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Deu na Folha de São Paulo, na The Economist e na Agência FAPESP



Folha de São Paulo, 30 de março de 2011

SP sobe 21 posições no ranking de produção científica por cidades

Entre 1996 e 2008, foi do 38º ao 17º lugar, diz estudo britânico

DE SÃO PAULO

São Paulo é agora a única cidade do hemisfério Sul entre as 20 que mais produzem artigos científicos no mundo, diz um novo estudo. Ela subiu 21 posições desde 1996.
Ao conseguir centralizar o rápido crescimento da atividade científica brasileira, diz a Royal Society (a academia nacional de ciência britânica), São Paulo se destaca entre as cidades em ascensão, especialmente por causa da Fapesp, órgão que fomenta a pesquisa no Estado.
Os britânicos ressaltam que a Constituição paulista obriga o Estado a repassar 1% da sua receita tributária ao órgão e cita o seu diretor científico, Carlos Henrique de Brito Cruz, dizendo que, por isso, "provavelmente nenhuma outra agência de fomento no mundo inteiro tem tal segurança e autonomia".
Eles estão preocupados, porém, com "as reduções significativas no orçamento de ciência em 2011" do país.
O Ministério da Ciência e Tecnologia deve ter um corte de cerca de R$ 1,7 bilhão.
"É preocupante, mas em São Paulo 65% do dinheiro para a ciência é estadual, contra uma média de 20% no resto do país", diz Brito.
Além disso, é citada a barreira do português, língua na qual muitos cientistas brasileiros ainda publicam, mas que é pouco amigável para a colaboração internacional.
A subida da capital paulista só foi ofuscada por cidades chinesas que também entraram no top 20, como Nanquim, que subiu 66 posições.
Além de São Paulo e Nanquim, a lista tem outras quatro cidades chinesas, cinco americanas, as cinco principais capitais europeias, Moscou, Toronto, Seul e Tóquio.
No que se refere ao crescimento chinês, o relatório sugere uma revisão da previsão de que o país ultrapassaria os EUA em número de artigos publicados depois de 2020. Pelo andar da carruagem, isso acontecerá já em 2013.


Global science research

Paper tigers

Mar 29th 2011, 15:14 by The Economist online

The countries with the biggest share of academic citations

SCIENCE is becoming bigger and more global. That, at least, is the conclusion of a report published by Britain's Royal Society, the world’s oldest scientific academy. Emerging scientific nations are gaining influence, as measured by how often their researchers get cited in peer-reviewed journals. China and Spain, with 4% and 3% of global citations in 2004-2008, respectively, pushed Australia and Switzerland out of the top ten for the previous five years. Countries like the United States and Britain retain the the most clout, though. Together they still account for 38% of global citations in 2004-2008, down from 45% in the previous five years. Boffins the world over are also citing more eagerly, on average, than they used to. Citations grew by 55% between 1999-2003 and 2004-2008. Meanwhile, the number of published papers grew by just 33%. The growth in citations could be partly down to an increase in the proportion of published papers that are the product of international collaboration to 35% of the total, up from 25% 15 years ago.


Fonte: http://www.economist.com/blogs/dailychart/2011/03/global_science_research


Especiais

Potências científicas emergentes

30/3/2011

Agência FAPESP – A ciência dos países em desenvolvimento é destaque no relatório Knowledge, Networks and Nations: Global scientific collaboration in the 21st century, produzido pela Royal Society, a academia de ciências do Reino Unido, e divulgado no dia 28.

De acordo com o documento, Brasil, China, Índia e Coreia do Sul estão “emergindo como atores principais no mundo científico para rivalizar com as superpotências tradicionais” – Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão.

Na China, o investimento em pesquisa e desenvolvimento tem crescido a uma média de 20% ao ano desde 1999, chegando aos US$ 100 bilhões (ou 1,44% do PIB) em 2007. E o país pretende investir ainda mais, alcançando um investimento no setor de 2,5% do PIB até 2020.

“O crescimento da China é sem dúvida o mais impressionante, mas Brasil, Índia e Coreia do Sul estão rapidamente no mesmo caminho e (com base na simples extrapolação de tendências existentes) poderão ultrapassar a produção [científica] da França e do Japão no início da próxima década”, disse o relatório.

“O Brasil, na linha de sua aspiração de se tornar uma ‘economia do conhecimento natural’, com base em seus recursos naturais e ambientais, está trabalhando para aumentar o investimento em pesquisa de 1,4% do PIB, em 2007, para 2,5%, em 2022”, apontou o relatório – segundo dados do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o país aplicou 1,1% do PIB em ciência em 2007.

O documento também identifica outros países que estão se destacando no cenário internacional, ainda que não tenham uma sólida base no setor, como Cingapura, Irã, Tunísia e Turquia.

“O mundo científico está mudando e novos atores estão surgindo rapidamente. Além da emergência da China, notamos evoluções no Sudeste Asiático, no Oriente Médio e no norte da África, entre outros. O aumento da pesquisa e da colaboração científica, que pode nos ajudar a encontrar soluções para os desafios globais, é muito bem-vindo”, disse Sir Chris Llewellyn Smith, que presidiu o grupo consultor do estudo.

“Os dados do relatório da Royal Society são interessantes e registram o progresso que o Brasil vem tendo nos últimos 20 anos no aumento de sua produção científica. Alguma cautela deve ser adotada entretanto, pois, após 2008, com a crise econômica mundial, pode ter havido mudanças nas tendências extrapoladas. Além disso, o relatório parece ter se baseado muito em fontes secundárias em vez de usar as fontes primárias de dados, que seriam mais confiáveis”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.

Artigos publicados

Uma grande variedade de dados foi analisada para o levantamento, incluindo tendências no número de publicações científicas produzidas por todos os países.

Os dados de publicações e citações foram produzidos e analisados em colaboração da Royal Society com a Elsevier, utilizando a base Scopus e resumos da literatura científica global analisada por pares.

Os dados indicam mudanças na autoria dos artigos científicos entre os períodos de 1993-2003 e 2004-2008. Embora os Estados Unidos ainda continuem na liderança, sua parcela na produção científica mundial caiu de 26% para 21% entre os períodos. A China, por sua vez, passou de sexto para o segundo lugar, pulando de 4,4% para 10,2% do total. O Reino Unido continua em terceiro, mas com queda de 7,1% para 6,5%.

O relatório da Royal Society também avaliou dados referentes a citações dos artigos, indicador frequentemente usado para avaliar a qualidade das públicações e o reconhecimento dos trabalhos dos pesquisadores por seus pares.

Nos dois períodos analisados, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar no ranking, seguidos pelo Reino Unido. Mas os dois tiveram queda nos números apresentados, enquanto se percebe o crescimento dos países emergentes nas citações, especialmente da China.

Concentração da pesquisa

O relatório destaca também a concentração das atividades científicas dentro dos países, como nos Estados Unidos, onde três quartos do investimento em ciência e tecnologia estão concentrados em dez estados, com a Califórnia sozinha sendo responsável por mais de um quinto do total nacional.

“Na maioria dos países há concentração da atividade de pesquisa em determinados locais. Moscou responde por 50% dos artigos publicados na Rússia; Teerã, Praga, Budapeste e Buenos Aires chegam a 40%, e Londres, Pequim, Paris e São Paulo, a 20% da produção nacional”, apontou.

De acordo com o relatório, o notável crescimento de São Paulo, que pulou, na última década, 21 posições na lista das cidades que mais publicam artigos científicos no mundo, “reflete o rápido crescimento da atividade científica no Brasil e o papel da cidade como a capital do estado com a mais forte tradição científica”.

Nesse ponto, a publicação destaca a definição, pela Constituição do Estado de São Paulo de 1947, de um orçamento próprio para a FAPESP, baseado na transferência de 0,5% do total da receita tributária do Estado, percentual posteriormente elevado para 1%, pela Constituição de 1989.

Segundo o texto, na busca competitiva global por investimentos em pesquisa e desenvolvimento, instalações e talentos científicos, são cidades e regiões, e não países, as unidades mais relevantes.

“As cidades e regiões líderes científicas são bem-sucedidas porque facilitam o intercâmbio entre instituições e organizações. Elas geralmente oferecem uma concentração elevada de talento diversificado, capaz de apoiar uma economia baseada no conhecimento”, indicou.

Colaboração internacional

A publicação também enfatiza a crescente importância da colaboração internacional na condução e no impacto da ciência global e sua capacidade para resolver desafios globais, tais como segurança energética, mudanças climáticas e perda de biodiversidade.

O relatório concluiu que a ciência está se tornando cada vez mais global, com pesquisas cada vez mais extensas e conduzidas em mais locais. A colaboração tem crescido rapidamente e atualmente 35% dos artigos publicados em periódicos internacionais resultam da cooperação entre pesquisadores e grupos de pesquisa. Há 15 anos, o total era de 25%.

“A ciência é um empreendimento global. Hoje, há mais de 7 milhões de pesquisadores no mundo, que utilizam um investimento combinado em pesquisa e desenvolvimento superior a US$ 1 trilhão (um aumento de 45% desde 2002), leem e publicam em cerca de 25 mil periódicos científicos por ano”, indicou.

“Esses pesquisadores colaboram uns com os outros, motivados pelo desejo de trabalhar com as melhores pessoas e instalações no mundo, e pela curiosidade, buscando novos conhecimentos que permitam avançar seu campo ou lidar com problemas específicos.”

Língua da pesquisa

O relatório ressalva que, embora o inglês seja a “língua franca” da pesquisa, há ainda barreiras linguísticas importantes para a ciência mundial. No Brasil e na América Latina, por exemplo, há dificuldade em avaliar o impacto da pesquisa produzida no país e na região, uma vez que a maioria dos artigos é publicada em português ou espanhol e não é capturada pelas métricas globais.

As barreiras impostas pelas diferentes línguas ajudam a fazer com que a colaboração entre os países em desenvolvimento ainda seja mínima. “Enquanto as relações entre os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) cresceram recentemente, elas perdem em comparação com o volume da colaboração entre esses países individualmente e seus parceiros no G7”, apontou.

O relatório Knowledge, Networks and Nations: Global scientific collaboration in the 21st century está disponível em: http://royalsociety.org/policy/reports/knowledge-networks-nations.
 

Fonte: http://www.agencia.fapesp.br/materia/13655/especiais/potencias-cientificas-emergentes.htm