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Danielle e ZÃ



Danielle,

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Sem acentos, bom o seu texto. Otimo saber que dos EUA v. continua

bem ligada a nossa rede.

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Aproveito esse email para dizer que concordo com o que o Zeh bem

enfatizou na rede: as discussoes (mesmo as mais polemicas)

sao importantes para aprimorar o nosso conhecimento ou minimizar

a nossa ignorancia. Espero voltar ao tema em 2011.

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Cordiais Saudacoes,

Gauss

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"O maior antro de corrupÃÃo no Brasil à o Senado Federal" (G. M. Cordeiro).


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Em 01/06/2010 17:12, Vermelho < vermelho2@gmail.com > escreveu:
Tive uma aluna na ENCE que, talvez, tenha sido a melhor que jà tive.
Era pobre, negra, morava longe, ou seja, aparentemente tudo contra ela.
Tinha dia que ela passava de manhà à noite com um sanduichezinho mirrado.
Mas era brilhante, serena, uma pessoa daquelas agradÃveis em tudo. Certamente, apesar das dificuldades devia ter uma famÃlia equilibrada.
Foi para um doutorado no Canadà onde se deu muito bem, como todos que a conheceram esperavam.
Infelizmente nÃo sei por onde anda.
à isso. Tem gente que nÃo fica esperando que outros resolvam seus problemas e vÃo à luta, superando a agruras.
Outros nÃo conseguem. NÃo os culpo por isso, mas que existe um caminho, existe.

Abs,

Em 1 de junho de 2010 15:56, Danielle Steffen <daniellesteffen@yahoo.com> escreveu:
Prof,

Acho antes de tudo uma tremenda sacanagem com o rapaz, nao ter possibilidade de extensao da bolsa pra ele concluir o artigo. Ele, no fim, esta trabalhando no sentido de produzir ciencia, e as bolsas sao feitas pra financiar a producao cientifica, portanto, essa inflexibilidade sobre as bolsas impoe um "calendario" de producao de ciencia que muitas vezes eh antinatural e contraprodutivo. Bom, mas isso acontece em diversas outras partes do mundo, como ja vi e experienciei.

Em segundo lugar: renda, pura e simplesmente, nao eh determinante de pobreza. Estudei com muita gente pobre, mas nenhum em uma condicao tao "periculosa" quanto a minha. Qual a diferenca entre eu e eles? Ter uma familia que "agrega renda" atraves de trabalho (no caso deles). Tinha colegas que estudavam e eram monitores como eu, mas que ao chegar na favela ou suburbio pobre e distante do centro do Rio, tinha a janta pr onta porque a mae tinha feito, e nao precisavam se preocupar em pagar luz e agua, porque os pais se viravam pra pagar. Mesmo colegas com filhos, como eu, deixavam os filhos com a mae, pra poder estudar. Essa tremenda alavancagem eh muito comum entre as camadas mais pobres da populacao no Brasil, e se voce for contabilizar o quanto essa pessoa teria que pagar para ter esses mesmos servicos, voce vera o quanto a familia agrega em renda "escondida".

Nao estou dizendo que esse seja o caso do seu aluno, e muito menos desmerecendo o esforco do rapaz. Tinha uma colega minha que morava em um suburbio humilde e era monitora tb, para poder pagar o onibus, e ajudar na casa, e era uma das melhores alunas da turma. Mas o engracado eh que ela achava a minha situacao, com marido e filhas, vivendo da bolsa de mestrado do meu marido e de monitoria minha, muito mais periclitante, justamente por nao ter suporte familiar, tao comum entre a populacao de baixa renda.

E u ma conclusao final: para ser catolico, nao se precisa ser martir, apesar de todas as igrejas terem os seus martires. Nao sei se esse exemplo desse rapaz eh bom, por mostrar forca de vontade e determinacao da parte dele, ou se eh ruim porque mostra um descaso burocratico com a formacao de pessoas realmente interessadas em produzir ciencia e conhecimento no Brasil. Nao deveria ser necessario haver martires. Pessoas como o seu orientando deveriam ser apoiadas nas jornada que ele escolheu, porque Ciencia eh uma atividade necessaria ao desenvolvimento humano. So isso.

Abs,
Danielle


De: gausscordeiro
Para: abe-l@ime.usp.br
Enviadas: Segunda-feira, 31 de Maio de 2010 21:25:22
Assunto: [ABE-L]: Um exemplo a ser seguido

Caros Redistas,


Tenho um aluno pobre que està com bolsa de mestrado hà cerca

de 2 anos que deve terminar em julho prÃximo. Ele està com praticamente
toda a dissertaÃÃo de mestrado pronta e agora comeÃou a escrever
um artigo. Falei para ele defender a sua dissertaÃÃo, mas ele
me respondeu que quer continuar trabalhando mais uns 5 (cinco)
meses (mesmo sem bolsa) para colocar mais alguns resultados no

seu trabalho.

Esse à um exemplo digno de ser seguido por todos os alunos,
principalmente, por aqueles que sà almejam o diploma.

Como foi dito aqui na rede pelo Prof. JÃlio Stern - citando
o grande Frota Pessoa: realmente o mundo à dividido
entre aqueles que agem por convicÃÃo (como meu aluno)
e aqueles que sà agem por conveniÃncia.


Cordiais SaudaÃÃes,

Gauss

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Vermelho
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