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Chateando um pouco mais




Caros Redistas:
Recebi muitas mensagens sobre o meu texto ao amigo Kasha.
Alguns me pediram para dar sugestÃes sobre procedimentos possÃveis da
vida acadÃmica.
Quem sou eu para dar opiniÃes. Posso sim contar histÃrias sobre minhas escolhas e caminhos que meu destino me levou a percorrer.
Posso ainda dar algumas opiniÃes.

Depois de algum tempo de vida acadÃmica, comecei a elaborar alguns
pensamentos que refletem minhas opiniÃes.  Por exemplo, peÃo sempre a
meus alunos que tenham terminado a etapa de cursos e leituras que nÃo leiam sobre soluÃÃes de problemas que sÃo apresentados. Ler muito
impede o uso da criatividade se hà alguma na personalidade do
estatÃstico.  Percebi que isso nÃo à uma atitude isolada de minha
parte: vejam o grande Alexandre Graham Bell â âNunca ande pelo caminho
traÃado, pois este conduz apenas atà onde outros jà foram.â

NÃo acho que uma pessoa de nossa Ãrea deva apenas fazer colaboraÃÃo
com outros cientistas.  O acadÃmico da nossa Ãrea de estatÃstica deve
ter sua marca como estatÃstico e ir para outras Ãreas para arrumar
motivaÃÃes para novos resultados da estatÃstica como ciÃncia ou Ãrea
de concentraÃÃo.  Recentemente, Adriano me premiou com uma publicaÃÃo
na IEEE â confiabilidade.  Um trabalho totalmente teÃrico, mas com
motivaÃÃo na Ãrea de engenharia.  Nossos trabalhos de diagnÃstico e
diagramas de influÃncia foram motivados em minhas colaboraÃÃes com o
INCOR.
Se o estatÃstico inverte a seta de motivaÃÃo corre o risco de ter uma
Ãnica ferramenta (seu martelo) a procura de problemas para utiliza-la (procurando pregos para bater com seu Ãnico martelo). Ser motivado
por um problema faz a procura de uma ferramenta adequada exacerbar a
criatividade â Pregos a procura de martelos eficientes â.

Meu exemplo preferido veio do Dr BeÃak do Butantan quando me procurou para salvar um artigo que havia sido rejeitado pela estatÃstica usada,
um teste chi-quadrado.  Criei assim na minha busca por soluÃÃo uma
verossimilhanÃa parcial.  Usei um resultado que sà foi descrito por
Cox dois anos depois (1975) no paper partial likelihood cuja prova de
seu uso adequado foi apresentado por Basu em seu paper sobre
eliminaÃÃo de parÃmetro nuisance.  A tÃcnica que âcrieiâ em 1973 sÃ
foi aparecer pelos grandes dois anos depois.  AlguÃm curioso pode
olhar nosso primeiro paper em mutation research 28 (1975):449-54 e
conferir com o paper de Cox (1975) na Biometrika.

Mas o mais interessante de tudo à que essas coisas sÃo de uma
simplicidade incrÃvel.
Minha experiÃncia indica uma regrinha que Ã: primeiro cumpra seu papel
na sua Ãrea com tudo teÃrico e eficiente como deve ser feito; quando
se sentir confortÃvel ofereÃa seus serviÃos a um grupo de pesquisa
eficiente. Vire primeiro um tÃcnico competente para depois se tornar um co-autor sistemÃtico. Em paralelo deve ir produzindo seus
trabalhos de sua Ãrea.  Nunca abandone essa parte da caminhada.
SaudaÃÃes
Carlinhos

--
Carlos Alberto de BraganÃa Pereira
http://www.ime.usp.br/~cpereira
http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
Stat Department - Professor & Head
University of SÃo Paulo