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pobres alunos
Recebemos essa mensagem do Professos Setzer e acho que vale a leitura
e a reflexão.
Um abraço
carlinhos
Olá a todas/os,
Achei certos argumentos do artigo abaixo dignos de reflexão, por isso
compartilho com vocês.
aaaaaaaaaaaaaa, Val.
--
Valdemar W. Setzer - Dept. of Computer Science, University of São Paulo
http://www.ime.usp.br/~vwsetzer - please REPLY TO vwsetzer@ime.usp.br
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---------- Forwarded message ----------
From: Simon Schwartzman <simon@schwartzman.org.br>
Date: 2012/6/11
Subject: [Sitesimon] [Simon's Site] Claudio Considera: Pobres Alunos
To: Site simon <sitesimon@lists.schwartzman.org.br>
Simon's Site
Claudio Monteiro Considera: Pobres Alunos
Posted: 10 Jun 2012 11:45 PM PDT
Recebi o texto abaixo de Claudio M. Considera, professor de economia
da Universidade Federal Fluminense:
Pobres Alunos
Os professores da Universidade Federal Fluminense estão em greve junto
com os de outras 44 universidades federais. Reclamam pelo cumprimento
de um acordo celebrado com o governo anterior que, além de promover um
reajuste salarial escalonado, cuja última parcela foi recentemente
determinada por uma Medida Provisória, previa a elaboração de um novo
plano de carreira docente que redundará em novos reajustes salariais.
Os demais itens de pauta são os acessórios de sempre: melhoria nas
condições de trabalho, rejeição à privatização do ensino superior,
etc. O governo já havia anunciado desde o início do ano que não
haveria reajustes salariais das carreiras de servidores públicos
devido à gravidade da crise internacional e seus impactos na economia
brasileira. Do ponto de vista dos reclamantes são justas as
reivindicações e por consequência justa a greve para negociá-la com o
governo.
O que argumento a seguir é que a greve é falsa, covarde e, portanto
injusta. Em primeiro lugar, trata-se de uma greve que paralisa
unicamente as atividades docentes dos professores na graduação. Todas
as demais atividades desses mesmos professores continuam: os que atuam
também na pós-graduação continuam a fazê-lo, pois se as paralisarem,
os alunos perdem suas bolsas e os órgãos de financiamento cortam as
verbas dos cursos. Em segundo lugar, todas as atividades de pesquisa
dos professores continuam: se assim não for o financiamento das
pesquisas cessa e o professor perde seu status de pesquisador junto
aos órgãos financiadores. Em terceiro lugar, as participações dos
professores em seminários, intercâmbios e outros eventos acadêmicos
nacionais e internacionais são cumpridos religiosamente, alguns
inclusive realizados nas próprias universidades que estão em greve. Em
quarto lugar, os professores que ministram aulas nos programas de
pós-graduação lato-senso pagos, continuam a fazê-lo, caso contrário
não serão pagos e serão cortados do programa. Portanto, trata-se de
uma falsa greve.
Mas, é uma greve real para os alunos de graduação que têm seus cursos,
sonhos e calendários de vida interrompidos por um período
indeterminado. Os prejuízos para esses alunos são irreparáveis. Em
primeiro lugar, a interrupção do curso a um mês do seu término deixa
em aberto o tema abordado até o início da greve, sem a necessária
conclusão que amarra o assunto desenvolvido. Em segundo lugar, a tal
reposição das aulas raramente é cumprida na mesma quantidade e
qualidade de um curso regular sem interrupção. Em terceiro lugar,
formaturas não serão realizadas no período previsto e sem os diplomas
os alunos perderão empregos, vagas em cursos de pós-graduação no
Brasil e no exterior, possibilidade de participar de concursos
públicos, etc. Em quarto lugar, a greve prejudica principalmente os
alunos mais pobres, pois os que podem pagar já optaram por
universidades particulares onde sabem o dia da matrícula e o dia da
formatura, se seu desempenho for adequado. Isto sim contribui para a
privatização do ensino superior. Por isso é uma greve covarde
praticada contra um ator sem defesa.
Finalmente cabe uma reflexão sobre o significado de uma greve no setor
público, particularmente no sistema de ensino. Lembremos que no setor
privado a greve afeta o lucro do empresário que fará uma avaliação
entre o reajuste salarial de seus empregados, a redução de seu lucro e
de sua capacidade de competir em termos de preços e qualidade com seus
concorrentes. No setor público, não existe empresário nem lucro para
ser prejudicado. O prejudicado é a sociedade em geral e em particular
os alunos (da graduação). Não sei qual a melhor forma de luta; cabe
aos dirigentes sindicais pensarem sobre essa questão. Lembro que o
último acordo foi negociado por meses sem necessidade de greve.
Outro aspecto é a forma em que tais decisões são tomadas; assembleias
minúsculas, em que participam e votam professores aposentados. Quem já
participou dessas assembleias sabe que sua direção prolongará sua
duração até o tempo necessário para que fiquem presentes aqueles, que
a direção do movimento, têm certeza votarão na sua proposta. Qual a
representatividade de uma assembleia de 102 professores (incluindo os
aposentados) para decidir em nome de mais de 3000 professores como
ocorreu na Assembleia da UFF?
Por isso, por ser falsa e covarde trata-se de uma greve injusta.
Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>