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Re: [ABE-L]: Deu na Folha de São Paulo
- Subject: Re: [ABE-L]: Deu na Folha de São Paulo
- From: "Marcelo L. Arruda" <mlarruda@terra.com.br>
- Date: Tue, 27 Nov 2012 18:34:04 -0200
Prezados,
Peço minhas desculpas por me intrometer nessa discussão, mas não resisto
a fazer um pequeno comentário:
Não é (no mínimo) estranho e contraditório que o mesmo Brasil (e de
certa forma a mesma "nova classe C") que não tem traquejo suficiente para se
comunicar em inglês com outras nações, erga cada vez mais edifícios com
nomes "xxx Building", "yyy Tower" ou "zzz Office", abra cada vez mais lojas
com nomes "aaa Shop" ou "bbb Store" (e com "for sale", "off price" e
expressões quetais escritas em suas vitrines) e coloque no mundo cada vez
mais crianças chamadas Maicon, Ketlen, Wesley, Jennifer etc.?
Sei que provavelmente estarei sendo polêmico mas, sinceramente, enquanto
o inglês estiver sendo usado mais para "macaqueamento" do que para um real
aculturamento, eu prefiro continuar ilhado na lusofonia...
Marcelo
----- Original Message -----
From: "Cléber da Costa Figueiredo" <cfigueiredo@espm.br>
To: "Vermelho" <vermelho2@gmail.com>; "Doris Fontes" <dsfontes@gmail.com>
Cc: "Francisco Cribari" <cribari@gmail.com>; "ABE Lista" <abe-l@ime.usp.br>
Sent: Tuesday, November 27, 2012 12:51 PM
Subject: RES: [ABE-L]: Deu na Folha de São Paulo
Legal, mas um problema que o Brasil sofre é o isolamento geográfico. É claro
que os cursos são ruins e tudo o mais. Concordo, mas a nossa nova Classe C,
mesmo que frequente cursos de idiomas, acaba por não ter onde "treinar". É
diferente do aluno europeu que de duas em duas horas está em um país
diferente e possui contato com diversos idiomas e diversas culturas. Embora
o noticiário a todo o tempo diga que a brasileirada resolveu dar a volta ao
mundo em 80 dias, não é bem toda a brasileirada. A nova Classe C resolveu
passear pelos países do Mercosul e a grande maioria está realizando o seu
sonho americano de trazer pilhas de coisas dos EUA. Para comprar não precisa
saber nenhum idioma, basta saber digitar a senha do cartão de crédito.
Por isso, que volto a dizer que o problema de países como China, Rússia,
Brasil e outros tantos é o isolamento geográfico. São países que passaram
muito tempo fechados em seus mundinhos e agora decidiram se
internacionalizar e tem como empecilho o conhecimento da própria língua. Ou
vocês conhecem algum chinês que domine fluentemente o inglês e o francês,
por exemplo? Conhecemos na academia um ou outro que se destaca, mas não é o
comum.
O Brasil esteve muito tempo isolado do restante do mundo e esse é o
principal motivo que faz com que poucas pessoas saibam se comunicar em um
língua diferente da materna. Esse isolamento fica visível, quando você
percebe que não consegue entender o português de Portugal.
Não falamos a mesma língua que os portugueses? E porque o nosso português
ainda é o português falado na época do descobrimento e não evoluiu como o
português europeu, que se aproximou demais das estruturas, tanto fonéticas
como gramaticais, do francês?
E a resposta de vocês será: NOSSAS ESCOLAS SÃO MUITO RUINS.
É isso!
________________________________
De: Vermelho [vermelho2@gmail.com]
Enviado: terça-feira, 27 de novembro de 2012 11:50
Para: Doris Fontes
Cc: Francisco Cribari; ABE Lista
Assunto: Re: [ABE-L]: Deu na Folha de São Paulo
Acho que precisamos, também, ter atenção em relação ao Português dos nosso
alunos de graduação, mestrado e doutorado, pois nas orientações um trabalho
árduo dos orientadores é corrigir texto.
Na graduação a maior fonte de dúvidas dos alunos é por não ler direito os
enunciados.
Na graduação da ENCE temos português como matéria na grade.
Em 26 de novembro de 2012 14:40, Doris Fontes
<dsfontes@gmail.com<mailto:dsfontes@gmail.com>> escreveu:
O que é preciso mudar é a QUALIDADE dos professores de inglês do EF e EM.
Praticamente todos os alunos têm inglês e espanhol desde cedo. São anos após
anos tendo essas duas línguas sem, no entanto, aprender nada! É um
desperdício de tempo dos alunos, dinheiro dos salários e venda de ilusão
conteudista.
Inglês é uma língua PRÁTICA: é possível de comunicar, mesmo que
aos-trancos-e-barrancos, em quase todos os lugares do mundo. Para que
inventar outra "moda"? Obrigar o mundo todo se comunicar em português?
Francês? Japonês? Chinês? Qual língua?
Meu filho tem 13 anos e já é, praticamente, fluente em inglês sem nunca ter
frequentado uma escola específica para isso. É só inglês do EF aliado ao
interesse pessoal por livros, música, games e vídeos/filmes em inglês (que
ele já vê no original sem legenda).
Enquanto o povo fica aí patinando e reclamando do inglês,
estudantes/profissionais de outros países vão aprendendo e usufruindo o que
o mundo tem de melhor...
Doris
Em 26 de novembro de 2012 08:38, Vermelho
<vermelho2@gmail.com<mailto:vermelho2@gmail.com>> escreveu:
Os americanos, também, sofrem da mesma doença: acham que só existe o inglês
no mundo!
Em 25 de novembro de 2012 17:59, Francisco Cribari
<cribari@gmail.com<mailto:cribari@gmail.com>> escreveu:
Folha de São Paulo, 25 de novembro de 2012
LEANDRO TESSLER
TENDÊNCIAS/DEBATES
Nossas universidades precisam falar inglês
A Argentina recebe mais alunos dos EUA do que nós... Temos a tradição de
resistir a cursos em inglês na universidade, como se fosse uma questão de
soberania
Nosso ensino superior está se internacionalizando. É uma via virtuosa: as
instituições se internacionalizam porque se qualificam e se qualificam
porque se internacionalizam.
Há um pequeno fluxo de estudantes de graduação europeus que passam alguns
anos da sua formação em nossas melhores universidades em programas de duplo
diploma.
Na pós-graduação, o Brasil é um destino importante para estudantes de países
vizinhos. O Brasil é extremamente atraente para eles: tem um sistema
universitário desenvolvido; oferece formação de primeira linha; ao contrário
do que ocorre na maioria dos países, não cobra taxas ou mensalidades de
nenhum estudante, brasileiro ou estrangeiro; há abundância de bolsas e
oportunidades de financiamento. Falamos uma língua facilmente acessível para
quem fala espanhol.
Mas os resultados atuais estão muito aquém do que poderiam ser.
O Brasil ainda tem um número pequeno de universidades entre as 500 melhores
do mundo. O número de alunos estrangeiros no Brasil é bastante reduzido. Há
mais estudantes norte-americanos na Argentina do que no Brasil. Isso se deve
à preferência dos estudantes por um país que fala espanhol, mas também pela
disponibilidade de programas de graduação em inglês.
As universidades brasileiras deveriam considerar a possibilidade de oferecer
cursos superiores em inglês -de preferência até completos- juntamente com o
português.
Na idade média, quando as universidades foram criadas, as pessoas cultas se
comunicavam em latim. Graças ao latim, um estudioso de Oxford ou de Bolonha
no século 12 podia trocar ideias com alguém de Salamanca ou da Sorbonne.
Com o passar do tempo, o latim caiu em desuso e o inglês tomou conta do
universo universitário. Atualmente não existe nenhuma conferência
internacional importante que não adote o inglês como língua franca. É
fundamental para o avanço do conhecimento que pesquisadores possam se
comunicar e se fazer entender diretamente.
Nós, brasileiros, historicamente temos resistido a introduzir o inglês como
língua de instrução nas nossas universidades.
Há quem afirme que ensinar em inglês seria renunciar à soberania nacional,
como se a nossa nacionalidade estivesse estritamente associada a falar
português. Não se tem notícia de que algum país não anglófono no qual há
ensino superior em inglês (como Portugal, berço da língua portuguesa) tenha
renunciado a sua nacionalidade por isso.
Outra posição recorrente é a do esforço: alguém realmente interessado em
estudar no Brasil deveria aprender a língua.
Em tese, isso está correto. Na prática, os estudantes preferem dirigir-se a
países onde as aulas são dadas em inglês. Eles sentem-se muito mais seguros
com a garantia de que a língua não será um problema para o aproveitamento de
sua estada.
Na verdade, se ensinássemos regularmente em inglês estaríamos fazendo muito
mais pela divulgação e expansão da cultura brasileira e da língua
portuguesa.
Uma última objeção é que isso elitizaria ainda mais as já elitizadas
universidades brasileiras. Isso talvez fosse correto se deixássemos de
ensinar em português. No entanto, a coexistência de cursos em inglês e
português ofereceria oportunidades para estudantes brasileiros conviverem
com estrangeiros e aperfeiçoarem sua proficiência em inglês.
Foi divulgado recentemente que no programa Ciência sem Fronteiras foram
concedidas duas vezes mais bolsas para Portugal e Espanha do que para o
Reino Unido, os Estados Unidos e a Austrália, onde se concentram as melhores
universidades do mundo.
Isso só pode ser explicado pela deficiência na formação dos estudantes em
inglês. É urgente mudar isso.
Os primeiros passos para uma internacionalização efetiva do nosso ensino
superior já foram dados. Falta sermos mais atraentes para estudantes de todo
o mundo, como somos atualmente para os estudantes latino-americanos. Falta
termos mais resultados de pesquisas publicados em inglês. Publicações
acadêmicas em inglês atingem a um público muito maior e têm mais impacto
sobre o desenvolvimento científico e cultural da humanidade.
O Brasil tem tudo para se tornar um centro importante mundial de ensino
superior. Precisamos saber aproveitar a oportunidade histórica.
LEANDRO TESSLER, 50, é professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da
Unicamp e assessor para internacionalização da universidade
--
Vermelho
F.: (21) 2501 2332<tel:%2821%29%202501%202332> - casa
2142 0473 - IBGE
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