Se me permitem, esse assunto me
lembra muito a discussão que volta e meia ressucita nos meios esportivos sobre a
adequação/correção ou não dos termos "bicampeão", "tricampeão", "tetracampeão"
etc. para conquistas não consecutivas.
Em 1998, quando a expectativa da
população brasileira era pela conquista do pentacampeonato mundial na França,
muitos defendiam que, tendo vencido a Copa em 1994 e perdido em 1990, o Brasil
poderia no máximo ser bicampeão naquele torneio.
Às vésperas da famigerada final,
o prof. Pasquale Cipro Neto publicou uma coluna na Folha de São Paulo
argumentando com perfeição (embora eu ache mais abrangente somar àquele
argumento uma linha paralela de raciocínio não abordada naquela coluna) a
favor de que era, sim, aceitável/correto utilizar o termo pentacampeão caso
o Brasil vencesse aquela Copa.
Depois desse episódio, eu, que
já tinha o prof. Pasquale em altíssima conta, passei a tê-lo como parâmetro de
correção. Entre os extremos da ortodoxia exagerada dos lingüistas do tempo do ph
e a liberalidade exacerbada dos gramáticos do século XXI, o prof. Pasquale me
parece ser o melhor ponto médio possível.
E eis que, nesta virada de 2010
para 2011, nas proximidades da eleição e da posse de Dilma Rousseff, nova coluna
do prof. Pasquale é publicada autorizando o uso da palavra "presidenta"! Agora,
para mim, não há mais discussão sobre o assunto: "presidente" e "presidenta" são
igualmente aceitáveis e ponto final.
A quem interessar posso linkar
ou enviar as citadas colunas e a minha linha de raciocínio paralela (acerca
da adequação do termo pentacampeão para quem ganha cinco títulos não
necessariamente consecutivos).
Marcelo
----- Original Message -----
Sent: Sunday, May 29, 2011 1:34 AM
Subject: Re: [ABE-L]: olha a
vernácula
Apesar da palavra "Presidenta" me desagradar, o português está
correto.
Existem ambas as palavras "Presidente" e "Presidenta" e, neste caso,
ambas seriam adequadas.
2011/5/28 <cpereira@ime.usp.br>
Acabo de receber essa mensagem que gostaria de passar para
osredistas. Desculpem-me se já tinham recebido essa mensagem
anteriormente. Carlinhos
O
"Aurélio" deve estar se remoendo no seu
túmulo...
"SUA EXCELÊNCIA, A SENHORA PRESIDENTA
DILMA"
Agora, o Diário Oficial da União adotou o vocábulo presidenta
nos atos e despachos iniciais de Dilma Rousseff.
As feministas do
governo gostam de presidenta e as conservadoras (maioria) preferem
presidente, já adotado por jornais, revistas e emissoras de rádio e
televisão, final os veículos de comunicação tem a ética de escrever e falar
certo.
* * *
Na verdade, a ordem partiu diretamente de Dilma:
ela quer ser chamada de Presidenta. E ponto final.
Por oportuno, vou
dar conhecimento a vocês de um texto sobre este assunto e que foi enviado
pelo leitor Hélio Fontes, de Santa Catarina, intitulado ?Olha a
Vernácula"
Vejam:
No português existem os particípios ativos
como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar
é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é
existente, o de mendicar é mendicante.
Qual é o particípio ativo do
verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente.
Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com
capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à
raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, à pessoa que preside é
PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que
tenha.
Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz a
estudante, e não "estudanta"; se diz a adolescente, e não "adolescenta"; se
diz a paciente, e não "pacienta".
Um bom exemplo seria:
"A
candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que
imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos
vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta
política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizantas, não tem o
direito de violentar o pobre português, só para ficar
contenta."
Assim ela pareceria mais inteligenta e menos
jumenta.
Carlos Alberto de Braganca
Pereira <cpereira@ime.usp.br>
-- Rodolfo Lourenzutti Mestrando em Estatística pela
UFMG. Bacharel em Estatística pela
UFES.
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