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A idade e a dor



A Idade e a dor

Ao nos tornarmos pessoas idosas, ganhamos a companhia do sentimento de
dor. DÃi ombro, dÃi perna, dÃi tudo.  Mas a dor fÃsica nÃo à o que
mais me aflinge. Â

à claro que por ser estatÃstico jà sofremos ao nÃo saber como predizer
quando à o final. ÂMas a perda dos amigos queridos nos provoca a dor
maior que à a saudade.
Â
No ano passado, alem do mestre Ricardo Brentane, eu tambÃm perdi a
presenÃa de meu querido professor Luis Edmundo MagalhÃes, meu mestre
da genÃtica populacional. Â
Ele foi quem me apresentou ao problema que resolvi em minha tese de
mestrado, defenda em 1971. ÂNos Ãltimos anos trabalhÃvamos no livro da
SBPC sobre cientistas brasileiros jà falecidos. Â

Antes de sua morte, no leito do hospital ele recebeu uma cÃpia dos
manuscritos e entÃo disse que podia se despedir e ali ficou ele. Â
Evidentemente que o livro foi adiado e assim incluÃmos nos biografados
a pessoa do editor, o Edmundo. Â

Esta semana estive em uma reuniÃo para olharmos a versÃo final do
livro que deve ser publicado em finais de 2013. ÂÃ o que todos da
comissÃo esperamos.

No mesmo dia de nossa reuniÃo perdia outro querido amigo, Alexandre
dos Santos Aguiar. Â
Um mÃdico cirurgiÃo pediatra incrÃvel com uma visÃo humanista impar da vida.
Gostava muito de viver no anonimato fazendo seu trabalho e seus
estudos que ajudavam a muita gente, pacientes, colegas e amigos como
eu. Â

Era um pensador!
Nossa amizade tambÃm era Ãnica, pois nosso relacionamento quase
resumia-se ao nosso cafà da manhà semanal e aos meus pedidos de
orientaÃÃo relativos aos meus problemas de saÃde â nÃo sà meus, mas de
todos que me rodeiam e que a mim recorrem â.
Ao sair do Hospital onde trabalhava, passava em minha casa e Ãamos
para nosso cafÃ.
Ãamos para a padaria da Rua MaranhÃo, esquina com Bahia, em
HigienÃpolis onde, embora um lugar simples, muita gente da pesada
apareÃa por ali.
Ele me ligava durante a semana e perguntava âGrande Carlinhos, vai ter
cafetÃo no PIB?â.
Sempre arrumava um jargÃo apropriado para situaÃÃes diversas. Â

Trabalhamos juntos em dois projetos: o primeiro em uma tese de
doutorado de uma colega dele, quando o conheci, e outro ao realizarmos
as anÃlises de sobrevivÃncia para o banco de transplantes da ABTO. Â
Era um conhecedor de tÃcnicas estatÃsticas e computacionais: Um Hacker
dos melhores! Â

A cultura deste amigo era impressionante, pois me dava aulas sobre os
mais diversos temas. Â
Desde que ficou doente sinto muitas saudades de nossos encontros que
sà me enriqueceram. Â
Compartilho com vocÃs o blog deste amigo com muitos artigos que
escrevia fruto de suas preocupaÃÃes. Â
Vejam seu texto sobre os ciclistas de SÃo Paulo. Â

Encontrei um livro que pode ter sido escrito por ele, mas nÃo sei; ele
nunca referenciou. Â
Acho que poderia ter sido escrito por ele sim. Â
Alem das pÃginas de seu blog e do livro, envio um artigo que
escrevemos em nossas conversas matinais. Â

Descanse em paz meu amigo ALE!

Carlinhos

http://asaguiar.net/index.php

http://issuu.com/castanha_mecanica/docs/aguiar__alexandre_-_poesias_mal-feitas_de_um_poeta


--
Carlos Alberto de BraganÃa Pereira
http://www.ime.usp.br/~cpereira
http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
Stat Department - Professor & Head
University of SÃo Paulo

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