Perdão, esbarrei no enviar antes da
hora.
Se me permitem um pitaco
despretensioso, acho que, de fato, não se pode tratar essa escala, DA FORMA COMO
ENUNCIADA PELO CEZAR, como quantitativa, basicamente pela segunda razão apontada
pelo José Carvalho: a "satisfação grau 4" não é, em sentido algum, o dobro
da "satisfação grau 2".
Porém, admitindo-se que as
categorias sejam simétricas em torno do centro, penso que se fizermos uma
pequena transformação, poderemos sim dar a essa escala uma "cara" mais aceitável
como quantitativa:
-2 = muito
insatisfeito = opinião "duas vezes negativa"
-1 =
insatisfeito = opinião negativa
0 =
parcialmente satisfeito = parcialmente insatisfeito = ausência de
opinião
+1 = satisfeito = opinião
positiva +2 = muito
satisfeito = opinião "duas vezes positiva"
É claro que em vez de -2,
-1, +1 e +2 poderiam ser usados -2x, -x, +x e +2x para qualquer valor de x, mas
o mais importante é a idéia por trás desses valores: aqui, satisfações de graus
-2 e +2 podem, sim, ser encaradas respectivamente como os dobros das satisfações
de graus -1 e +1.
Lembro-me que, quando recém-formado, fiz algumas
análises de correlação entre "satisfação com relação ao aspecto A" e "satisfação
com relação ao aspecto B" trabalhando as escalas como
quantitativas, mas já não me lembro dos detalhes dessa análise. Diante do
comentário do José Carvalho, porém, admito a possibilidade de ter cometido algum
"pecado"...
Marcelo
----- Original Message -----
Sent: Wednesday, May 09, 2012 2:10
PM
Subject: Re: [ABE-L]: media em escalas
ordinais
Se me permitem um pitaco
despretensioso, de fato, não se pode tratar essa escala DA FORMA COMO
ENUNCIADA PELO JULIO STERN
----- Original Message -----
Sent: Wednesday, May 09, 2012 7:14
AM
Subject: Re: [ABE-L]: media em escalas
ordinais
Este uso é feito para se empregar técnicas de análise de
variância para se comparar as médias das escalas, tomadas como números. Isso
é feito por quem usa estatística através de "receitas" - e receitas velhas.
Não se deve fazer isso, a meu ver, pelas razões:
1. que estória é
essa de correlação? Justifica-se?
2. Tanto a "correlação" como o uso
da análise de variância, exigem a noção de distância, básica na definição de
uma medida numérica. Perguntemos: na "escala", o 4 é o dobro de 2, em algum
sentido? 5 -1 é a mesma coisa que 3-2? Já se verá que a resposta é não.
Logo, os " números" não são números, são meors rótulos, como os "números" de
nossos RG. Como s epode fazer uma análise de variância (ou um teste t) sem
uma aproximação ortogonal? 3. Pior é que as "médias" não contam
nada. Eis exemplos. Considremos as distribuições sobre as classes de 1 a 5,
nessa "escala":
A. 0.5, 0, 0, 0, 0.5 B. 0, 0 ,1, 0, 0 C
0.3, 0.2, 0, 0.2, 0.3
Todas tem 3 por "médias". E são totalmente
diferentes. Para que subsituir cinco frequências por um número? Que se ganha
com isso?
4. O pior dessa estória é a turma de marketing (e outras
turmas, excepcionalmente "bem" conhecedoras de estatística) completar uma
análise, dizendo que o produto A foi melhor avaliado que o produto B, pois o
primeiro teve média de aceitação de 4 e o outro de 4,5. Já vi estudos assim,
sugerindo a troca de B por A no "mix" da empresa.
5. E já ouvi, da
turma de análise sensorial, a declaração: "Olhe, consideramos fazer os
estudos com análises de dados discretos. Mas, quando calculamos o tamanho da
amostra para análise de variância, resulta um tamanho menor do que o exigido
para análise de dados categóricos. Como o "mercado" aceita a primeira
prática, vamos ficar com ela." Notem que a "escala" em questão é
meramente uma pergunta aplicada a um problema qualquer, com painéis de
consumidores. Não é uma escala "validada", aplicada com painéis de
especialistas. (Das quais eu também tenho minhas restrições, porém muito
mais suaves.)
Enfim: minha resposta é um seguro não. Ou, respondendo
à pergunta no tom jocoso que foi feita, sim é pecado. Inspirado pela palavra
"pecado", e com pena, posso dizer aos que fazem isso - "Perdoai-os, pai.
Eles não sabem o que fazem!"
Abraços,
Zé
Carvalho
On 05/08/2012 07:27 PM, cezar wrote:
Em 07/05/2012
18:10, Julio Stern escreveu:
Caros redistas: Alguem tem acesso a este
artigo? H. Guerlac (1976) Chemistry as a Branch of
Physics: Laplace's Collaboration with Lavoisier. Historical Studies
in the Physical Sciences Grato, Julio Stern
Prezados redistas
Gostaria de
obter a opinião de voces sobre a seguinte questão: consiste em "pecado"
muito grave obter a média de graus de satisfaçao de usuários de
determinado seviço, obtida a partir de uma escala tipo 1: muito
insatisfeito; 2: insatisfeito; 3 parcialmente satisfeito; 4-satisfeito;
5-muito satisfeito ? Ou seja, seria forçar muito a barra admitir que a
distancia entre as categorias seria a mesma??? Tenho observado trabalhos,
especialmente na área de Marketing, entre outras, fazendo isso. Outros
justificam alegando uma correlação entre o quantitativo e o qualitativo.
Alguém na lista já cometeu esse "pecado" ? Caso não, pode atirar
pedras... Desde ja agradeço a
atenção Cezar
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