previsto na LDBES, é um modelo
> > > heterodoxo
> > > que preconiza a convivência harmônica entre a pesquisa, o ensino e a
> > > extensão, mas que não corresponde à realidade brasileira. A maioria
> > > das IEs
> > > não têm pesquisa de natureza nenhuma, falta foco na tecnologia, o
> > > ensino de
> > > maneira geral está deixando quase a metade dos alunos para trás e a
> > > extensão
> > > é olhada como algo ridículo ou para vantagens pecuniárias (basta ver
> > > nesta
> > > lista os  comentários sobre a extensão). Vem então a minha terceira e
> > > última
> > > indagação, é possível a convivência de diferentes paradigmas em uma
> > > mesma
> > > universidade?
> > >
> > >
> > >
> > >
> > > On Sat, 30 Jan 2010 09:29:05 -0200, Carlos Alberto de Braganca Pereira
> > > wrote
> > > > O Meu amigo Zé tem razão. O que seria de nós sem os alunos.  Há uma
> > > máxima
> > > > dentre meus colegas.  "Gosto da USP apesar dos alunos!"
> > > >
> > > > Mas eis o que quiz dizer (eu não o Julio): Uma universidade nunca
> > > > vai ser de excelência sem a pesquisa.  Para não ser inútil à
> > > > sociedade, tem sim de produzir ciência e de primeira, com
> > > > competição.  Isto foi o que foi posto e não exclusivamente
> > > pesquisa.
> > > >
> > > > Saudações e obrigado, José, por me obrigar a corrigir o mal
> > > > entendido. Calinhos
> > > >
> > > > 2010/1/30 Jose Carvalho <carvalho@statistika.com.br>
> > > >
> > > >     Bem que eu quero apenas observar esta discussão. Mas, com
> > > > frequência, dá-me a vontade de me intrometer e dizer minha tolice
> > > particular.
> > > >
> > > >     Meu amigo e irmão Carlinhos, sei que V. não pensa exatamente
> > > > como parece    implicado de seu texto. Claro que a pesquisa é
> > > > necessária. Ela dá impeto a    tudo o mais na universidade (e em
> > > > centros de pesquisa). Mas não pode a    universidade viver de
> > > > pesquisa excluivamente, nem ser avaliada somente pela     pesquisa.
> > > > Já imaginaram um exército em que só houvesse combatentes?
> > > Maravilha,
> > > > é a atividade fim, certo? Então, acabemos com a intendência, com
> > > > serviços médicos, com toda a retaguarda. Os "combatentes" ficarão
> > > > descalços, famintos e desarmados! Não é à toa que existem "armas":
> > > > engenharia, infantaria,    artilharia, intendência... até
> > > > cavalaria!!!!! Uso este exemplo por que sei que todos nós,
> > > patriotas
> > > > que somos, tivemos de pagar um tempo no serviço militar,né? ... E é
> > > > uma organização consagrada, muito simples.
> > > >
> > > >     Bem, desculpem a piada, que, no fundo, é séria.
> > > >
> > > >     O ensino (outra atividade fim), a extensão e até as tarefas
> > > administrativas
> > > > são indispensáveis e devem ser valorizadas, juntamente com a
> > > pesquisa.
> > > >
> > > >     Abraços.
> > > >
> > > >     Zé C.
> > > >
> > > > Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>
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