Rapidamente, Vermelho:
> Ponto 2: o
povo sabe votar sim e hoje é informado
Em primeiro lugar, é plenamente
sabido que nos confins do interiorzão do país ainda existe muito daquelas massas
que votam cegamente em quem o coroné mandar (quanto que essas massas representam
proporcionalmente ao eleitorado do país é outra discussão)...
Em segundo lugar, infelizmente o
povo não é tão informado assim: eu me lembro claramente de uma reportagem feita
pela Folha de São Paulo numa cidade do interior do Acre nas eleições de 1998. O
município em questão tinha apenas um aparelho de TV, instalado na praça
da cidade e que sintonizava apenas a Rede Globo, sem som e com muitos chuviscos
na imagem. A reportagem da Folha perguntou ao vice-prefeito da cidade se ele
conhecia os candidatos a presidente e ele respondeu "tem o Francisco Cardoso, o
barbudinho do PT e aquele narigudo que parece que se chama Diógenes
(referindo-se ao Enéas)"...
Tudo bem que isso faz doze anos
e que hoje em dia temos TV digital, internet comunitária com banda larga etc. e
tal mas, mesmo assim, tenho minhas sérias dúvidas se, fora dos centros urbanos
minimamente aparelhados, o povão sabe quem são Dilma Rousseff e José Serra
e tem informação/conhecimento suficiente para escolher conscientemente em quem
votar.
Marcelo
----- Original Message -----
Sent: Thursday, November 04, 2010 12:15
PM
Subject: Re: [ABE-L]: PIB e voto
Dois pontos:
Ponto 1: a
regra é cada pessoa um voto, com pesos iguais, independente da renda, sexo,
religião, região geográfica, ou quaisquer outras variáveis que possam ser
usadas numa eventual estratificação da população. Ponto 2: o povo sabe
votar sim e hoje é informado; o povo vota de acordo com os benefícios
recebidos e o governo Lula claramente beneficiou os mais pobres pelos
programas sociais e a classe média, na qual me incluo, melhorando salários (um
pouquinho) e mantendo a estabilidade econômica (ex: aqui no município do Rio a
região com o maior percentual de votos pró Dilma foi Penha e arredores, onde
está localizado o Complexo do Alemão local de grande programa habitacional do
PAC.).
Nós que mexemos com estatísticas sabemos que o percentual de
voto ideológico é ínfimo. Abraços.
Em 4 de novembro de 2010 08:34, Luiz Sergio Vaz <luizvaz@sarah.br>
escreveu:
Marcelo, Quanto ao seu último
parágrafo você está certo na análise. O norte de Minas foi o fiel da balança
para Dilma ganhar aqui (em MG). Em BH, deu Serra. O mapa da cidade do RJ
também é muito interessante. Serra venceu na zona sul e Dilma nas zonas
norte e baixada flumininense. Em algumas regiões essa dicotomia foi
observada e demonstrada, aqui na lista, com gráficos que associam renda a
voto. A estratégia lulista foi querer dividir o país em classes... espero
que isso não dure. Não quero ver irmãos contra irmãos para servir a
propósitos baratos de conquistas de poder.
-----Mensagem
original----- De: Marcelo L. Arruda [mailto:mlarruda@ime.usp.br] Enviada em:
quarta-feira, 3 de novembro de 2010 19:18 Para: abe-l@ime.usp.br Assunto: Re: [ABE-L]:
PIB e voto
Peço minhas desculpas a todos e em
especial ao Pledson se meu aparte parecer ofensivo mas acho que, por
estarmos numa lista de estatísticos (i.e. de pessoas com alta fluência em
matemática), não podemos deixar de observar esses números sem um mínimo de
análise crítica: somando as três regiões citadas pelo colega (Sul, SE e CO),
a candidata petista obteve uma vantagem de 275.124 votos, num universo de
66.220.176 votos contabilizados! Porcentualmente, nessas três regiões a
vantagem de Dilma Rousseff foi de 50,2% dos votos contra 49,8% de José
Serra! Uma diferença dessas (0,4%) poderia facilmente ser invertida por
frase mais inspirada da campanha serrista, uma declaração mais infeliz da
campanha dilmista ou mesmo uma mudança de decisão por parte dos eleitores
que não compareceram às urnas no 2º turno! Logo, pode-se dizer que nessas
três regiões houve um "empate virtual" e, conseqüentemente, que quem
efetivamente desempatou a peleja e decidiu a eleição a favor da Dilma foram
mesmo as regiões Norte e Nordeste.
Sendo até mais
detalhista, lembro que no norte de MG há muitas cidades que têm muito mais
características sócio-econômico-culturais de Nordeste do que de Sudeste. Se
tirarmos os votos dessas cidades do subtotal Sul+SE+CO e os passarmos para o
subtotal Norte+NE, o impacto dos votos do "Brasil do Norte" na vitória da
Dilma provavelmente será ainda mais evidente!
Saudações
democráticas, Marcelo
----- Original Message ----- From:
Pledson <mailto:pledson@ccet.ufrn.br> Guedes de
Medeiros To: abe-l@ime.usp.br Sent: Wednesday,
November 03, 2010 12:06 PM Subject: [ABE-L]: PIB e
voto
Caros,
Em relação aos resultados da eleição de domingo,
gostaria de informar que, mesmo desconsiderando os votos do Nordeste e do
Norte, regiões onde a candidata Dilma teve grande votação, ainda assim ela
seria eleita. Vejam abaixo:
Considerando apenas a região de maior PIB
do Brasil: Sudeste: Dilma 22.540.695 x Serra 20.910.091 (diferença pró
Dilma 1.690.604)
Considerando apenas as duas regiões mais
desenvolvidas (Sudeste e Sul) Sudeste: Dilma 22.540.695 x Serra
20.910.091 (diferença pró Dilma 1.690.604) Sul: Dilma 7.267.073 x Serra
8.493.558 (diferença pró Serra 1.226.485) Sudeste+Sul: (diferença pró
Dilma 404.119)
Considerando apenas três regiões do Brasil (Sudeste,
Sul e Centro-Oeste) Sudeste: Dilma 22.540.695 x Serra 20.910.091
(diferença pró Dilma 1.690.604) Sul: Dilma 7.267.073 x Serra 8.493.558
(diferença pró Serra 1.226.485) Centro-Oeste: Dilma 3.439.882 x Serra
3.568.877 (diferença pró Serra 128.995) Sudeste+Sul+Centro-Oeste:
(diferença pró Dilma 275.124)
Portanto, os votos do Nordeste e do
Norte não foram necessários para a vitória da Dilma porém, mostraram o
reconhecimento de regiões que antes eram esquecidas pelo governo Federal e
hoje recebem investimentos como NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE
PAÍS...
Aproveito para parabenizar a todas as mulheres brasileiras
que, finalmente, conquistaram o direito de, pelo voto, dirigir a 8a maior
economia do mundo (segundo projeções do FMI, em 2014 poderemos ser a
5a).
Passada a eleição, tenho certeza que todos nós desejamos um
ótimo governo para a nova presidenta do Brasil pois, se assim o for, todos
nós seremos beneficiados, independentemente da região na qual nos
encontramos.
Um abraço a todos e viva a democracia!
Prof.
Pledson Guedes de Medeiros Sala 80 - Departamento de Estatística(DEST) -
CCET - UFRN Fone: (84) 3215-3785 r39 ou (84) 3215-3716 r39; Fax: (84)
3215-3790
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