[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

Re: [ABE-L]: Sobre o ENEM ou sobre nÃs ?



Caros redistas,

Boa noite. Li diversos e-mails que circularam em nossa rede sobre a TRI, ENEM, polÃtica etc... Relutei muito em me manifestar (por diversos motivos que nÃo cabem aqui) mas, decidi fazÃ-lo. Prometo ser breve e gostaria de ater-me APENAS a TRI e a Teoria ClÃssica de Medidas (TCM). Prefiro nÃo me manifestar sobre o ENEM. Hà questÃes polÃticas e pessoais, certamente, envolvidas nesse debate (refiro-me à utilizaÃÃo do ENEM como vestibular). Fica difÃcil distinguir (talvez seja limitaÃÃo minha) entre o que à de cunho polÃtico do que à de cunho cientÃfico.

Gostaria de registrar que estou manifestando minha opniÃo e que, nÃo necessariamente, a mesma vai ao encontro da opniÃo da instituiÃÃo INEP e/ou de outros pesquisadores.

1 - NÃo hà problemas, em princÃpio, em se unir notas oriundas da TRI e TCM se o objetivo for classificar, dado que existe concordÃncia entre as duas teorias (do ponto de vista classificatÃrio), em muitos casos. Prefiro dizer, sem querer parecer presunÃoso, que ou elas concordam ou a TRI à melhor. Entretanto, particularmente, julgo ser melhor ter notas oriundas somente via TRI. Inclusive hà sugestÃes na literatura de como analisar redaÃÃes via TRI. Certamente, a logÃstica envolvida seria de uma dimensÃo maior.

2 - Para mim à bastante lÃgico julgar que dois indivÃduos que acertaram a mesma quantidade de questÃes, sendo que um acertou as mais difÃcieis e o outros as mais fÃceis, tenham notas diferentes. O lÃgico à pensar que o primeiro acertou muito (ou tudo) escolhendo de modo aleatÃrio e o outro respondeu consoante seu conhecimento. Ou seja, a nota do segundo tem de ser maior do que o primeiro. Isto a TCM nÃo faz.

3 - Atà onde sei, numa prova de 40 questÃes corrigida via TCM, as notas variam de 0 a 40. Ou seja, 0 à a nota mÃnima. Porque nÃo haveria de existir uma nota mÃnima dentro do contexto da TRI?

4 - Sem sombre de dÃvida, a inserÃÃo de indivÃduos nas Universidades à de suma importÃncia nas vidas deles como tambÃm de seus familiares (e da sociedade como um todo). Contudo, creio que a saÃde de todos nÃs, tambÃm o Ã. Particularmente, desconheÃo as nuÃncias da grande maioria dos exames mÃdicos que fiz ao longo da minha vida. Certamente, nÃo saberia explicar como os resultados, de muitos deles, foram obtidos. Isso nÃo invalida os diagnÃsticos que recebi (ainda estou vivo) tampouco descredencia a utilizaÃÃo de tais ferramentas.

Sem querer ser repetitivo, respeito a opniÃo de todos os colegas, nÃo me julgo dono da verdade, tampouco um especialista na TRI.

Lembro-me de ter ouvido um "colega" chamar a TRI de bruxaria. Certamente, ele tinha muito conhecimento acerca da TRI para fazer uma crÃtica tÃo bem elaborada e construtiva.

AbraÃos a todos,

Caio



De: Luis Paulo Vieira Braga <lpbraga@im.ufrj.br>
Para: Luiz Sergio Vaz <luizvaz@sarah.br>; "abe-l@ime.usp.br" <abe-l@ime.usp.br>
Enviadas: Quinta-feira, 12 de Janeiro de 2012 18:41
Assunto: Re: [ABE-L]: Sobre o ENEM ou sobre nÃs ?

CÃus! Ã muito pior do que eu pensava!
On Thu, 12 Jan 2012 18:16:07 -0200, Luiz Sergio Vaz wrote
> Boa tarde.

>
 

> Sem qualquer âintenÃÃo polÃticaâ, mas apenas a de contribuir com elementos para o debate, segue o entendimento de um dos profissionais da imprensa sobre o ENEM e sobre o entendimento dele a respeito das explicaÃÃes teÃricas (fonte: blog do Reinaldo Azevedo).

>
 

> Podemos ver o email com enfoque no ENEM ou na forma como somos percebidos por quem nÃo à da Ãrea.

>
 

> Luiz

>
 

>
> ----

>

Mais sobre a caixa-preta do Enem: quem entrega gabarito em branco recebe, no mÃnimo, a nota mÃdia de cada Ãrea. Por quÃ? Perguntem a Haddad!


>
> O Enem à uma caixa-preta. O aluno jamais saberà por que tirou a pontuaÃÃo X, Y ou Z. Sim, claro, claro, hà teorias que justificam e explicam os critÃrios adotados, todas elas arcanas, inacessÃveis aos candidatos.

> Um professor, leitor deste blog, decidiu fazer a prova para, segundo diz, ter experiÃncia prÃtica no assunto e poder orientar com propriedade os seus alunos. Ele entregou dois gabaritos em branco. Mesmo assim, recebeu pontuaÃÃo. Reproduzo o comentÃrio dele, com a resposta que lhe foi enviada pelo Inep(to). Leiam. Volto em seguida.

> Prezado Reinaldo Azevedo,
> Escrevi uma carta para o MEC pedindo algumas explicaÃÃes sobre um fato curioso na minha nota do Enem, como vocÃs podem observar. O texto enviado ao Inep pode ser lido abaixo:

> âBom dia! Gostaria de obter um esclarecimento. Sou professor e fiz o Enem 2011 para conhecer melhor a prova e, dessa maneira, poder orientar os meus alunos. Compareci somente no segundo dia e resolvi as provas, mas nÃo passei nenhuma alternativa para o gabarito oficial. Como vocÃs explicam o fato de eu ter obtido as notas abaixo mesmo sem ter marcado nenhum item no gabarito oficial?
> NÃmero de inscriÃÃo no Enem 2011 - 11103751XXXX
> NÃmero do CPF - 598.301.XXX-XX
> Segundo dia - Linguagens, CÃdigos e suas Tecnologias: 304.2 Presente
> Segundo dia - MatemÃtica e suas Tecnologias 321.6 Presente
> Fico aguardando o contato de vocÃs.

> AlguÃm do Enem me respondeu da seguinte forma:

> Prezado(a) Sr(a) Wagner Rodrigues Machado,
> O protocolo de n 7097XXX, foi finalizado em 5/1/2012, Ãs 11:16 pela Ãrea responsÃvel.
> âà comum buscarmos uma correspondÃncia entre a quantidade de acertos (Teoria ClÃssica) e a proficiÃncia pela Teoria de Resposta ao Item (TRI). Contudo, apesar de haver uma correlaÃÃo alta entre as duas teorias, essa correspondÃncia nÃo à exata. Na Teoria de Resposta ao Item (TRI), o cÃlculo da proficiÃncia leva em consideraÃÃo uma totalidade maior de informaÃÃes extraÃdas a partir das respostas dos participantes da avaliaÃÃo: nÃvel de dificuldade do item, a qualidade do item e, sobretudo, a coerÃncia entre o conjunto de itens que o participante acertou. Outra confusÃo frequente refere-se a comparar o nÃmero de acertos de uma Ãrea do conhecimento com o nÃmero de acertos em outra Ãrea. Ter acertado 40 itens em uma Ãrea nÃo significa ter uma proficiÃncia maior do que em outra Ãrea cujo nÃmero de acertos foi 35. Por serem Ãreas do conhecimento distintas, nÃo à possÃvel fazer uma relaÃÃo direta entre as escalas. AlÃm disso, o nÃmero de itens por nÃvel de dificuldade faz a diferenÃa, assim como as demais caracterÃsticas psicomÃtricas dos itens.
> O Enem nÃo à pontuado de 0 a 1000 e sim da nota mÃnima e a nota mÃxima. O participante que comparecer ao local de prova e assinar as listas necessÃrias jà terà a mÃdia mÃnima. Lembramos que nenhum participante, comparecendo ao local de prova e seguindo as instruÃÃes necessÃrias, terà a nota menor que a mÃdia de cada Ãreaâ.

> Bom, recebi a explicaÃÃo! No entanto, confesso que nÃo entendi nada. Como uma pessoa que nÃo marca nada no gabarito pode ficar com a nota mÃnima? Estranho, nÃo à mesmo?

> Isso està correto?

> Voltei
>
Bem, leitores, em primeirÃssimo lugar, vocÃs perceberam que parte da resposta nÃo tem rigorosamente nada a ver com a indagaÃÃo feita pelo missivista. Trata-se de explicar a suposta superioridade da chamada Teoria da Resposta ao Item (TRI) no cotejo com a âTeoria ClÃssicaâ, que aufere a quantidade de acertos. Entrar nesse mÃrito seria cair num debate sem fim. Escolho, se for o caso, a âTeoria ClÃssicaâ. Ela permite ao candidato conhecer os motivos de sua nota. Segundo o TRI, um candidato que tenha acertado um nÃmero menor de questÃes pode ter uma pontuaÃÃo superior à daquele que acertou mais. Para que houvesse transparÃncia, seria necessÃrio divulgar o peso que teve cada item, as relaÃÃes estabelecidas entre elas etc. Entendo que à um direito dos candidatos conhecer os critÃrios pelos quais estÃo sendo avaliados.

> O TRI, na forma aplicada pelo Inep(to), se transformou numa licenÃa para a discricionariedade. O mesmo se diga das redaÃÃes, cuja correÃÃo, jà vimos, parece ser um exemplo de falta de rigor e de critÃrio. Tanto pior quando se constata que os temas e os textos de referÃncia escolhidos pelo Inep(to) valem por um verdadeiro filtro ideolÃgico. O aluno à convocado a dissertar sobre uma tese, nÃo sobre um tema.

> Conversei com alguns especialistas em matemÃtica, estatÃstica em particular. à aceitÃvel, dado o TRI, que todo participante tenha, ao menos, a nota mÃdia de cada Ãrea como nota mÃnima, mas à absolutamente inexplicÃvel que alunos que tenham entregado o gabarito em branco recebam essa nota mÃnima. Isso nada tem a ver com a Teoria de Resposta ao Item. à apenas uma jabuticaba brasileira. A questÃo diz respeito apenas ao processamento de dados e nada tem a ver com qualquer teoria matemÃtica.

> Em resumo
>
Fernando Haddad criou o maior vestibular do Brasil sob o pretexto de acabar com os vestibulares. NÃo conseguiu, atà agora, garantir nem mesmo o sigilo da prova. Ao contrÃrio atÃ: ele jà deu a entender que o considera impossÃvel. O acesso de milhares de alunos a uma vaga na universidade pÃblica â dada a forma como se elaboram e como se corrigem os exames â passa por critÃrios que, ultrapassadas as barreiras ideolÃgicas, sÃo insondÃveis.

> O silÃncio das boas escolas particulares â refiro-me a elas porque nÃo serÃo as pÃblicas a protestar â chega a ser criminoso.

> Uma rosa à uma rosa à uma rosa.
> Um gabarito em branco à um gabarito em branco à um gabarito em branco.



Prof. Luis Paulo
C.P. 2386
20010-974 Rio de Janeiro, RJ

outros e-mails

lpbraga@gbl.com.br
bragaprof@gmail.com


nosso BLOG
http://observatoriodauniversidade.blog.br

BLOG da CPPD
http://cppd-ufrj.blogspot.com/