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FW: [ABE-L]: Mensagem do Luiz Vaz





Caros Redistas: 

Permitam-me discordar desta ultima colocacao. 
Nao vou matricular meu filho em uma escola de pivetes, 
so para marcar pontos no meu caderno ideologico. 
Nao vou internar minha esposa em um hospital em frangalhos, 
so para fazer bolito frente aos membros do partido. 
A vida nao eh assim, pelo menos a minha! 

Mas o Gauss levanta um problema importante, 
cuja solucao passa justamente (tanto no sentido 
de precisamente quanto no sentido de com justica) 
pela superacao de abordagens simplistas. 

Lembro que para a geracao dos meus pais, escola boa 
era o Ginasio do Estado. Escola particular era para 
quem nao conseguia passar pelo Exame de Admissao. 
Como hoje ocorre (ou ate ha pouco ocorria) com 
a Universidade Publica / Exame Vestibular.  
(Sera que os paraniocos, com eu, ja enxergam 
 um processo semelhante de degradacao?) 

A questao central, na minha opiniao, eh a seguinte: 
O Brasil repete incansavelmente o mesmo ciclo: 

1- Com grande esforco e merito, criar um servico 
    publico de alta qualidade, que todavia tem 
    alcance muito restrito. 

2- Massificar este mesmo servico, que se torna 
    amplamente disponivel. Todavia, este processo 
    de massificacao eh feito de uma forma que leva 
    aa completa perda de qualidade. 

Muitas forcas sociais contribuem para que assim seja, 
entre elas: 

a) Os oportunistas de sempre, que lucram com a classe 
media no desamparo, classe media que, na minha opiniao, 
eh a eterna vitima e nao culpada no processo. 

b) Os politicos populistas, por vezes bem intencionados 
ainda que tolos, por vezes autenticos pulhas. 


Qual a chave para superar esta triste sina? 

Entender que para ter servicos publicos de qualidade E 
amplo alcance, estes tem que ser << diferenciados >> 

O melhor exemplo que eu conheco, na area da educacao, 
eh o sistema de ensino basico da antiga Uniao Sovietica: 

Todo mundo tinha escola basica, onde recebia uma 
educacao minima. Nao era a Holanda, onde os filhos da 
rainha tambem vao para a escola publica, mas quebrava 
o galho. Todo mundo (ou quase) era alfabetizado.   
  
Mas, se um garoto tinha o dom para uma atividade, 
era << Selecionado >> para uma escola especial...
- Se era bom de matematica ou ciencias, iria estudar 
em uma escola apropriada, e existiam muitas;   
- Se era bom de danca, iria para a escola Bolschoi;    
- Se o garoto tinha dom para esportes, era 
<< selecionado >> para treinamento olimpico; 
etc; etc. 
 (A proposito, a Russia terminou as olimpiadas de 
  inverno em 11o lugar, um fiasco inimaginavel! 
  Ali nao se substituiu Comunismo por Capitalismo, 
  mas por bandidismo puro e simples, mas esta 
  eh outra estoria, que fica para outra vez...) 


A sociedade Brasileira parece nao ter a resiliencia 
requerida para implementar sistemas de diferenciados 
e os correspondentes mecanismos de selecao,  
explicitos e em larga escala... 

Obvio que ha uma execao: O Futebol!  
Sera que os Gavioes da Fiel aprovariam 
cota racial para Japones no Curingao? 
E cota para moradores do bairro da Mooca? 
(tutti buona gente, mesmo que com uma 
tendencia genetica a torcer pelo Palestra :-)  
   

---Julio 



> Date: Wed, 3 Mar 2010 09:28:07 -0300
> From: gauss@deinfo.ufrpe.br
> To: abe-l@ime.usp.br
> Subject: [ABE-L]: Mensagem do Luiz Vaz
>
>
>
> Prof. Gauss,
> Se observar, tudo que é público está abandonado. Hoje, os
> produtos preferidos pela população são os privados: previdência,
> hospitais, segurança, escolas, transportes e por aí vai. Gastamos
> dinheiro com tudo isso.
>
> Há descaso dos governantes, com certeza, mas a classe média
> também é responsável. Parece estranho defender esse ponto de vista,
> mas a classe média, que deveria exigir melhores serviços, cansou e os
> abandonou. Não sei o porquê desse comportamento. Talvez muita
> televisão, mensagens subliminares... A classe média é um dos melhores
> clientes que se pode ter: paga caro e não exige melhoria na qualidade
> dos serviços.
>
> Os serviços públicos só voltarão a ser bons quando as classes
> A e B voltarem a frequentar esses serviços. Afinal, são elas as
> principais formadoras da opinião pública. E, oxalá, veremos de novo
> pais de bicicleta dividirem espaço com carros de luxo. Sem qualquer
> tipo de segregação social. Nem de uma parte e nem da outra.
>
> Um fraternal abraço,
> Luiz
>
>
> -----Mensagem original-----
> De: gauss@deinfo.ufrpe.br [mailto:gauss@deinfo.ufrpe.br]
> Enviada em: terça-feira, 2 de março de 2010 20:40
> Para: abe-l@ime.usp.br; rbras@rbras.org.br
> Assunto: [ABE-L]: crime de lesa-pátria
>
>
>
> Caros Redistas,
>
> O Estado brasileiro patrocina uma grande injustiça com
> todos os brasileiros: abandonou quase por completo o
> ensino público básico e fundamental de qualidade,
> e de forma arbitrária agigantou a universidade
> pública. Entretanto, muitos dos seus cursos (aqueles de
> maior demanda) são frequentados na sua maioria por alunos
> das classes mais favorecidas.
>
> Quando morei na Inglaterra - de 1979 a 1982 -, minha filha
> Lelaine (o nome é por conta de uma música de Pat Boone
> que eu adorava) estudava numa escola pública em South
> Kensington. Ficava na escola das 9 hs às 16 hs.
>
> Eu a levava na garupa da minha bicicleta, enquanto alguns
> pais traziam seus filhos para a mesma escola em carros de
> luxo. Em outra escola pública do mesmo quarteirão,
> trabalhava como professorinha - Lady Diana -, que se
> casaria depois com o Princípe Charles.
>
> Hoje, no Brasil, existe quase um oligopólio concentrado do
> ensino privado fundamental e básico - que é infinitamente
> superior ao público -, mas que, por custar caro, não permite
> que as classes mais desfavorecidas sejam beneficiadas.
> Esse fato se constitui numa grande injustiça social - que
> nunca foi combatida pelos nossos políticos.
>
> Em nome da igualdade social, todos os brasileiros deveriam
> poder estudar e ter acesso gratuito ao bom ensino,
> principalmente na base da pirâmide escolar, sem qualquer
> dependência por conta do nível de renda familiar.
> Quantos cientistas no País vieram das classes menos
> desfavorecidas? Por certo, uma grande minoria.
>
> Entendo que essa situação é mais um crime de lesa-pátria que
> a nossa sociedade pratica, pois agride o desenvolvimento
> social do País. Qualquer estudo de mobilidade social pode
> comprovar quantitativamente o que estou afirmando.
>
>
> Cordiais Saudações,
>
> Gauss Cordeiro
>


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