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Re: [ABE-L]: Deu na Folha: Estatístico do Estado vende dado sigiloso



Direto no alvo!
Acho que o Jose Carvalho tem toda razao. E para mostrar o que
democracias de verdade fazem,
vejam o site da policia de San Diego (entre muitas outras) que
permitem voce fazer mapas de
pontos com a localizacao exata do endereco de crimes, escolhendo
bairro, periodo de tempo,
tipo de crime, etc. Estupro consta na lista, voce pode fazer um mapa
dos estupros ocorridos no
ultimo ano (ou mes, ou semana) no seu bairro e ver os pontos nas ruas.
Ver em http://mapping.arjis.org/main.aspx

COm isto, fica mais dificil manipular os dados, enganar a populacao,
fazer marketing.
Conheco Tulio Kahn e, sem entrar no merito da questao, sei que ele nao
era exatamente amado por
muita gente. Afinal, ele sistematizou, organizou e coordenou o esforco
de melhorias das informacoes de crime e violencia, informacoes que
foram usadas para
diminuir substancialmente a violencia em Sao Paulo. Eu nao passaria julgamentos
apressados neste caso.

Acho que vai sair na Folha de hoje texto de meu colega Claudio Beato
sobre o assunto e
apontando exatamente esta excrecencia brasileira de esconder dados que deveriam
ser publicos.

Renato

Em 2 de março de 2011 08:16, Jose Carvalho
<carvalho@statistika.com.br> escreveu:
> De fato, Kahn não é estatístico, no sentido que se dá aqui.
>
> Quero, todavia, levantar um ponto. E sem defender Kahn, nem atacando por
> eventual deslize profissional. O ponto é: que direito tem a administração
> pública de esconder dados da população? Uma democracia só funciona com
> igualdade de acesso à informação.
>
> Vejam um exemplo, tirado deste mesmo problema: acho que tenho direito a
> conhecer os dados de ocorrências policiais, em detalhe. Pois, com isso,
> poderia me orientar sobre locais onde morar, onde NÃO passar. Posso saber
> pontos perigosos de uma via pública - um trecho mais sujeito a acidentes, e
> coisas assim.
>
> Lembro-me de uma epidemia que ocorreu em São Paulo, no tempo da ditadura.
> Ela foi escamoteada do conhecimento da população, por meio de censura nos
> jornais. Disseram os do (des)governo que isso foi feito para não alarmar a
> população. Nós, contrários, achamos que foi feito para não desmoralizar o
> (des)governo.
>
> Ora, diabos, por que um funcionário público pode ter acesso privativo a
> dados estatísticos, dados obtidos com nossos recursos e que seriam muito
> benvindos em mãos de analistas eventualmente mais hábeis?
>
> Ah, precisamos de um Assange aqui. Aliás, bem diferente do que se veiculou
> que fez o Sr Kahn, o qual teria vendido os dados a uns poucos privilegiados
> (continuando assim, e da pior maneira, privilegiando alguns, em detrimento
> da divulgação ampla, geral e irrestrita).
>
> Democracia já. Habeas data para todos!!!!
>
> Abs
>
> Zé Carvalho
>
>
> Jose F. de Carvalho
> Statistika Consultoria
> +55-19-3236-7537
>
>
>
>
> Tue, 1 Mar 2011 15:04:35 -0300 , Doris Fontes escreveu:
>
> Muito infeliz o título da matéria, pois o sr. Kahn é graduado em Ciências
> Sociais e tem Mestrado e Doutorado em Ciências Políticas, nada a ver com
> estatística. Mas, só porque coordena um depto que lida com dados, é chamado
> de "estatístico". Enviei hoje logo cedinho um pedido de correção da matéria
> explicando que o cara NÃO É estatístico.
> Muitos são contra a definição legal de estatístico (por n motivos), mas
> segundo a lei N. 4739 de 1965, Estatístico é aquele que possui um Diploma de
> Curso Superior em Estatística. Além disso, para exercer a profissão de
> estatístico, existe o registro no seu Conselho Regional de Estatística
> competente. Existe também um código de ética profissional que inclui a
> guarda sigilosa de dados.
> Abraços,
> Doris
>
>
> Segue o texto todo:
> Estatístico do Estado vende dado sigiloso
>
> Túlio Kahn, coordenador da Secretaria da Segurança de SP, disponibiliza
> informações criminais por meio de sua empresa
>
> Ele já forneceu dados como furtos a pedestres na região de Campinas e os
> bens mais visados em roubos a condomínios
> MARIO CESAR CARVALHO
> DE SÃO PAULO
>
> Um funcionário do alto escalão da Secretaria da Segurança Pública de São
> Paulo vende serviços de consultoria por meio de uma empresa da qual é sócio
> e que disponibiliza dados que o governo considera sigilosos.
> O sociólogo Túlio Kahn é desde 2005 sócio-diretor da Angra Consultoria e
> Representação Comercial, segundo documentos obtidos pela Folha. Ele detém
> 50% da empresa -a outra metade é de André Palatnik.
> Desde 2003 Kahn é coordenador da CAP (Coordenadoria de Análise e
> Planejamento), o órgão que concentra todas as informações estatísticas sobre
> violência no Estado. Já atravessa três governos na função. Quem o nomeou
> para o cargo foi o secretário Saulo de Castro, no governo de Geraldo Alckmin
> (2003-2006).
> Entre outros dados sigilosos, Kahn já forneceu, por exemplo, informações
> como furtos a transeuntes na região metropolitana de Campinas e os bens que
> são levados com mais frequência nos roubos a condomínios na cidade de São
> Paulo.
> O levantamento sobre roubo a condomínios foi feito a pedido do Secovi
> (sindicato das empresas imobiliárias de São Paulo) e pago pela GR, uma das
> maiores empresas de segurança do Estado, segundo o próprio Kahn relatou
> à Folha. A GR nega ter feito pagamentos à Angra.
>
> SIGILO
> As informações sigilosas sobre a criminalidade na Grande Campinas constam de
> um relatório feito para a Agemcamp (Agência Metropolitana de Campinas),
> autarquia do Estado que auxilia o planejamento na região.
> Foi a Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A), empresa
> do governo paulista, que contratou a Angra.
> Ou seja, o governo pagou a uma empresa privada para obter dados sobre crimes
> que são desse mesmo governo.
> No relatório para a Agemcamp, a Angra oferece informações do Infocrim que
> não são públicas, as quais "permitem um maior detalhamento da situação
> criminal da cidade de Campinas".
>
> PÂNICO
> Graças aos mapas de Kahn, é possível saber em que áreas se concentram os
> roubos de veículos e os locais onde ocorrem mais roubos a condomínios.
> A secretaria se nega desde 2008 a fornecer à Folha informações similares, e
> de grande interesse público, como as ruas que concentram os roubos e furtos
> de veículos em São Paulo.
> A alegação de Kahn para a negativa é que essas informações poderiam gerar
> alarmismo entre os moradores e desvalorizar a área.
> Parte das informações criminais é publicada trimestralmente, de acordo com a
> resolução 160, que criou em 2001 as regras para divulgação de estatísticas.
> A divulgação, porém, não inclui dados estratégicos, como o local do crime.
> Com isso, não dá para se saber a rua onde se mata mais na cidade de São
> Paulo ou as faculdades que concentram o furto de veículos. Não há esse veto
> para a clientela da Angra.
>
> PREÇOS
> Os valores dos contratos da empresa de Kahn variam de R$ 80 mil a R$ 250
> mil.
> Por exemplo: um projeto de pesquisa que ensina prefeituras a fechar bares
> para reduzir a violência, que inclui acesso a dados sigilosos de boletins de
> ocorrência, está orçado em R$ 100 mil.
> Apenas uma empresa com livre trânsito no governo poderia oferecer "visitas
> às delegacias para consulta aos boletins de ocorrência". Delegacias vetam a
> consulta a boletins sob o pretexto de que haveria violação da intimidade das
> vítimas.
> Em outro projeto em que a Angra aparece como intermediária, o Sindicato das
> Empresas de Transporte de Carga de São Paulo paga R$ 7.000 a dois
> funcionários para produzir estatísticas sobre roubo de cargas dentro da CAP.
> O sindicato diz que o acordo é legal.
>
> OUTRO LADO
>
> Não violei informações e o "cliente" só patrocina estudos, diz sociólogo
>
> DE SÃO PAULO
>
> O sociólogo Túlio Kahn diz que nunca violou dados da Secretaria da
> Segurança.
> Em resposta por e-mail, ele afirma: "Não há venda de informações. Houve uma
> contratação da Angra e outras consultorias pelo governo do Estado, por
> licitação pública, através da Emplasa. O manuseio dos dados pela Angra foi
> feito sob condição de sigilo e apenas órgãos públicos tiveram acesso às
> análises".
> Segundo ele, o sigilo era preservado por "acordo verbal" com os
> pesquisadores.
> Os clientes que a própria Angra cita, como a GR, o Secovi e o Sindicato das
> Empresas de Transporte de Carga, são "patrocinadores" de projetos (contra
> roubos a condomínios e de cargas, respectivamente), diz o sociólogo.
> Kahn diz que irá "providenciar" a alteração do contrato da Angra, onde
> aparece como sócio-diretor -o estatuto do funcionalismo só permite a figura
> do sócio-cotista. "Não me ative à necessidade de alterar o contrato da
> Angra, o que vou providenciar".
> Segundo Kahn, não há conflito ético entre a sua atividade privada e seu
> trabalho público: "Os "clientes privados" apenas patrocinam os estudos, como
> forma de colaborar com as polícias e a segurança, e os dados só são
> divulgados às polícias".
>
> SALÁRIO
> Em conversa telefônica, disse que criou a empresa de consultoria por
> sugestão do governo porque a Secretaria de Segurança não conseguiu pagar um
> salário compatível com a responsabilidade que ele assumiu na CAP.
> Quando chegou ao órgão, em 2003, o salário que lhe caberia seria de R$
> 5.000. Daí a sugestão de que cobrasse por certos projetos e recebesse por
> meio de nota, conta.
> A GR diz que nunca fez pagamentos à Angra. A empresa afirma que só ajudou a
> Secretaria de Segurança a mapear melhor o problema de roubos a condomínios.
> Kahn afirma que a empresa pagou pelo estudo sobre roubos a condomínios.
> A Emplasa diz que não há mais diretores na empresa da época do contrato com
> a Angra (2008 e 2009) e que a diretoria atual não conhece o assunto para se
> pronunciar. A Agemcamp não quis comentar o caso.
> A Secretaria da Segurança Pública afirma que só vai se pronunciar após a
> publicação da reportagem. (MCC)
>
>
>
>
> Alckmin afasta funcionário por venda de dados sigilosos
>
> Atualizado às 13h03.
>
> DE SÃO PAULO
>
> O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afastou nesta terça-feira
> o sociólogo Túlio Kahn. Reportagem publicada na edição de hoje
> da Folha mostra que ele vende serviços de consultoria nos quais colocava à
> disposição de empresas dados sigilosos sobre a violência no Estado.
>
> Estatístico do Estado vende dado sigiloso
>
> "Ele [Kahn] fez um bom trabalho nessa área de estatísticas, de interpretação
> dos índices de segurança de São Paulo. É um profissional competente. Mas
> essa atividade empresarial dele é incompatível com o cargo que ocupa. Então,
> será substituído hoje de suas funções", afirmou o governador.
>
> De acordo com Alckmin, ainda não está estabelecido quem ocupará o cargo de
> Kahn. "Conversei hoje com o secretário da Segurança Pública, o Ferreira
> Pinto, e com calma ele vai escolher um substituto".
>
> Desde 2003, Kahn era coordenador da CAP (Coordenadoria de Análise e
> Planejamento), o órgão da Secretaria da Segurança Pública que concentra
> todas as informações estatísticas sobre violência. Já atravessava três
> governos na função. Havia sido nomeado para o cargo pelo secretário Saulo de
> Castro, no governo de Geraldo Alckmin (2003-2006).
>
> Como sócio da Angra Consultoria, Kahn repassa a clientes informações cuja
> divulgação é vetada, "para não alarmar o público".
>
> Entre elas, estão que tipo de bens são levados com maior frequência em
> assaltos a condomínios de São Paulo e quais os furtos mais comuns na região
> de Campinas. Os contratos da Angra chegam a até R$ 250 mil.
>
> O levantamento sobre roubo a condomínios foi feito a pedido do Secovi
> (sindicato das empresas imobiliárias de São Paulo) e pago pela GR, uma das
> maiores empresas de segurança do Estado, segundo o próprio Kahn relatou
> à Folha. A GR nega ter feito pagamentos à Angra.
>
> Kahn afirma que jamais violou dados da secretaria. Segundo Kahn, foi o
> próprio Estado que sugeriu que ele abrisse uma empresa para cobrar por
> certos projetos, pois seu salário era baixo. Alckmin nega. "Imagina se o
> governo vai recomendar alguém para ter uma atividade paralela", disse.
>
> ESTATÍSTICAS
>
> Parte das informações criminais no Estado é publicada trimestralmente, de
> acordo com a resolução 160, que criou em 2001 as regras para divulgação de
> estatísticas.
>
> A divulgação, porém, não inclui dados estratégicos, como o local do crime.
> Com isso, não dá para se saber a rua onde se mata mais na cidade de São
> Paulo ou as faculdades que concentram o furto de veículos. Não há esse veto
> para a clientela da Angra.
>
> PREÇOS
>
> Os valores dos contratos da empresa de Kahn variam de R$ 80 mil a R$ 250
> mil.
>
> Por exemplo: um projeto de pesquisa que ensina prefeituras a fechar bares
> para reduzir a violência, que inclui acesso a dados sigilosos de boletins de
> ocorrência, está orçado em R$ 100 mil.
>
> Apenas uma empresa com livre trânsito no governo poderia oferecer "visitas
> às delegacias para consulta aos boletins de ocorrência". Delegacias vetam a
> consulta a boletins sob o pretexto de que haveria violação da intimidade das
> vítimas.
>
> Em outro projeto em que a Angra aparece como intermediária, o Sindicato das
> Empresas de Transporte de Carga de São Paulo paga R$ 7.000 a dois
> funcionários para produzir estatísticas sobre roubo de cargas dentro da CAP.
> O sindicato diz que o acordo é legal.
>
> Em 1 de março de 2011 14:10, Luiz Sergio Vaz <luizvaz@sarah.br> escreveu:
>>
>> Boa tarde.
>>
>> Um estatístico daqui de MG postou o link dessa reportagem, cuja manchete
>> chama a nossa atenção. Porém, é citado no início do texto que o suposto
>> infrator é um sociólogo. A Folha poderia esclarecer o que ocorreu ?
>>
>> Estatístico do Estado vende dado sigiloso
>>
>> http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/882552-estatistico-do-estado-vende-dado-sigiloso.shtml
>> __._,_.___
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