[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

Re: RES: [ABE-L]: O intelecto independe do sexo



Caros,

Sem acentos, muito bons os pontos da Danielle. O preconceito contra as
mulheres eh muito maior nas cidades pobres do Nordeste, contemplando algumas
das variaveis explicativas bem citadas pela Danielle. Entretanto, nessas cidades
o buraco eh muito mais embaixo.

A jornada de trabalho nao eh cumprida, muitas trabalham 12 horas por dia
(6 dias por semana) sem receber hora extra, os micro-empresarios nao assinam
a carteira das mulheres, o salario minimo nao eh obedecido e por aih vai.

Nao acredito que exista separacao ou preconceito na nossa academia quanto ao sexo.

Cordiais Saudacoes,

Gauss




"There is no branch of mathematics, however abstract, which may not some day be applied to phenomena of the real world" (Lobachevsky).



Â




Em 22/09/2011 23:39, Danielle Steffen < daniellesteffen@yahoo.com > escreveu:
Caros,

O problema do salario ser menor nao reside apenas em preconceito. As empresas contratam pensando que as mulheres que trabalham estao em idade fertil, vao ficar afastadas por tempos para licenca saude e licenca maternidade (e vao ter que ser substituidas por esse periodo, tomando tempo de treinamento de um funcionario temporario ou sobrecarregando funcionarios ja existentes com realocamento de funcoes), enquanto o homem nao tem essa situacao. Alem disso, preferencialmente elas faltam mais no trabalho por causa de doenca na familia, entre outras coisas.

Bom, ha outros fatores como nao ser tao incomum, em casais em que os ambos trabalho, que o commitment da mulher com o emprego em menor que o do marido. Explico melhor: elas se sentem mais confortaveis para sair e procurar outros empregos, ficando parte do tempo desempregadas durante a busca, ou mesmo engolirem menos sapo, porque o breadwinner regular dentro da familia ainda eh o homem, ele que tem a principal responsabilidade de trazer o sustento da casa (seja isso acordado tacitamente entre o casal, ou implicitamente, via tradicao ou habito). Alem disso, o mais comum eh que, quando o marido recebe promocao e/ou outro emprego e precisa mudar de cidade, a familia muda-se inteira (e a mulher deixa o emprego), enquanto o caso simetrico eh bastante incomum.

Portanto, tem muito mais fatores que as empresas usam pra calcular os salarios que simplesmente machismo ou outras coisas do tipo. Alias, enquanto houverem feministas "de conveniencia", que acham interessante essa posicao do macho breadwinner e da mulher trabalhando, mas sem a mesma premencia e urgencia dos homens, mulheres que realmente sao breadwinners continuam sendo prejudicadas, como nos bureaus de credito negativo.

Listei alguns dos fatores que cansamos de discutir aqui em casa. Inclusive parte deles me deixa realmente estressada, porque sendo breadwinner em parte da minha vida, tive que arcar com salarios menores, dado os limitantes acima. E tb meu marido foi muito discriminado por levar a serio a divisao completa das tarefas do household, principalmente em relacao aa criacao das meninas. Mas minhas filhas viverao um cenario melhor, and so on.
Abs,
Danielle

De: Maurilio
Para: abe-l@ime.usp.br
Cc: gauss@de.ufpe.br
Enviadas: Quinta-feira, 22 de Setembro de 2011 20:13
Assunto: RES: [ABE-L]: O intelecto independe do sexo

Gauss,
Infelizmente esse preconceito nÃo existe somente nas cidades menos
desenvolvidas do Nordeste. Em graus diferentes, esse preconceito existe em
todas as cidades brasileiras.

O artigo abaixo retrata bem isso:

BATISTA, NatÃlia N. F.; CACCIAMALI, Maria Cristina; Diferencial de salÃrios
entre homens e mulheres segundo a condiÃÃo de migraÃÃo. Revista brasileira
de Estudos Populacionais, Rio de Janeiro, v. 26, n. 1, p. 97-115, jan./jun.
2009 .

http://www.scielo.br/pdf/rbepop/v26n1/v26n1a08.pdf

Abs,

Maurilio Soares.



-----Mensagem original-----
De: gauss@de.ufpe.br [mailto:gauss@de.ufpe.br]
Enviada em: quinta-feira, 22 de setembro de 2011 17:49
Para: abe-l@ime.usp.br
Assunto: [ABE-L]: O intelecto independe do sexo

Caros Redistas,

Todos sabemos que as mulheres brasileiras desempenham, hà mais de 30 anos,
quase todas as funÃÃes que os homens tÃm na sociedade. Infelizmente,
existem preconceitos contra as mulheres nas cidades menos
desenvolvidas do Nordeste e elas atà ganham, em mÃdia, menos do
que os homens.

Na Ãpoca dos meus avÃs, as mulheres eram talhadas apenas para o
casamento e os trabalhos decorrentes de cuidar e proteger a famÃlia.
Na minha turma de formandos (1974) da Escola de Engenharia da UFPE
haviam apenas 8 mulheres e 167 homens. Os tempos, felizmente,
mudaram!

Em vÃrias graduaÃÃes, os nÃmeros de mulheres atà mesmo superam os homens,
Medicina, Psicologia e EstatÃstica sÃo bons exemplos. Em vÃrios
Departamentos de EstatÃstica do PaÃs, as mulheres representam a grande
maioria, UFBA e UEM sÃo apenas dois exemplos, e elas tocam as atividades
de pesquisa e ensino de forma tÃo produtiva se,por hipÃtese,
a maioria fosse formada por homens. Para mim o intelecto independe
do sexo!

Cordiais SaudaÃÃes,

Gauss