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Tributo do Ex-Ministro Prof. Sérgio Machado Rezende,



Caros Redistas,

O Prof. Sérgio Machado Rezende, engenheiro carioca, é um nome bastante
conhecido da sociedade brasileira, pelos cargos importantes que ocupou
até agora: Fundador e Presidente da FACEPE, Secretário de Ciência e
Tecnologia do Estado de Pernambuco, Presidente da FINEP e Ministro da
Ciência e Tecnologia do Governo Lula. Ele é PhD em Física pelo
Massachusetts Institute of Technology, sendo considerado como um dos
pesquisadores mais importantes da Física do Brasil.

O Prof. Rezende é um acadêmico cientista completo: grande professor,
grande administrador em prol da ciência e pesquisador de notório saber.
Foi ele quem idealizou o grupo de pesquisa do Departamento de Física da
UFPE, que ontem e hoje, comemora os 40 anos de atividades de pesquisa, e
que teve efeitos multiplicativos na formação da pesquisa de outros
Departamentos
como aqueles de Química Fundamental, Matemática e Informática, entre outros
da UFPE.

Fiquei ontem muito agradecido, quando em sua palestra, ele enfatizou:
"estamos aqui hoje comemorando esses 40 anos, porque tivemos três
professores Rômulo Maciel, José de Medeiros Machado e Sidrack que
foram muito importantes para nosso trabalho." Ao longo de sua
apresentação, como um tributo, colocou fotos antigas dos três ao
longo do caminho trilhado pelo Departamento de Física.

Explico: esses três professores ficaram com carga horária dobrada durante
anos, para que os jovens engenheiros eletricistas que fundaram o grupo de
pesquisa de Física da UFPE, em 1972, na UFPE, com a vinda do Prof. Rezende
para comandá-los em Recife, pudessem fazer pós-graduação no sudeste do
País e no exterior.

Sidrack de Holanda Cordeiro era meu pai. Ele tinha dois cargos na UFPE:
40 horas no antigo Instituto de Física e Matemática e 20 horas na Escola
de Engenharia. Naquela época, um docente podia ter dois vínculos em
paralelo, talvez por conta da falta de capital humano. Entre 1972 e 1984,
por não ter projeto de pesquisa, meu pai sempre deu aulas em quatro
turmas de Física (16 horas semanas em salas de aulas) por semestre nas
engenharias da UFPE.

A grande maioria dos engenheiros que estudaram lá, nesse período,
foram seus alunos. Nos dias de hoje, por ano, nas estaduais paulistas um
docente ministra aulas em três turmas e nas federais em quatro turmas.

Meu pai não teve oportunidade de fazer o mestrado, mas fez vários
cursos de especialização em Física nos EUA e no Chile. Alguns dos grandes
professores de Física do País de sua época, freqüentaram nossa casa entre
1950-1974, como Tore Nils Olof Folmer Johnson (SP), Dalton Gonçalves (RJ),
Luiz Freire e José de Medeiros Machado (PE) e Pierre Lucie (RJ).
Pelo menos por esses, meu pai era tido como um grande entusiasta e
conhecedor da Física básica.

Quando faleceu, meu pai deixou para minha mãe duas aposentadorias de
professor de 40 horas da UFPE, cuja soma atual é inferior a R$ 5000,00.
Além disso, os seus cinco filhos herdaram apenas o apartamento que ela
mora e dois pequenos imóveis alugados (que foram vendidos pelos filhos por
R$ 120 mil reais) e cerca de R$ 250 mil na poupança.

Será que para aquele que deixou um grande legado no ensino da Física
brasileira, trabalhou duro e com afinco por 38 anos na UFPE, e que
era um dos primeiros professores a chegar ao trabalho, é muito?

Um pouco de meu pai está em:

http://gausscordeiro.blogspot.com/2010/03/professor-sidrack-de-h-cordeiro.html

Eu sugiro, firmemente, aos jovens talentosos que planejam seguir a
carreira acadêmica, que esqueçam a parte financeira, pois vocês
deixarão, com probabilidade próxima de um, poucos recursos
financeiros para suas famílias.

Cordiais Saudações,

Gauss Cordeiro