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artigo FSP



 
Vejam a ideia  que à passada para o leitor (que em sua grande maioria desconhece o que à EstatÃstica e o seu papel nas pesquisas) atravÃs do artigo de HÃlio Schwartsman (articulista da Folha SPaulo) no Ãltimo dia 21 marÃo (Cotidiano).
 
âEstatÃsticas sÃo exatas, mas as interpretaÃÃes humanas, nÃoâ.
 
âA boa notÃcia à que a estatÃstica à inocente. Ela continua sendo uma ciÃncia exata...â
 
etc...
 
O link à http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd2103201102.htm e o texto segue:
 

ANÃLISE

EstatÃsticas sÃo exatas, mas as interpretaÃÃes humanas, nÃo

HÃLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

A chamada medicina baseada em evidÃncias se funda na estatÃstica, a qual, sendo uma ciÃncia exata, deveria ser capaz de nos fornecer algumas certezas, como responder de uma vez por todas se a terapia de reposiÃÃo hormonal deve ser utilizada.
No mundo real, contudo, nÃo sà nÃo encontramos tal nÃvel de precisÃo como ainda topamos com trabalhos que desmentem o consenso da semana anterior para, alguns meses depois, serem eles mesmos questionados por outros estudos.
A boa notÃcia à que a estatÃstica à inocente. Ela continua sendo uma ciÃncia exata. O problema à que nÃs, seres humanos (mÃdicos incluÃdos), nÃo somos muito bons em processar as informaÃÃes que ela nos fornece.
Dizemos que um trabalho tem significÃncia estatÃstica quando à improvÃvel que seus resultados tenham sido produzidos sà pelo acaso.
Mas o que entendemos por "improvÃvel"? Evidentemente, Ã impossÃvel ter 100% de certeza. De modo geral, quando temos 99% de significÃncia ou mesmo 95%, nos damos por satisfeitos e afirmamos haver evidÃncias em favor da nossa hipÃtese.
A questÃo à que raramente olhamos para o reverso desse nÃmero. No caso da significÃncia em 95%, de cada cem testes que fizermos, a estatÃstica prevà que cinco estarÃo fora de alcance, podendo apresentar qualquer resultado. Num mundo que produz milhares de trabalhos cientÃficos por semana, à uma questÃo de tempo atà que surja um estudo que contradiz os anteriores.
A "soluÃÃo" da comunidade mÃdica tem sido apostar nas metanÃlises, nas quais se avaliam grupos de estudos mais ou menos parecidos.
E as sutilezas da estatÃstica nÃo sÃo o Ãnico nem o maior problema. Por vieses neurolÃgicos diversos, as pessoas (mÃdicos inclusive) dÃo mais valor a instintos e percepÃÃes afetivamente determinadas que a dados cientÃficos.
Em "O Andar do BÃbado", o fÃsico Leonard Mlodinov conta a histÃria de um importante mÃdico que, ao comentar um trabalho de US$ 12,5 milhÃes, que praticamente demonstrava que a popular combinaÃÃo dos suplementos alimentares glucosamina e condroitina nÃo era melhor do que placebos na prevenÃÃo da artrite, insistiu em afirmar que o tratamento era possivelmente benÃfico.
Seu argumento, registrado nos arquivos da rÃdio pÃblica dos EUA: "Uma das mÃdicas da minha mulher tem um gato e ela diz que o gato nÃo se levanta de manhà sem uma dose de glucosamina e sulfato de condroitina".
Se em situaÃÃes normais jà à difÃcil trocar nossos instintos selvagens pelas abstraÃÃes dos estudos controlados, isso fica quase impossÃvel quando esses instintos sÃo reforÃados pelos cheques da indÃstria farmacÃutica.