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Re: [ABE-L]: Ciência à deriva



SO um comentario a respeito da contratacao de professores nas universidades dos EUA: existe uma norma tacita (nao escrita) em que nao se contrata um aluno imediatamente formado na PHD pela propria universidade que o formou. Ele pode (e conheco alguns casos que isso aconteceu) vir a ser professor da universidade que o formou, mas primeiro tem que trabalhar em outros lugares, por pelo menos uns 2 anos, para mostrar que consegue estabelecer uma carreira como academico sem a influencia do ambiente da universidade em que estudou.

Abs,
Danielle


De: Basilio de Bragança Pereira <basilio@hucff.ufrj.br>
Para: Luis Paulo Vieira Braga <lpbraga@im.ufrj.br>
Cc: Doris Fontes <dsfontes@gmail.com>; abe-Lista <abe-l@ime.usp.br>
Enviadas: Domingo, 26 de Junho de 2011 0:02
Assunto: Re: [ABE-L]: Ciência à deriva

Concordo plenamente e infelizmente nao vejo saida a curto prazo.
No longo prazo so confio na ciencia e tecnologia , como no recente caso dos medicos do Estado de Sao Paulo e a solucao do Hospital das Clinicas para verificar frequencias ( cameras e ponto com impressao digital)
So vamos progredir porque o mundo vai progredir e nao por mudanca de atitudes nossas ,brasileiros
Basilio

Em 24 de junho de 2011 16:58, Luis Paulo Vieira Braga <lpbraga@im.ufrj.br> escreveu:
Muito oportuno o artigo de Rogério Cezar de Cerqueira Leite, em particular os
4 pontos listados por ele são basilares, e vejo com tristeza como eles
descrevem o perfil atual da UFRJ.


 1 - O  órgão máximo no Brasil, o conselho universitário, é constituído
> essencialmente por membros da corporação interna (70 na Unicamp e
> cem na USP), enquanto nas grandes universidades do exterior o órgão
colegiado> supremo é formado por uma grande maioria de cidadãos prestantes
> externos à universidade (entre dez e 15), frequentemente empresários,
>  dirigentes de instituições da sociedade civil etc.

Na UFRJ o representante dos ex-alunos no CONSUNI, na gestão que ora se
encerra, era o diretor da Escola de Engenharia. O motivo para esse absurdo era
de natureza política para garantir a maioria da bancada da Reitoria. Ou seja
pioraram ainda mais o que já estava ruim...

 2 - Enquanto no Brasil eleições de reitores e diretores se fazem entre e por
> grupelhos da corporação interna, desnaturando a atividade acadêmica,
> nas boas universidades do exterior o conselho escolhe um comitê de
> busca para procurar seus reitores e diretores, principalmente fora
> da universidade.

Desnecessário dizer o quanto lamentável foi o processo eleitoral na UFRJ, com
manipulações de datas, pressões sobre as diretorias, promessas de cargos e
benfeitorias, enfim uma miniatura das eleições no país. Importa muito a figura
do reitor, pois inspira o corpo social da universidade. O reitor que ora
encerra o seu segundo termo, após eleger o sucessor, é um político nato,
estrategista e duelista temível, porém não é um criador ou produtor de
conhecimento.

 3 - No Brasil, tudo favorece a endogenia ("inbreeding"), enquanto no exterior
uma pluralidade de mecanismos é  adotada para eliminá-la em todos os níveis da
carreira universitária. São escolhidos fora da universidade os professores
titulares e, por vezes, os associados.

Totalmente fora de controle o casamento entre primos, irmãos, e demais
parentes. Em algum momento a genética vai dar o troco.

 4 - Finalmente, nas  universidades americanas o pesquisador-docente só
alcança  estabilidade, e assim mesmo precária, no fim da carreira; aqui,
>  começa como vitalício. Sabemos, portanto, por que nossas
> universidades são deficientes. Resta ver se temos vontade política
> para mudar, o que não fizemos nesse intervalo de 35 anos.

Todas as espertezas cometidas ora pelo governo, ora pelos sindicatos, ora
pelos docentes destruíram a carreira docente. Hoje se algum docente dedicado à
DE for pedir um aumento de salário vai ouvir sugestões como: arruma uma bolsa,
faz uma consultoria, se aposenta e faz outro concurso, abre uma empresa e bota
um laranja, assim por diante...

> ------------------------------
> *ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE*, 79, físico, é professor emérito
> da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), presidente do
> Conselho de Administração da ABTLuS (Associação Brasileira de
> Tecnologia de Luz Síncrotron) e membro do Conselho Editorial da *Folha*.
>




--
Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
*UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
*Titular Professor of  Bioestatistics and of Applied Statistics
*FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
*Tel: 55 21 2562-7045/7047/2618/2558
www.po.ufrj.br/basilio/
*MailAddress:
COPPE/UFRJ
Caixa Postal 68507
CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
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