Você está quase chegando lá, deve até estar se lembrando de uma consulta que fiz a você há algum tempo sobre a inclusão ou não de determinado periódico na lista QUALIS. Se quiser achar que o tamanho do meu equívoco é maior do que é, trata-se de um comportamento que me afeta muito pouco, que se destina sim a desviar o foco da discussão e desqualifica-la. Deve haver mais do que zelo formal por trás desse tipo de atitude, porque o que está em discussão no primeiro parágrafo é a prioridade que se deu às publicações em periódicos indexados como caracterização de atividade dita de pesquisa. Há uma controvérsia quanto à base de periódicos, quanto à frequência de publicação, quanto às citações, tudo isso está sendo questionado tanto no Brasil, como fora do país também. A essência do primeiro parágrafo é simplesmente isso e também sobre quais universidades brasileiras podem ser classificadas como de pesquisa, já que me parece impossível que todas sejam.
A sua resposta não é compatível com o teor da minha mensagem. Você passa ao largo das principais questões e visa apenas me atingir pessoalmente. Intimidação? Conluio? Por que será?
On Sat, 30 Jan 2010 22:35:07 -0300, Francisco Cribari wrote
> Luís Paulo,
>
> Você escreve: "De fato troquei o nome do órgão responsável pela elaboração da lista."
>
> Não é verdade que o erro tenha se resumido a isso. Vejamos. Inicialmente, você havia escrito:
>
> "(...) uma lista denominada QUALIS que é elaborada a pelos coordenadores de comitês assessores do CNPq, que por sua vez consultam seus pares sobre a inclusão e classificação nos padrões estabelecidos na lista."
>
> Mesmo trocando CNPq por CAPES a assertiva permanece incorreta.
>
> Primeiro, a CAPES não tem "comitês assessores" (como o CNPq tem, formalmente). Também não tem "coordenadores de comitês assessores" (o CNPq tem). A CAPES possui *representantes de área*, que exercem papel distinto daquele exercido pelos coordenadores dos comitês assessores do CNPq.
>
> Segundo: A lista QUALIS não é formulada pelos coordenadores de área. Ela é formulada por um grupo de trabalho, do qual o coordenador da área é apenas um membro.
>
> Terceiro: O grupo QUALIS não consulta os pares. Ele está aberto ao recebimento de sugestões e críticas, o que é natural, mas não faz "consultas". Tais sugestões tipicamente vêm de sociedades científicas e coordenadores de pós-graduação, pelas vias institucionais, e muitas delas não são acatadas.
>
> Recentemente nesse espaço você demonstrou desconhecimento sobre os critérios de inclusão de uma revista na lista QUALIS. As presentes incorreções se somam a tal demonstração de desconhecimento.
>
> Assim, temo que o diálogo esteja contaminado na raiz, pois tenho dificuldade em debater com quem desconhece o objeto de suas críticas. Não desejo, contudo, interromper qualquer debate. Que ele continue. Apenas reservo-me o direito de dele me abster e de fazer correções pontuais no que tange a assertivas sobre o trabalho do grupo QUALIS da Matemática e Estatística, do qual faço parte.
>
> Saudações,
>
> FC
>
> 2010/1/30 Luis Paulo Vieira Braga <lpbraga@im.ufrj.br>
>> > > nível superior estão sendo [WINDOWS-1252?]“rankeados”. A inadequação do enfoqueÓtimo, significa que você está lendo as minhas mensagens na lista. De fato
> troquei o nome do órgão responsável pela elaboração da lista. Agora, se isto
> é motivo suficiente para desqualifcação do conteúdo da mensagem, são outros
> quinhentos. O próximo passo que você precisa dar, além de ler as mensagens
> daqueles que não pensam como você, é debater com eles, e não bloquear a
> discussão com comentários grosseiros. Mas aos poucos você chega lá.
>
> Aproveito para acrescentar os nomes de Frank Laloe e Remy Mosseri como os
> autores do artigo Avaliação Bilbiométrica de Pesquisadores de onde tirei a
> menção à base do ISI.
>
> []´s
>
> On Sat, 30 Jan 2010 18:25:43 -0300, Francisco Cribari wrote
>
> > Car*s,
> >
> > A seguinte afirmação foi feita:
> >
> > "(...) uma lista denominada QUALIS que é elaborada a pelos coordenadores
> > de comitês assessores do CNPq".
> >
> > Essa assertiva é falsa. A lista QUALIS não é elaborada pelos
> > "coordenadores de comitês assessores do CNPq". De fato, ela nada tem
> > a ver com o CNPq. Ela é elaborada por grupos de trabalho QUALIS designados
> > pelos coordenadores de área da CAPES.
> >
> > A assertiva, além de falsa, demonstra desconhecimento do objeto de
> > crítica.
> >
> > Fica a correção. Abraços, FC
> >
> > On Sat, 2010-01-30 at 17:57 -0300, Luis Paulo Vieira Braga wrote:
> > > Mudança de paradigma, ou convivência de paradigmas?
> > >
> > >
> > >
> > > O paradigma da universidade de pesquisa é um ideal que dificilmente
> > > poderia
> > > ser alcançado pelas 183 (97 públicas, 86 privados) universidades do
> > > país,
> > > acrescidas ainda de 124 centros universitários (119 privados) que
> > > potencialmente poderão se tornar universidades (dados INEP 2008). No
> > > entanto, é em relação a este paradigma que todos os estabelecimentos
> > > de> > > aumenta> > > sendo feito da bibliometria como forma de [WINDOWS-1252?]“rankear” indivíduos,
> > > ainda mais com a identificação de atividade de pesquisa como sendo a
> > > publicação em artigos em periódicos de uma lista denominada QUALIS que
> > > é
> > > elaborada a pelos coordenadores de comitês assessores do CNPq, que por
> > > sua
> > > vez consultam seus pares sobre a inclusão e classificação nos padrões
> > > estabelecidos na lista. Ou seja, o sintoma passou a ser identificado
> > > com o
> > > processo. Diversos artigos têm sido publicados questionando o uso que
> > > vem> > > periódicos> > > critérios [WINDOWS-1252?]– publicando compulsivamente em grupo e escolhendo domínios
> > > ou instituições, o que indica não haver consenso na própria comunidade
> > > de
> > > cientistas sobre como avaliar corretamente a atividade de pesquisa. A
> > > base
> > > do Web of Science do ISI, por exemplo, não considera livros ou
> > > compêndios,
> > > trabalha com suportes temporais muito curtos e não pondera o número
> > > de
> > > autores em uma publicação. Como estar bem na fila, implica em receber
> > > bolsa,
> > > verbas e prestígio, a comunidade se organiza de forma a otimizar os> > > gerais
> > > potencialmente mais referenciados. O ano de 2009 começou com um
> > > manifesto
> > > centenas de jovens pesquisadores questionando os critérios de
> > > avaliação da
> > > pesquisa e de concessão de auxílios, 2010 não está sendo diferente,
> > > outro
> > > manifesto circula com centenas de assinaturas, mais ou menos em bases
> > > semelhantes. Ora, pesquisadores são pessoas avessas à política
> > > sindical, não
> > > são como os militantes do ANDES, portanto é um indicador sério de que
> > > a
> > > caracterização da atividade de pesquisa precisa ser revista. Então vem
> > > a
> > > minha primeira indagação, se nem os pesquisadores chegaram a um
> > > consenso
> > > sobre como a atividade de pesquisa deve ser avaliada, como querer
> > > estabelecer a pesquisa como paradigma de organização da universidade?
> > >
> > >
> > >
> > > Mesmo em países desenvolvidos, alguns que até atingiram a meta de
> > > universalização do ensino superior, as universidades têm diferentes
> > > paradigmas. Sempre há aquelas com notoriedade internacional em
> > > pesquisa, mas
> > > há também as universidades tecnológicas e aquelas que formam recursos
> > > humanos de nível superior. No campo tecnológico o Brasil está mal,
> > > pois em
> > > 2008, dispunha de apenas 34 CEFETS/IFETS, um descuido que o coloca
> > > muito
> > > atrás de países ocidentais e asiáticos, pois a natureza da pesquisa
> > > realizada nessas instituições é muito distinta da pesquisa básica ou
> > > teórica
> > > contemplada no modelo de Humboldt, porém crucial para a inovação no
> > > setor
> > > industrial e de serviços. No campo da formação exclusiva de recursos
> > > humanos
> > > (centros universitários e faculdades) se encontram a maior parte das
> > > instituições de ensino superior no Brasil e quase a metade dos
> > > docentes. No
> > > ano passado tive a oportunidade de avaliar instituições de ensino no
> > > município de S.José dos Campos, pólo industrial de alta tecnologia.
> > > Pois bem
> > > na contextualização das IEs está expresso que as indústrias estão
> > > exigindo
> > > nível superior para os seus operários! Há um momento em que o egresso
> > > da
> > > universidade, que se destine ao mercado de trabalho não acadêmico, é
> > > posto a
> > > prova na suas pretensões de emprego. Nesse momento, se não estiver
> > > preparado
> > > na utilização das ferramentas correntes, fracassará diante de outros
> > > candidatos mais preparados. E é a esmagadora maioria que se destina
> > > ao
> > > mercado profissional. Minha segunda indagação é a de que, até quando
> > > vamos
> > > continuar ignorando formalmente os paradigmas de universidade
> > > tecnológica e
> > > universidade profissional no sistema de ensino superior brasileiro,
> > > insistindo em um modelo único de universidade voltado para a formação
> > > de um
> > > super bacharel?
> > >
> > >
> > > O último grande debate sobre a universidade brasileira ocorreu no
> > > governo
> > > FHC, dando origem à Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Superior. Na
> > > era
> > > Lula, ainda no seu primeiro mandato, o então Ministro Christóvam
> > > Buarque deu
> > > início à discussão de um anteprojeto de reforma universitária,
> > > assistido
> > > pela Fundação ORION, com a participação de representantes de diversos
> > > ministérios (uma iniciativa muito interessante) e de membros da
> > > sociedade
> > > civil. O ministro caiu, como se sabe, e a até hoje existe um
> > > ante-projeto de
> > > reforma universitária no Congresso nacional esperando que os
> > > parlamentares
> > > deliberem sobre o seu conteúdo. Mas isto não foi o pior que poderia
> > > ter
> > > acontecido, em vista da indecisão política, o governo, através de
> > > decretos
> > > presidenciais, promulgou reformas fatiadas, destinadas sobretudo a
> > > atender
> > > demanda por vagas, por salários, por recursos, sem entrar nas
> > > questões
> > > substantivas. O modelo vigente, previsto na LDBES, é um modelo
> > > heterodoxo
> > > que preconiza a convivência harmônica entre a pesquisa, o ensino e a
> > > extensão, mas que não corresponde à realidade brasileira. A maioria
> > > das IEs
> > > não têm pesquisa de natureza nenhuma, falta foco na tecnologia, o
> > > ensino de
> > > maneira geral está deixando quase a metade dos alunos para trás e a
> > > extensão
> > > é olhada como algo ridículo ou para vantagens pecuniárias (basta ver
> > > nesta
> > > lista os comentários sobre a extensão). Vem então a minha terceira e
> > > última
> > > indagação, é possível a convivência de diferentes paradigmas em uma
> > > mesma
> > > universidade?
> > >
> > >
> > >
> > >
> > > On Sat, 30 Jan 2010 09:29:05 -0200, Carlos Alberto de Braganca Pereira
> > > wrote
> > > > O Meu amigo Zé tem razão. O que seria de nós sem os alunos. Há uma
> > > máxima
> > > > dentre meus colegas. "Gosto da USP apesar dos alunos!"
> > > >
> > > > Mas eis o que quiz dizer (eu não o Julio): Uma universidade nunca
> > > > vai ser de excelência sem a pesquisa. Para não ser inútil à
> > > > sociedade, tem sim de produzir ciência e de primeira, com
> > > > competição. Isto foi o que foi posto e não exclusivamente
> > > pesquisa.
> > > >
> > > > Saudações e obrigado, José, por me obrigar a corrigir o mal
> > > > entendido. Calinhos
> > > >
> > > > 2010/1/30 Jose Carvalho <carvalho@statistika.com.br>
> > > >
> > > > Bem que eu quero apenas observar esta discussão. Mas, com
> > > > frequência, dá-me a vontade de me intrometer e dizer minha tolice
> > > particular.
> > > >
> > > > Meu amigo e irmão Carlinhos, sei que V. não pensa exatamente
> > > > como parece implicado de seu texto. Claro que a pesquisa é
> > > > necessária. Ela dá impeto a tudo o mais na universidade (e em
> > > > centros de pesquisa). Mas não pode a universidade viver de
> > > > pesquisa excluivamente, nem ser avaliada somente pela pesquisa.
> > > > Já imaginaram um exército em que só houvesse combatentes?
> > > Maravilha,
> > > > é a atividade fim, certo? Então, acabemos com a intendência, com
> > > > serviços médicos, com toda a retaguarda. Os "combatentes" ficarão
> > > > descalços, famintos e desarmados! Não é à toa que existem "armas":
> > > > engenharia, infantaria, artilharia, intendência... até
> > > > cavalaria!!!!! Uso este exemplo por que sei que todos nós,
> > > patriotas
> > > > que somos, tivemos de pagar um tempo no serviço militar,né? ... E é
> > > > uma organização consagrada, muito simples.
> > > >
> > > > Bem, desculpem a piada, que, no fundo, é séria.
> > > >
> > > > O ensino (outra atividade fim), a extensão e até as tarefas
> > > administrativas
> > > > são indispensáveis e devem ser valorizadas, juntamente com a
> > > pesquisa.
> > > >
> > > > Abraços.
> > > >
> > > > Zé C.
> > > >
> > > > Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>
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