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Deu na Folha-SP



Rio foi alertado em 2008 sobre risco de desastre em regiÃo onde 547 jà morreram

Estudo pago pelo prÃprio governo do Estado apontava necessidade de medidas para minimizar riscos de desastres

Levantamento mostra vÃrios fatores que ameaÃam a populaÃÃo; secretÃrio afirma que priorizou outras Ãreas


EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

Um estudo encomendado pelo prÃprio Estado do Rio de Janeiro jà alertava, desde novembro de 2008, sobre o risco de uma tragÃdia na regiÃo serrana fluminense -como a que ocorreu na Ãltima segunda-feira e que jà deixou ao menos 547 mortos.
A situaÃÃo mais grave, segundo o relatÃrio, era exatamente em PetrÃpolis, TeresÃpolis e Nova Friburgo, os municÃpios mais devastados pelas chuvas e que registram o maior nÃmero de mortes. Essas cidades tiveram, historicamente, o maior nÃmero de deslizamentos de terra.
O estudo apontou a necessidade do mapeamento de Ãreas de risco e sugeriu medidas como a recuperaÃÃo da vegetaÃÃo, principalmente em Nova Friburgo, que tem maior extensÃo de florestas.
O estudo apontou que PetrÃpolis e TeresÃpolis convivem com vÃrios fatores de risco diferentes -boa parte da Ãrea urbana em montanhas e planÃcies fluviais- e podem ser atingidas por desastres "capazes de gerar efeitos de grande magnitude".
Sobre Nova Friburgo, o documento relata que boa parte de sua populaÃÃo vive em Ãreas de risco. A cidade registra um dos maiores volumes de chuva do Estado do Rio.
O secretÃrio do Ambiente do Rio, Carlos Minc, disse que o mapeamento de Ãreas de risco foi feito, faltando "apenas" a retirada dos moradores, e que os parques florestais da regiÃo tambÃm foram ampliados.
O governo do Rio gastou dez vezes mais em socorro a desastres do que em prevenÃÃo em 2 010. Foram R$ 8 milhÃes para contenÃÃo de encostas e repasses Ãs prefeituras contra R$ 80 milhÃes para reconstruÃÃo.
O mesmo acontece com o governo federal, que gastou 14 vezes mais com reconstruÃÃo do que com prevenÃÃo. Neste ano, a UniÃo jà liberou R$ 780 milhÃes para ajudar locais atingidos por enchentes e recuperar rodovias.

ESTUDO
O estudo feito a pedido do governo do Estado em 2008 nÃo apontou os locais exatos de risco de deslizamentos, mas levantou as cidades com maior nÃmero de desastres naturais entre 2000 e 2007 e os nÃveis de ocupaÃÃo.
A geÃgrafa Ana Luiza Coelho Netto, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e coordenadora do trabalho, disse que o estudo tinha o objetivo de apontar regiÃes vulnerÃveis. Por isso, afirmou, nÃo foi possÃvel detalhar os pontos exatos de risco aos moradores. "A partir do estudo poderiam ter feito um detalhamento maior nas Ãr eas mais problematizadas."
Ontem, em mais uma cidade apontada no relatÃrio, Sumidouro, moradores contabilizavam os mortos. No municÃpio, com quase 90% de sua Ãrea na margem do rio, pelo menos 19 pessoas morreram. Segundo moradores, corpos foram retirados e enterrados por eles devido ao isolamento da regiÃo, que dificulta o resgate.
""Se nÃo encontrarem meu filho, eu passo o resto da minha vida tirando aquela lama de lÃ", diz a lavradora PatrÃcia dos Santos, 24, que conseguiu escapar a tempo do desabamento de sua casa.

Colaborou LUIZA BANDEIRA , enviada especial a Sumidouro



"I had the blues because I had no shoes. Until upon the street, I met a man who had no feet" (Dale Carnegie).


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