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Re: [ABE-L]: a universidade faz que não sabe nem vê



Concordo com o Gauss.

Esta greve iniciada pelo ANDES em maio e que continua até agora torna refém os professores que querem trabalhar e é um absurdo. Além disso, este sistema de definir greve em assembléias esvaziadas e que constrage os que são contra é outro absurdo.

Para citar o exemplo da UFRN, não entramos na greve em maio pois apostamos na negociação e decidimos, através de um plebiscito no qual participaram mais de 900 professores, que não entraríamos em greve(600 x 300). Todavia, assim como o constragimento presenciado pelo Gauss, também tive a oportunidade de participar de uma assembléia anterior ao plebiscito realizado aqui na UFRN e, adivinha o que aconteceu: Com a presença de pouco mais de 100 professores foi tirado um indicativo de greve(54 a favor e 48 contra) e, assim como na UFPE, também presenciei pessoas que se pronunciavam contra a greve serem vaiadas por um grupo de professores(será que são os mais produtivos e comprometidos da universidade?) e de alunos que, de forma orquestrada, comparaceram à assembléia com cartazes , apitos e dispostos a agredir verbalmente quem se pronunciava de forma contrária.

Ainda bem que na UFRN nós apostamos na negociação e o PROIFES, sindicato nacional ao qual a UFRN está ligada, negociou desde o início com o governo e, se não tivemos todas as nossas reinvidicações atendidas, creio que conseguimos boa parte delas e, afinal de contas, trata-se de um a negociação e, como tal, se ganha em uns pontos e se perde em outros. Será que uma reestrturação da carreira que implica em um aumento entre 25% e 45% em três anos é pouco para um momento de crise internacional?

O acordo com os professores das federais foi proposto pelo governo e já aceito por algumas poucas federais, principalmente as ligadas ao PROIFES, desde o início de agosto porém, o ANDES que representa a maioria das federais continua com uma greve que, ao meu ver, tem apenas fins eleitoreiros e de disputa sindical com o PROIFES, esta é que é a verdade, visto que o governo tem até o final do mês para fechar o orçamento da união para 2013 e está em negociação com outras 20 categorias de funicionários públicos que entraram em greve em julho e agosto.

Como deve ser de conhecimento de todos, o orçamento da união para o ano seguinte é fechado no mês de agosto e, como o governo começou a negociar agora com todas as outras categorias em greve, não há mais tempo para reabrir a negociação com os professores. Para efeito comparativo, o aumento que está sendo proposto pelo governo a todas as outras categorias é de 15% em três anos, ou seja, bem inferior ao nosso. Alguém sabe me informar em que outro país há uma categoria de funcionários públicos que reberá aumento acima da inflação nos próximos três anos, como será o nosso caso, neste período de crise internacional? Como será que estão os nossos colegas espanhóis, portugueses, e gregos?

Até entendo que o mais justo teria sido a equiparação total dos professores das federais com os integrantes do MCT, com isto eu também concordo porém, paciência, se não conseguimos esta equiparação total tivemos um meio termo que, nas circunstâncias atuais de crise internacional, representará um ganho real, principalmente para os professores de maior qualificação(doutores e, ainda maiores para os doutores titulares). Também não podemos esquecer que há uns 4 anos atrás tivemos a criação da carreira de professor associado, que significou outro ganho real para os doutores que passaram à nova categoria.

A verdade é que o ANDES está fazendo apenas um jogo de cena esticando esta greve porém, quem paga a conta são os alunos que querem estudar e os professores sérios que querem trabalhar. Estes sim ainda têm que passar por cenas constrangedoras como as vistas pelo Gauss.
Vamos voltar ao trabalho, já está mais do que na hora...
Um abraço,

Prof. Pledson Guedes de Medeiros
Sala 80 - Departamento de Estatística(DEST) - CCET - UFRN
Fone: (84) 3215-3785 r39 ou (84) 3215-3716 r39;
Fax: (84) 3215-3790


---------- Original Message -----------
From: Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br>
To: abe-l@ime.usp.br
Sent: Fri, 24 Aug 2012 20:32:27 -0300
Subject: [ABE-L]: a universidade faz que não sabe nem vê

> Caros Redistas, 
>  
> Meu resumo da greve: ganha pouco na universidade quem se dedica exclusivamente e é pesquisador. Entretanto, ganha muito 
> quem dá oito horas de aula por semana e nada mais faz, trabalhando irregularmente fora da universidade, enquanto a universidade 
> faz que não sabe nem vê.
>  
> A questão é que o principio da paridade e o corporativismo nivela todos por baixo. E para as associações ainda é pior: os pesquisadores 
> são um péssimo exemplo. Vejam a proposta indecente de carreira única de 13 níveis. A minoria qualificada e dedicada é cada vez mais 
> reduzida. E, assim, a ANDES que acabar de vez com a meritocracia acadêmica!.
>  
> Talvez eu esteja ficando velho e chegando naquela fase da vida de achar que tudo que passou era melhor. Entretanto, entendo que não 
> pode existir liberdade de expressão onde não se respeitam os direitos dos outros colegas. O evento humilhante e constrangedor da 
> última assembléia da ADUFEPE (associação de docentes da UFPE) que participei, onde uma professora foi literalmente vaiada por querer 
> apenas colocar como ponto de pauta da reunião o término ou a persistência da greve deve ser repudiado por todos. Confesso que me senti 
> como se estivesse participando de uma associação de moradores que não tiveram a oportunidade de completar o ensino fundamental.
>  
> Os grevistas de qualquer instituição não têm o direito de atentar de todas as formas possíveis contra a universidade, como, por exemplo, 
> participar do Conselho Universitário no sentido de conseguir apoio irrestrito para a greve, exigir uma reunião com os coordenadores da pós 
> com o objetivo de paralisar os cursos de pós-graduação ou ainda uma lamentável e desastrada ação extrema de fechar o campus para ninguém 
> entrar
>  
>  Cordiais Saudações,
>  
> Gauss
------- End of Original Message -------