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RES: [ABE-L]: Nao e' piada: Quando ocupar uma Reitoria faz sentido



enquanto isso...

A Degradação da UNE - O Estado de S.Paulo, 06/11/2011

Quase um ano depois de ter recebido R$ 30 milhões do governo Lula para construir sua sede na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, a União Nacional dos Estudantes (UNE) até agora não conseguiu ir além da pedra fundamental, que foi lançada pelo presidente Lula da Silva em dezembro do ano passado. A concessão desse valor foi justificada por Lula como pagamento de indenização devida pelo Estado brasileiro pelos danos patrimoniais à entidade durante o regime militar. 

Como a UNE não é uma entidade pública, o governo não podia transferir dinheiro dos contribuintes para custear as obras. A indenização por danos patrimoniais foi o expediente encontrado pelo governo Lula para contornar essa proibição legal. Primeiro, o governo reconheceu a responsabilidade da União na destruição do prédio da entidade, que foi incendiado em 1.º de abril de 1964. Em seguida, Lula autorizou a União a promover uma "reparação" no montante equivalente a seis vezes o valor de mercado do terreno.
É muito dinheiro, mas nada garante que os dirigentes da UNE terão a competência necessária para a obra sem precisar pedir mais dinheiro público, em troca de apoio político aos governantes de plantão.
Ao contrário do que ocorreu no passado, quando lutou efetivamente, tanto contra a ditadura Vargas quanto contra a dos militares, a UNE é hoje uma força auxiliar do governo e um reduto do PC do B. Desde a ascensão de Lula ao poder, em 2003, a UNE age como um órgão chapa-branca, apoiando todas as iniciativas administrativas e políticas do Palácio do Planalto. 
Pelos serviços prestados, ficou com o direito de indicar antigos dirigentes da entidade para o Ministério do Esporte - vários deles envolvidos no escândalo de repasses irregulares de recursos públicos a ONGs fantasmas - e ganhou polpudas verbas tanto da administração direta como da indireta, sob a justificativa de divulgar programas dos Ministérios da Educação, da Saúde, da Cultura e da Igualdade Racial, promover "caravanas da cidadania" em universidades federais, realizar jogos estudantis e organizar ciclos de debates. 
Só do Ministério do Esporte, a UNE ganhou um total de R$ 450 mil, entre 2004 e 2009, para promover eventos de "esporte educacional" e capacitação de gestores de esporte e lazer. Ao que parece, como os dirigentes da UNE transformam-se, em geral, em estudantes profissionais que não costumam frequentar salas de aulas, o lazer se converteu em sua principal "especialização".
Desde 1995, quando começou a obter verbas governamentais, a UNE já recebeu mais de R$ 44 milhões dos cofres públicos. Do montante acumulado nesses 17 anos, 97,4% foram desembolsados durante os oito anos de governo do presidente Lula. Os 2,6% restantes foram repassados pelo governo do presidente Fernando Henrique. Os números foram coletados pelo site Contas Abertas, com base no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).
A exemplo do que está ocorrendo com a maioria das ONGs financiadas pelo Ministério do Esporte, a maneira como a UNE gasta o dinheiro dos contribuintes também é, no mínimo, perdulária. Depois de identificar recibos frios e gastos com restaurantes de luxo e bebida importada nas contas da entidade, o Ministério Público Federal pediu as cópias das prestações de contas da entidade aos Ministérios e empresas públicas e sociedades de economia mista com que mantém convênios. E, no dia 6 de agosto, a Procuradoria-Geral do Ministério da Fazenda lançou a UNE como inadimplente no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin). 
Procurados para esclarecer o atraso da construção de sua sede com dinheiro público, os motivos das suspeitas do Ministério Público Federal e o que levou à inadimplência no Ministério da Fazenda, os dirigentes da entidade limitaram-se a afirmar que as obras da nova sede começarão em 2012 e que as verbas recebidas do governo têm sido gastas em "congressos e bienais da cultura". Isso mostra a que nível de degradação política chegou a UNE.


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De: assuncaoest@gmail.com [assuncaoest@gmail.com] em Nome de Renato Assunção [assuncao@est.ufmg.br]
Enviado: quarta-feira, 9 de novembro de 2011 13:33
Para: abe-Lista; rbras@rbras.org.br; alunospg@est.ufmg.br
Assunto: [ABE-L]: Nao e' piada: Quando ocupar uma Reitoria faz sentido

Repasso mensagem de professor da UF Rondonia.
La', a situacao nao e' uma piada.
Renato

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Caros colegas, Venho aqui denunciar a grave situação pela qual passa a
Universidade Federal de Rondônia - UNIR, da qual sou professor há 3
anos e meio e atual coordenador institucional do PIBID. Enquanto a
mídia logra ampla divulgação da ocupação da Reitoria da USP, por uma
causa no mínimo questionável, nossa luta contra a corrupção parece não
ganhar eco além das fronteiras amazônicas. A greve na UNIR já dura
cerca de dois meses (iniciou em 14 de setembro), não tem data para
acabar e deve virar o ano. Nossa reitoria já está ocupada desde 5 de
outubro. Enquanto a mídia nacional mostra alunos da USP se rebelando
em função do consumo de maconha, nossa luta contra corrupção é
simplesmente NEGLIGENCIADA. Para terem uma ideia, temos que levar
papel higiênico para universidade, além de água. Os cursos de
Engenharia Elétrica, Engenahria Civil, Engenharia de Alimentos e
outros não abrirão vagas no próximo vestibular, uma vez que
simplesmente não há sala de aula. Eu mesmo tenho de "brigar" com um
professor da Biologia por sala. Um laudo técnico do corpo de bombeiros
diz que o campus de Porto Velho apresenta risco de vida aos alunos e
professores. Quem quiser conferir fotos da situação do campus acesse
os links http://www.cartacapital.com.br/blog/politica/o-movimento-estudantil-pega-fogo-na-amazonia/
 e http://www.comandodegreveunir.blogspot.com . Além disso, a Fundação
de Apoio da Universidade, Fundação Riomar tem as suas contas
bloqueadas e está sendo investigada pelo Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (GAECO), mesmo o Reitor sabendo das
denúncias de desvio não fez nada para sanar os problemas. Aliás, nosso
reitor é um dos principais suspeitos por corrupção, mas infelizmente é
"abençoado" pelo senador Valdir Raupp, simplesmente o presidente
nacional do PMDB. Nas últimas semanas a coisa está pegando fogo.
Estamos voltando aos tempos da ditadura. Um professor de História, sem
motivo algum, foi preso pela polícia federal (confiram o vídeo em
http://www.youtube.com/watch?v=xeBQh3BlGaU&feature=youtu.be). O mesmo
delegado ameaçou jornalistas e deteu dois estudantes que levavam
panfletos da greve (muito diferente de fumar maconha no campus). As
negociações estão emperradas. O secretário de educação superior, Luiz
Cláudio Costa, veio até Porto Velho e já foi entregue um documento com
mais de 1500 páginas apontando diversas irregularidades. Além de
desvio de verbas, o favorecimento em concursos públicos é latente por
aqui. Alunos e nós professores estamos unidos contra o reitor  José
Januário de Oliveira Amaral, contudo, nossas vozes não alcançam o
resto do país, devido às enormes forças políticas e a tão longínqua
terra de Rondônia. O reitor tem a audácia e a sem vergonhice de acusar
professores grevistas de vagabundos e estudantes de bandidos. Bastam
acessar meu currículo lattes
(http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4742904A7)
e verão que minha produção é no mínimo 10x superior a desse reitor.
Peço que ajudem a divulgar o que acontece em nossa universidade. Um
país que leva milhões em festas religiosas, em passeatas contra a
homofobia, em jogos de futebol, não é capaz de se mobilizar contra a
corrupção. Na esperança de obter eco e apoio daqueles que acreditam e
lutam por um país e uma educação melhor. Att,

Wilmo Ernesto Francisco Junior
Departamento de Química
Universidade Federal de Rondônia - UNIR