Caro Renato,
eu fui professor do Depto de Estatística da UFMG, como
você é (prof. titular), será que você realmente acredita nesta declaração:
"Talvez um comentário importante da entrevista seja:
argumentos não são sagrados, venham de quem vierem.
Eu fiquei surpreso ao chegar aos EUA e verificar que
todos os professores eram chamados pelo seu primeiro nome.
Não tem rapa-pé (é óbvio que tem hierarquia mas ela
funciona de forma diferente. Por exemplo, chefe de
depto e´realmente chefe e não um síndico de condomínio)." ?
É difícil acreditar nas pessoas quando o discurso não
corresponde à realidade. Passei alguns anos na academia
e foi triste perceber que os discursos/posturas de
vários colegas de profissão não correspondiam as suas
atitudes.
Mas enfim, isso é apenas um lamento de um recém-doutor
descobrindo os caminhos na academia brasileira ... isso
não tem importância!
Boa tarde!
Michel Silva (UnB).
Caio,
eu vi o seguinte comentário à entrevista do Nicolelis:
"Recolocando aqui o que já coloquei em outro tópico.
Em muitos aspectos tem o mesmo diagnóstico que o Niconélis.
Vamos lá:
Para melhorar a universidade no Brasil já, sem gastar:
1- Mudar já a orientação da CAPES, acabando com a orientação produtivista.
2-Acabar com os índices de "produtividade" intelectual numérica.
Quantidade de artigos. Nunca ví nada mais imbecilizante na vida. "
Isto é um absurdo. Ele obviamente não propõe descartar avaliação por mérito e,
pelo que entendo, seria muito mais rigoroso do que o que é feito hoje
em dia por aqui.
Por exemplo, ele propõe que o orçamento dos INCT sejam muito MENOS
divididos de forma que alguns (os muito produtivos pelo critério
Nicolelis) tenham muito mais para
fazer ciência (e outros tenham menos, óbvio).
Eu já submeti 3 projetos ao NIH americano, só um foi bem sucedido.
No quesito CV da equipe, o CV deve ter no máximo DUAS páginas e a lista de
papers é APENAS DOS 5 papers mais relevantes dos ultimos x anos.
Talvez seja este tipo de critério de mérito que ele tenha em mente.
Isto é não "produtivista" mas duvido que tenha acolhida entusiástica
no nosso meio.
Talvez um comentário importante da entrevista seja: argumentos
não são sagrados, venham de quem vierem. Eu fiquei surpreso ao chegar aos
EUA e verificar que todos os professores eram chamados pelo seu primeiro nome.
Não tem rapa-pé (é óbvio que tem hierarquia mas ela funciona de forma diferente.
Por exemplo, chefe de depto e´realmente chefe e não um síndico de condomínio)
Eu não concordo com algumas opiniões dele. Vejam por exemplo o seu
(muito interessante e polêmico) manifesto da ciência tropical:
http://www.viomundo.com.br/entrevistas/nicolelis-lanca-manifesto-da-ciencia-tropical-vai-ditar-a-agenda-mundial-do-seculo-xxi.html
O importante é criar e inovar. E para isto precisa ter muita idéia
errada no caminho :-)
Renato
Em 11 de janeiro de 2011 13:10, Caio Lucidius Naberezny Azevedo
<c_naber@yahoo.com.br> escreveu:
> Caros redistas.
>
> Muito interessante a entrevista enviada pelo Prof. Renato, particularmente
> as respostas do Prof. Nicolelis às perguntas
>
> "Como avaliar mérito na academia?" e "Qual é o futuro dos jovens
> pesquisadores no País?"
>
> Saudações "latentes" a todos,
>
> Caio
>
>
> ________________________________
> De: Renato Assunção <assuncao@est.ufmg.br>
> Para: alunospg@est.ufmg.br; grupoleste@est.ufmg.br; abe-Lista
> <abe-l@ime.usp.br>; rbras@rbras.org.br
> Enviadas: Terça-feira, 11 de Janeiro de 2011 11:57:31
> Assunto: [ABE-L]: entrevista completa do Nicolelis
>
> A entrevista completa (muito mais detalhada e interessante e polêmica)
> do Nicolelis esta' aqui.
>
> http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/nicolelis-diz-que-sofreu-sabotagem-nos-bastidores.html
>
>