Em 09/05/2012 14:23, Marcelo L. Arruda escreveu:
Perdão, esbarrei no enviar antes da hora.
Se me permitem um pitaco despretensioso, acho que, de
fato, não se pode tratar essa escala, DA FORMA COMO ENUNCIADA
PELO CEZAR, como quantitativa, basicamente pela segunda razão
apontada pelo José Carvalho: a "satisfação grau 4" não é, em
sentido algum, o dobro da "satisfação grau 2".
Porém, admitindo-se que as categorias sejam simétricas
em torno do centro, penso que se fizermos uma pequena
transformação, poderemos sim dar a essa escala uma "cara" mais
aceitável como quantitativa:
-2 = muito insatisfeito = opinião "duas vezes
negativa"
-1 = insatisfeito = opinião negativa
0 = parcialmente satisfeito = parcialmente
insatisfeito = ausência de opinião
+ 1 = satisfeito = opinião positiva
+2 = muito satisfeito = opinião "duas vezes positiva"
É claro que em vez de -2, -1, +1 e +2 poderiam ser
usados -2x, -x, +x e +2x para qualquer valor de x, mas o
mais importante é a idéia por trás desses valores: aqui,
satisfações de graus -2 e +2 podem, sim, ser encaradas
respectivamente como os dobros das satisfações de graus -1 e
+1.
Lembro-me que, quando recém-formado, fiz algumas
análises de correlação entre "satisfação com relação ao
aspecto A" e "satisfação com relação ao aspecto B"
trabalhando as escalas como quantitativas, mas já não me
lembro dos detalhes dessa análise. Diante do comentário do
José Carvalho, porém, admito a possibilidade de ter cometido
algum "pecado"...
Marcelo
----- Original Message -----
Sent: Wednesday, May 09, 2012 2:10 PM
Subject: Re: [ABE-L]: media em escalas ordinais
Se me permitem um pitaco despretensioso, de fato, não
se pode tratar essa escala DA FORMA COMO ENUNCIADA PELO JULIO
STERN
----- Original Message -----
Sent: Wednesday, May 09, 2012 7:14 AM
Subject: Re: [ABE-L]: media em escalas ordinais
Este uso é feito para se empregar técnicas de análise de
variância para se comparar as médias das escalas, tomadas como
números. Isso é feito por quem usa estatística através de
"receitas" - e receitas velhas. Não se deve fazer isso, a meu
ver, pelas razões:
1. que estória é essa de correlação? Justifica-se?
2. Tanto a "correlação" como o uso da análise de variância,
exigem a noção de distância, básica na definição de uma medida
numérica. Perguntemos: na "escala", o 4 é o dobro de 2, em
algum sentido? 5 -1 é a mesma coisa que 3-2? Já se verá que a
resposta é não. Logo, os " números" não são números, são meors
rótulos, como os "números" de nossos RG. Como s epode fazer
uma análise de variância (ou um teste t) sem uma aproximação
ortogonal?
3. Pior é que as "médias" não contam nada. Eis exemplos.
Considremos as distribuições sobre as classes de 1 a 5, nessa
"escala":
A. 0.5, 0, 0, 0, 0.5
B. 0, 0 ,1, 0, 0
C 0.3, 0.2, 0, 0.2, 0.3
Todas tem 3 por "médias". E são totalmente diferentes. Para
que subsituir cinco frequências por um número? Que se ganha
com isso?
4. O pior dessa estória é a turma de marketing (e outras
turmas, excepcionalmente "bem" conhecedoras de estatística)
completar uma análise, dizendo que o produto A foi melhor
avaliado que o produto B, pois o primeiro teve média de
aceitação de 4 e o outro de 4,5. Já vi estudos assim,
sugerindo a troca de B por A no "mix" da empresa.
5. E já ouvi, da turma de análise sensorial, a declaração:
"Olhe, consideramos fazer os estudos com análises de dados
discretos. Mas, quando calculamos o tamanho da amostra para
análise de variância, resulta um tamanho menor do que o
exigido para análise de dados categóricos. Como o "mercado"
aceita a primeira prática, vamos ficar com ela." Notem que a
"escala" em questão é meramente uma pergunta aplicada a um
problema qualquer, com painéis de consumidores. Não é uma
escala "validada", aplicada com painéis de especialistas. (Das
quais eu também tenho minhas restrições, porém muito mais
suaves.)
Enfim: minha resposta é um seguro não. Ou, respondendo à
pergunta no tom jocoso que foi feita, sim é pecado. Inspirado
pela palavra "pecado", e com pena, posso dizer aos que fazem
isso - "Perdoai-os, pai. Eles não sabem o que fazem!"
Abraços,
Zé Carvalho
On 05/08/2012 07:27 PM, cezar wrote:
Em
07/05/2012 18:10, Julio Stern escreveu:
Caros redistas:
Alguem tem acesso a este artigo?
H. Guerlac (1976)
Chemistry as a Branch of Physics: Laplace's
Collaboration with Lavoisier.
Historical Studies in the Physical Sciences
Grato,
Julio Stern
Prezados redistas
Gostaria de obter a opinião de voces sobre a seguinte
questão: consiste em "pecado" muito grave obter a média de
graus de satisfaçao de usuários de determinado seviço,
obtida a partir de uma escala tipo 1: muito insatisfeito; 2:
insatisfeito; 3 parcialmente satisfeito; 4-satisfeito;
5-muito satisfeito ? Ou seja, seria forçar muito a barra
admitir que a distancia entre as categorias seria a mesma???
Tenho observado trabalhos, especialmente na área de
Marketing, entre outras, fazendo isso. Outros justificam
alegando uma correlação entre o quantitativo e o
qualitativo. Alguém na lista já cometeu esse "pecado" ? Caso
não, pode atirar pedras...
Desde ja agradeço a atenção
Cezar
Prezados Redistas
Agredeço todas as opiniões/sugestões
enviadas, na verdade estou trabalhando em um levantamento bem
simples, sobre graus de satisfação de estudantes com alguns aspectos
dos seus docentes (tais aspectos foram definidos por uma equipe
multidisciplinar, juntamente com a escala apresentada anteriormente)
e a idéia seria identificar destes aspectos quais os mais
prioritários, ou seja, os de menor grau de satisfação, para embasar
um planejamento de ações para melhoria da qualidade do ensino, e
aí a média é bastante tentadora, mas vamos considerar outras
possibilidades, tais como mediana (que não sei se ficaria bem no
caso) ou mesmo trabalhar com percentuais de respostas que indicam
insatisfaçao (percentuais de respostas 1 e 2 por exemplo), ou mesmo
mudar a forma de fazer a pergunta, solicitando uma especie de nota
entre 0 e 5 e aí teria uma escala quantitativa. Estou respondendo
tudo isto apenas porque algumas pessoas me perguntaram o que estava
fazendo e qual a intenção.
abcs
Cezar
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