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Re: [ABE-L]: Deu na Ãpoca



Caro Francisco e demais redistas,

O problema do Brasil à que seus gestores sà agem por aÃÃes de cunho fortemente polÃtico e eleitoral. Eles nÃo se preocupam como os serviÃos bÃsicos para a populaÃÃo brasileira e nÃo agem com aÃÃes efetivas de como protegÃ-la. O exemplo recente da regiÃo serrana do Rio e o caos reinante nos hospitais pÃblicos corroboram neste sentido. Outro exemplo: o Hospital das ClÃnicas da UFPE, durante alguns dias, ficou sem o bÃsico dos bÃsicos: os elevadores e os doentes eram transportados em precÃrias condiÃÃes por meio das escadas. Isso acontece por conta do descaso do Governo Federal no repasse de verbas para a entidade. Uma parte daquele da UFRJ foi implodido, depois de ficar dÃcadas sem funcionar.

Agora voltando Ãs universidades, nÃo houve discernimento entre as variÃveis "qualidade" e "quantidade" que tÃm significados completamente diferentes para se criar tantas universidades. Se a grande maioria das universidades existentes (antes da era Lula) estavam situadas no patamar entre ruins e medianas, imaginem aquelas citadas nessa reportagem.

O Brasil deve crescer com tÃcnicos preparados para as indÃstrias e agronegÃcios e nÃo com mais bacharÃis na praÃa.

Cordiais SaudaÃÃes,

Gauss





"There is no branch of mathematics, however abstract, which may not some day be applied to phenomena of the real world" (Lobachevsky).



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Em 27/01/2011 15:34, Francisco Cribari < cribari@gmail.com > escreveu:
Fonte:Âhttp://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI204422-15223,00-CADE+A+UNIVERSIDADE+ANUNCIADA+AQUI.html
23/01/2011 - 10:57 - ATUALIZADO EM 23/01/2011 - 11:17
Cadà a universidade anunciada aqui?
O governo anunciou a maior expansÃo das universidades federais da histÃria. Mas os novos cursos estÃo funcionando com laboratÃrios sem equipamento, em lugares improvisados e com professores voluntÃrios. Como a falta de planejamento aliada à pressa eleitoral em expandir o ensino superior està prejudicando a formaÃÃo de milhares de alunos
ANA ARANHA
Ricardo Stuckert e RogÃrio Cassimiro
PROMESSA VAZIA
Acima, o terreno comprado pelo MinistÃrio da EducaÃÃo para o campus da universidade federal em Osasco, SÃo Paulo, hoje depÃsito de lixo. No detalhe, o ex-presidente Lula, em 2008, no lanÃamento da pedra fundamental da universidade, quando plantou uma muda de jequitibÃ

O governo do ex-presidente Luiz InÃcio Lula da Silva foi o que mais expandiu o acesso Ãs universidades federais na histÃria do paÃs. Em oito anos, foram anunciadas 14 universidades e 125Âcampi novos. Juscelino Kubitschek foi o Ãnico presidente a se aproximar dessa marca, com 11 universidades em cinco anos. Lula ampliou tambÃm o alcance das unidades jà existentes no mais ambicioso programa de crescimento do setor: criou mais de 80 mil vagas, 70% de aumento em relaÃÃo a 2003. Lula foi pessoalmente lanÃar e inaugurar grande parte dessas universidades, ocasiÃes em que se vangloriava sobre como o presidente sem diploma foi o que mais trabalhou pelo ensino superior. âDe todos os presidentes que o Brasil teve, uma parte foi advogado, outra foi professor. Eu, torneiro mecÃnico, jà sou o presidente q ue mais fiz universidadesâ, disse na inauguraÃÃo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais. Os nÃmeros e as imagens foram largamente propagandeados na campanha eleitoral da presidenta Dilma Rousseff, em 2010. Foram citados tambÃm no Ãltimo pronunciamento à naÃÃo, quando Lula se despediu em cadeia nacional no rÃdio e na TV com um discurso de balanÃo do governo. Nem Dilma nem Lula, porÃm, revelaram como as universidades conseguiram operar o milagre da multiplicaÃÃo.

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Gabriel Lordello
SEM PLANEJAMENTO
No alto, laboratÃrio vazio do curso de engenharia do petrÃleo, porque nÃo hà verba para comprar equipamento. abaixo, o professor Gilson Costa em seu futuro local de trabalho: um hotel onde 1.200 alunos universitÃrios vÃo ter aulas a partir de marÃo
Tamara SarÃ
RogÃrio Cassimiro
PROVISÃRIO
Acima, refeitÃrio improvisado com dois micro-ondas. Um foi comprado pelo Centro AcadÃmico e o outro emprestado pelo dono da mÃquina Xerox. Abaixo, Luana CÃndido, aluna de educaÃÃo fÃsica que cancelou pesquisa em nataÃÃo devido à falta de condiÃÃes da piscina em clube alugado
RogÃrio Cassimiro
RogÃrio Cassimiro
IMPROVISO
Professor dà aula no CEU, escola de ensino fundamental onde universitÃrios vÃo dividir espaÃo com crianÃas.

Em um giro rÃpido pelas novas universidades, nÃo à difÃcil decifrar a equaÃÃo. A expansÃo foi feita na base do improviso. Como a construÃÃo de prÃdios levaria anos, as novas universidades tiveram de recorrer a uma espÃcie de âpuxadinhoâ para receber as turmas novas. No litoral do Rio de Janeiro, alunos assistem a aulas em contÃineres. No ParÃ, 1.200 alunos vÃo estudar no espaÃo de eventos de um hotel. Algumas universidades recorreram Ãs prefeituras, que âcederamâ suas escolas municipais â em uma operaÃÃo que vira de ponta-cabeÃa as prioridades do ensino pÃblico no paÃs. A soluÃÃo mais comum foi alugar espaÃos privados, como prÃdios comerciais, colÃgios e faculdades.

A improvisaÃÃo se transformou na regra das novas universidades porque o motor da expansÃo parece ter seguido mais o ritmo da polÃtica que o da educaÃÃo. Das 88 mil vagas criadas ao longo dos oito anos de governo, 46 mil foram abertas em 2009 â um ano antes das eleiÃÃes presidenciais. Mas das 14 novas universidades anunciadas na campanha eleitoral, apenas quatro sÃo realmente novas. As outras dez eram polos de universidades jà existentes que ganharam reitoria prÃpria.

O caso que mais chama a atenÃÃo à doÂcampus da Universidade Federal de SÃo Paulo (Unifesp) de Osasco, regiÃo metropolitana de SÃo Paulo. Em abril de 2008, Lula foi à cidade para lanÃar a pedra fundamental docampus. No terreno de mais de 200.000 metros quadrados, plantou uma muda de jequitibÃ. A comitiva reunia, entre outros, o ministro da EducaÃÃo, Fernando Haddad, o prefeito de Osasco, EmÃdio de Souza, a entÃo prÃ-candidata à prefeitura de SÃo Paulo, Marta Suplicy, e o entÃo governador de SÃo Paulo, Josà Serra. Em seu discurso, Lula fez questÃo de se referir à presenÃa do deputado federal JoÃo Paulo Cunha (PT-SP), um dos rÃus do processo do mensalÃo. âSe nÃo fosse ele, essa universidade nà o sairia. Toda semana ele infernizava a vida do Fernando Haddadâ, disse Lula.

Quase trÃs anos depois, o terreno està abandonado. A placa que anunciava as instalaÃÃes està caÃda no mato, ao lado de um local que virou despejo de lixo. NÃo hà sinais da muda de jequitibÃ. Mesmo assim, a federal de Osasco foi motivo de propaganda na eleiÃÃo. De fato, as aulas vÃo comeÃar em marÃo, mas serÃo ministradas no prÃdio de uma faculdade municipal que foi desalojada pela prefeitura, a Fac-Fito, para dar espaÃo para a federal. Para abrigar os novos estudantes, os alunos da municipal foram transferidos para salas construÃdas no fundo do terreno. âà um absurdo. Eles vÃo tirar alunos de seu espaÃo sendo que a Unifesp tem um terreno hà trÃs anos para seucampusâ, diz a professora MÃrcia Massaini, professora da faculdade municipal, demitida depois de organizar protesto contra a remoÃÃo. Dos quatro cursos que a Unifesp vai oferecer em Osasco, trÃs jà sÃo oferecidos pela Fac-Fito.

O reitor da Unifesp, Walter Albertoni, diz que o terreno comprado pelo MEC, no qual jà foram gastos R$ 15 milhÃes como pagamento das primeiras parcelas, nÃo foi nem serà usado nos prÃximos anos. Segundo ele, a decisÃo à nÃo iniciar nenhuma obra enquanto nÃo terminar os outrosÂcampi, que estÃo atrasados. Ele à claro em relaÃÃo Ãs motivaÃÃes para a criaÃÃo da unidade: âA abertura doÂcampus de Osasco tem origem em uma demanda polÃticaâ, afirma. âA decisÃo surgiu de um entendimento do prefeito de Osasco com o entÃo presidente da RepÃblica e o ministro da EducaÃÃo.â

O projeto de expansÃo das federais comeÃou em 2005 e ganhou mÃsculo em 2007, com o programa para a ReestruturaÃÃo e ExpansÃo das Universidades Federais (Reuni). Com o programa, ficou determinado que apenas as universidades que apresentassem um plano de expansÃo ao MinistÃrio da EducaÃÃo teriam mais verbas para investimento. Entre o primeiro e o Ãltimo ano do governo Lula, os investimentos em ensino superior foram de R$ 10 bilhÃes para R$ 17 bilhÃes. âOu vocà estava dentro ou estava fora. Quem ia perder uma oportunidade dessa?â, diz o vice-reitor da Universidade Federal do EspÃrito Santo, Reinaldo Centoducatte. Na criaÃÃo do Reuni, todas as federais aderiram. A exceÃÃo foi a Universidade Federal do ABC, criada em SÃo Bernardo do Campo, cidade de Lula, que tem plano de investimento prÃprio.

As universidades ganharam passe livre para gastar no aluguel e adaptaÃÃo de espaÃos provisÃrios

Uma das orientaÃÃes do Reuni à tornar mais eficaz a aplicaÃÃo dos recursos do ensino superior. O Brasil, hoje, à um dos paÃses que mais gastam por aluno do ensino superior e um dos que menos gastam por aluno da educaÃÃo bÃsica â uma equaÃÃo que precisa ser mudada. Para diminuir os s custos do ensino superior, o ministÃrio determinou que a relaÃÃo de alunos por professor nas universidades deve crescer. Hoje, a mÃdia à de um professor para cada 11 alunos. A meta à que todas as universidades cheguem a 18 alunos por professor. Enquanto aumentam a carga de trabalho dos professores, porÃm, as universidades tÃm passe livre para gastar no aluguel e na adaptaÃÃo de espaÃos provisÃrios, que serÃo devolvidos a seus proprietÃrios.

Hà dois anos, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) abriu umÂcampus na cidade de Joinville antes de ter a licenÃa para construir em um terreno cedido pela prefeitura e pelo governo do Estado. As aulas comeÃaram em auditÃrios alugados na Univille, uma faculdade municipal. Com a entrada da terceira turma, neste ano, o espaÃo nÃo serà mais suficiente. Por isso, a UFSC alugou um terreno dentro da faculdade onde vai construir um pavilhÃo de 1.000 metros quadrados com salas de aula, auditÃrio e laboratÃrios. Segundo Acires Dias, diretor doÂcampus de Joinville, o pavilhÃo serà feito de aÃo para que possa ser removido. OÂcampus vai ficar no local alugado no mÃnimo mais dois anos.

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   ReproduÃÃo
Acima, âcontratoâ em que professor voluntÃrio assume disciplina de pedagogia em federal do AmapÃ

Os espaÃos provisÃrios prejudicam especialmente as turmas que precisam de laboratÃrios. Em Santos, cidade do Litoral Sul de SÃo Paulo, a Unifesp teve de fazer uma reforma na rede elÃtrica de um dos prÃdios alugados, pois nÃo atendia Ãs exigÃncias para a instalaÃÃo de equipamentos. Os cursos existem desde 2005, mas a reforma sà ficou pronta em janeiro. âAo longo destes anos, ganhamos verba para projetos, mas nÃo conseguimos instalar os equipamentosâ, afirma Odair Aguiar Junior, professor da Unifesp em Santos. âParte deles ficou dentro das caixas.â Segundo o reitor da Unifesp, Walter Albertoni, com a conclusÃo da reforma do prÃdio provisÃrio, os equipamentos poderÃo ser instalados. Mas, em junho deste ano, oÂcampus definitivo da Unifesp em Santos deverà ficar pronto. O que siginific a que os investimentos para adaptaÃÃo do prÃdio alugado sà servirÃo por alguns meses.

Problemas de laboratÃrio nÃo sÃo exclusivos de universidades que estÃo em espaÃos alugados. No novoÂcampus da Universidade Federal do EspÃrito Santo (Ufes), em SÃo Matheus, os estudantes de farmÃcia nÃo tÃm laboratÃrio de farmacologia nem farmÃcia-escola. Eliana Dias dos Santos, aluna do 4o ano, foi enviada para aprender a prÃtica em drogarias locais. âNÃo à uma boa escola. Em vez de aprender o procedimento correto, vocà jà comeÃa a conviver com prÃticas erradas, como vender remÃdio tarja preta sem prescriÃÃo.â Eliana tambÃm reclama da falta de professores. Ela està habituada com os âaulÃesâ â quando trÃs turmas ou mais assistem à mesma aula para âaproveitarâ o professor.

Para os cursos novos, o modelo incentivado à o que comeÃa com o ciclo bÃsico. Nele, alunos de cursos diferentes estudam as mesmas disciplinas nos dois primeiros anos. AlÃm de ser um modelo elogiado por educadores, reduz a necessidade de contrataÃÃo de professores, jà que, nos primeiros anos, as salas tÃm de 100 a 200 alunos. Segundo Gilma Correa Coutinho, coordenadora da terapia ocupacional da Ufes, seu curso foi aberto com apenas dois professores das disciplinas especÃficas. âEnquanto era possÃvel, nÃs cobrimos, dando mais aulas que o previstoâ, afirma. âMas agora que os alunos saÃram do ciclo bÃsico nÃo dà mais, porque as aulas exigem conhecimento especÃfico, como em geriatria e pediatria.â

O aperto à tanto que algumas universidades novas chegaram a usar um recurso bastante questionÃvel: professores voluntÃrios. Eles assumem disciplinas sem passar por concurso e sem receber salÃrio. No inÃcio de sua expansÃo, a Ufes recorreu a esse expediente. Segundo a reitoria, porÃm, a universidade nÃo usa mais esse tipo de âcontratoâ. Na Universidade Federal do AmapÃ, a prÃtica à comum. O curso de medicina, o primeiro curso superior na Ãrea do Estado, terminou o ano passado com dois professores voluntÃrios na disciplina de anatomia. TambÃm hà casos de voluntÃrios nos cursos de pedagogia, educaÃÃo fÃsica e outros. âEle nÃo passa por concurso, nÃo recebe salÃrio e nÃo tem obrigaÃÃo com nadaâ, diz a professora Marinalva Oliveira, presidente do Sindicato dos Docentes, que vai acionar o MinistÃrio PÃblico para denunciar a situaÃÃo.

O clima entre os professores da Universidade Federal do Oeste do Parà (Ufopa), criada em SantarÃm, tambÃm à de insatisfaÃÃo. O motivo à a decisÃo da universidade de criar um curso de graduaÃÃo âdois em umâ para formar professores de educaÃÃo bÃsica. A ideia à que os formandos do curso sejam capazes de assumir duas disciplinas na escola: matemÃtica e fÃsica ou histÃria e geografia. Segundo o prÃ-reitor de Planejamento da Ufopa, Aldo Gomes Queiroz, a uniÃo das graduaÃÃes responde à urgÃncia da educaÃÃo bÃsica na regiÃo. âTemos 6 mil professores de ensino fundamental e mÃdio sem diploma, e eles dÃo aula em mais de uma disciplina.â Para o professor do ciclo bÃsico da Ufopa Gilson Costa, o curso, porÃm, vai formar profissionais que s nÃo dominam nem uma disciplina nem outra. âSempre trabalhei com a interdisciplinaridade: vocà tem de ter o pà firme em uma à ¡rea para dialogar com outrasâ, afirma Costa, cientista social e engenheiro-agrÃnomo com pÃs-graduaÃÃo em economia. âMas o que estÃo fazendo aqui à um Frankenstein.â Costa diz que o curso âdois em umâ ganhou um apelido entre os professores: MatafÃsica. âMata a matemÃtica e a fÃsica.â

Anunciada pelo governo federal como uma das 14 novas universidades, a Ufopa foi criada a partir da fusÃo de um polo da Universidade Federal do Parà com a Federal Rural da AmazÃnia. Sem estrutura para os cursos novos, neste ano 1.200 alunos vÃo assistir Ãs aulas no espaÃo de eventos de um hotel de SantarÃm. No interior do Estado, as aulas serÃo em escolas municipais. Esse mesmo expediente està sendo usado pela Unifesp de Guarulhos, onde alunos de 6 a 11 anos vÃo dividir um Centro de EducaÃÃo Unificado (CEU) com universitÃrios.

Procurado, o ministro da EducaÃÃo, Fernando Haddad, nÃo respondeu aos pedidos de entrevista. Por meio de sua assessoria, disse que os problemas sÃo naturais de um processo que està no inÃcio. Alguns dos cursos novos, porÃm, jà formaram turmas sem a estrutura mÃnima. Na Ufes, o curso de engenharia do petrÃleo existe hà quatro anos e meio e ainda nÃo tem laboratÃrio. Alguns atà foram construÃdos, mas nÃo hà equipamento. Neste ano, os primeiros formandos comeÃam a procurar trabalho em empresas como a Petrobras, mas sem a formaÃÃo necessÃria. Em Santos, o curso de educaÃÃo fÃsica da Unifesp jà formou duas turmas, mas ainda nÃo tem um complexo esportivo prÃprio. Os alunos usam clubes conveniados para as atividades. âNo ano passado, descobrimos que nÃo poderÃamos usar as quadras onde treinamos porque o clube vendeu a Ãreaâ, diz Luana de Oliveira CÃndido, aluna do cu rso. Ela desistiu de um projeto de iniciaÃÃo cientÃfica em nataÃÃo por falta de piscinas adequadas para medir o tempo e o batimento cardÃaco dos nadadores.

Entre os especialistas em educaÃÃo, hà consenso de que a expansÃo das universidades pÃblicas federais à uma necessidade. Elas sÃo responsÃveis hoje por apenas 14% do nÃmero de alunos que ingressam no ensino superior. A rede privada responde por 76%. Na mÃdia, as instituiÃÃes pÃblicas continuam a ser as de maior qualidade porque, alÃm de dar aula, os professores fazem pesquisa. Aumentar o acesso à rede pÃblica federal à uma forma, portanto, de atender à necessidade do paÃs de ter um nÃmero maior de profissionais qualificados no mercado de trabalho. Mas para atender de fato a essa demanda, à preciso que essa expansÃo seja feita com planejamento para que a qualidade do ensino superior pÃblico seja preservada e os investimentos (caros) deem retorno.

âDe nada adianta criar uma universidade por decreto e depois comeÃar a preencher os cargos sem planejamento. Qual à a lÃgica desses investimentos?â, diz o cientista polÃtico Simon Schwartzman, pesquisador especializado em educaÃÃo e mercado do trabalho do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade. Para Schwartzman, a ampliaÃÃo feita nos Ãltimos anos, alÃm de nÃo ter sido planejada, reproduz alguns velhos problemas das universidades brasileiras. âO que mais vemos nas federais à a expansÃo das carreiras tradicionais. NÃo hà ligaÃÃo entre a ampliaÃÃo e os estudos sobre demanda profissional.â Segundo Schwartzman, os cursos novos deveriam ter sido planejados de acordo com a necessidade de profissionais das regiÃes do paÃs.

Por enquanto, o governo federal alardeia os nÃmeros do aumento do ingresso nas universidades. As consequÃncias da falta de planejamento podem aparecer no futuro. Uma delas està relacionada aos futuros formandos dos novos cursos: alguns com deficiÃncia de formaÃÃo, outros com especializaÃÃo em Ãreas para as quais nÃo hà demanda no mercado de trabalho. Outro problema poderà ser a continuidade do financiamento da expansÃo. O Reuni prevà investimentos apenas atà 2012. Depois disso, o orÃamento poderà voltar a cair. âNÃo hà mecanismo institucional de financiamento da expansÃoâ, afirma Roberto Leher, especialista em ensino superior da Universidade Federal do Rio de Janeiro. âSe as universidades nÃo conseguirem fazer tudo atà o fim do programa, vamos ficar com estudantes novos, mas sem instalaÃÃes e professores.â Para Leher, considerando quanto as obras estÃo atrasadas e todos os outros problemas, o paÃs poderà ter para 2013 uma bomba-relÃgio armada.

   ReproduÃÃo
Fonte: MinistÃrio da EducaÃÃo