MAC-339 Informação, Comunicação e a Sociedade do Conhecimento
FASE 2

Prof. Imre Simon

 

Autora: Andréa Ferreira Gonçalves

 

Tema: Impacto da Internet nas bibliotecas universitárias como centros distribuidores de informação

 

Objetivos:

 

Sumário

1. Introdução *

2. Entendendo o contexto *

2.1. Biblioteca *

2.2. Universidade *

3. Contribuições da Internet para as bibliotecas *

4. Contribuições das bibliotecas para a Internet *

5. Possíveis panoramas *

5.1. Estrutura e instalações físicas *

5.2. Acervo *

5.3. Organização do acervo *

5.4. Serviços e produtos *

6. Considerações finais *

7. Bibliografia consultada *

8. Outros apontadores na Internet *

 

 

1. Introdução

Durante séculos, as bibliotecas foram vistas como o principal centro disseminador de informação para a sociedade, um lugar onde se poderia encontrar todos os registros do conhecimento classificados, catalogados e organizados.

Com o surgimento da Internet, primeiramente no meio acadêmico, e logo com sua expansão comercial, as pessoas passaram a ter a oportunidade de (a) elas mesmas publicarem suas fontes de informação, e (b) consultar informações produzidas por outras pessoas sem precisar recorrer aos registros da biblioteca.

O enorme volume de informações disponível na Internet fez com que a rede começasse a ser comparada com uma grande biblioteca, e ainda por cima com a conveniência de não mais precisar ficar anotando números incompreensíveis para localizar o livro na prateleira ou ter que esperar pela boa vontade do atendente que se encarregaria de trazê-lo. Bastava digitar uma palavra e todo o acervo se abriria a sua frente, pronto para ser pesquisado.

Porém, é importante diferenciar a informação que simplesmente está presente na Web, ou seja, toda informação que está disponível, daquela que realmente é utilizada, uma vez que a tarefa de organizá-la e decidir o que será — ou não — visto e conhecido pelos usuários é o que a tornará acessível (HARGITTAI, 2000).

Sem uma organização adequada, qualquer pessoa corre o risco de não conseguir beneficiar-se de tamanha produção, ou pelo menos da parte que lhe interessa, por não conseguir recuperá-la ou por nem mesmo saber de sua existência. Por outro lado, a Internet trouxe mais liberdade, e a possibilidade de escolher a forma de intermediação, pessoal ou eletrônica, entre nós e a informação.

O perigo deste comportamento está em que não há um controle de credibilidade da informação disponível na rede, e grande parte dos usuários parece não se preocupar com este ponto. No meio acadêmico, é particularmente perigoso valer-se de informações de fontes não confiáveis.

Estes são apenas alguns pontos que levam a pensar que, à primeira vista, o que poderia significar o fim das bibliotecas, passou a ser visto por elas como uma possibilidade de mudar e expandir sua atuação.

 

2. Entendendo o contexto

 

2.1 Biblioteca

De um modo geral, a função das bibliotecas sempre foi a de recolher informação do passado e preservá-la para o futuro. Dentro dessa missão, percebe-se que o foco de atuação das bibliotecas era representado pelo acervo, visando seu correto desenvolvimento, tratamento e preservação.

Esse paradigma foi fortemente abalado simultaneamente à chegada das tecnologias de comunicação em rede que proporcionaram um crescimento extremamente rápido e elevado do volume de informações disponível para a sociedade. A explosão bibliográfica decorrente fez com que a maior parte das negociações informacionais da sociedade passasse a ocorrer em um espaço público, com maior participação e interação por parte do usuário.

Uma vez consciente da quantidade e variedade de informação disponível e de seu direito ao livre acesso a informação produzida pela sociedade, o usuário passou a exigir mais atenção a suas necessidades informacionais, e o resultado para as bibliotecas, que até então eram tidos como os únicos fornecedores credenciados do conhecimento, foi uma transformação conceitual.

O foco de seus serviços passou a ser o usuário, e sua missão, selecionar, reunir e organizar informação a fim de melhor atender à comunidade de usuários, sem descuidar da preservação dessa informação.

No início, a estrutura tradicional das bibliotecas revelou não estar preparada para sua integração nesse novo contexto. A dificuldade na obtenção de fontes de informação, no tratamento de documentos em formato eletrônico, na organização e disseminação de informação nesse formato foram algumas das barreiras enfrentadas pelas bibliotecas.

Diferentes tipos de problemas se colocaram para os diferentes tipos de bibliotecas, uma vez que o funcionamento de cada uma delas depende de seu público-alvo, seu alcance temático e geográfico, entre outros fatores. A princípio, este trabalho deve tratar principalmente do caso das bibliotecas universitárias, uma vez que neste nicho o impacto das tecnologias é muito mais visível do que para as bibliotecas públicas e escolares.

 

2.2 Universidade

A biblioteca universitária não pode ser dissociada do ambiente em que está inserida, uma vez que as mudanças estruturais, econômicas e políticas ocorridas nas universidades necessariamente irão refletir em suas bibliotecas.

As universidades vem passando por um processo de redefinição do seu papel. Em todo o mundo, discute-se questões como a dificuldade de financiamento para pesquisas, o desprestígio da pesquisa em relação ao ensino, as formas alternativas de geração de receita, a perda do sentido de formação básica do indivíduo frente a necessidade de especialização, a qualidade do ensino de graduação e a autonomia das universidade públicas.

No Brasil, a discussão de muitas dessas questões está presente há anos na pauta das entidades representativas do ensino superior e do governo sem encontrar solução permanente, criando um clima de crise de identidade dessas instituições. A indefinição sobre o destino das universidades se estende a todas as suas esferas, afetando também o destino das bibliotecas universitárias. (CUNHA, 2000)

Os efeitos da globalização se fizeram sentir nas universidades não apenas em níveis econômicos, mas principalmente em relação a maneira como o conhecimento ali produzido é tratado e valorizado pela sociedade. A idéia de que o conhecimento acadêmico deve ser preservado apenas para uma elite freqüentadora desses círculos deu lugar à necessidade de apresentar aplicações práticas para a sociedade, atendendo às demandas impostas pelo mercado. Embora essa uma lógica – a do mercado – seja antiquíssima, nota-se que sua força cresceu consideravelmente nas últimas décadas.

Percebe-se claramente que aqueles cursos cujo enfoque aponta para as tendências do mercado e da indústria — como as áreas da ciência, tecnologia e medicina — são os mais privilegiados em visibilidade e repasse de recursos para pesquisa, enquanto as áreas mais distantes dessa realidade — notadamente as humanidades e ciências sociais — sobrevivem mal em meio a falta de condições para seu crescimento.

Mas em todas as áreas, o principal problema a ser enfrentado pelas universidades é a falta de recursos financeiros e materiais. E nesse ponto, a biblioteca quase sempre está em posição de desvantagem, já que tradicionalmente, elas são centros de custos e não de captação de recursos. (CUNHA, 2000)

Porém, as bibliotecas têm um trunfo, que é o de ser consideradas como um fator de acréscimo de valor aos serviços das instituições de ensino superior, e no atual cenário de crescimento dessas instituições, isso pode ser particularmente benéfico para o desenvolvimento das bibliotecas universitárias.

Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2000 realizado pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, o número de alunos dos cursos de graduação cresceu quase 14% no ano passado, sendo que a rede privada apresentou o maior crescimento em número de matrículas (17,5% em relação ao ano anterior), abertura de novos cursos (22%) e abertura de novos estabelecimentos de ensino (11%). Nota-se também uma tendência a agregação de faculdades, escolas e institutos em unidades maiores.

Ainda assim, estima-se que a demanda por cursos de graduação continua reprimida, com um potencial de expansão maior do que o observado nos últimos anos, o que deve influenciar na expansão dos serviços das bibliotecas universitárias no futuro próximo.

Cabe ainda dizer que o crescimento da clientela universitária e as mudanças em processo no ambiente acadêmico são dois fatores que implicam na formação de uma geração de profissionais sob um paradigma diferente do que temos vivido, e as bibliotecas terão um importante papel a desempenhar nessa formação, uma vez que é ela a entidade intermediadora dos processos de aquisição e gerenciamento da informação, um dos principais valores do novo paradigma da sociedade.

 

3. Contribuições da Internet para as bibliotecas

Engana-se quem pensa que o uso das tecnologias de informação são uma novidade para as bibliotecas. Segundo CUNHA (2000), "em todas as épocas, bibliotecas sempre foram dependentes da tecnologia da informação [...] nos últimos 150 anos, as bibliotecas sempre acompanharam e venceram os novos paradigmas tecnológicos".

Exemplos dessa convivência são a informatização dos catálogos de acervo, o intercâmbio de registros bibliográficos, a catalogação cooperativa, o acesso a bases de dados em linha e o uso do CD-ROM para recuperação de referências bibliográficas e texto completo.

A chegada da Internet força as bibliotecas a novamente expandir suas atividades, e esta lista torna-se mais extensa, incluindo a assinatura de periódicos eletrônicos, a comutação bibliográfica via rede e a disponibilização do catálogo da biblioteca na Web.

Além disso, os bibliotecários passaram a usar cada vez mais os recursos da rede nos processos internos de busca de informação e para aumentar seu conhecimento profissional, técnico e científico através de grupos de discussão, grupos de notícia e troca de mensagens eletrônicas com outros profissionais. Algumas bibliotecas também têm se preocupado em oferecer a seus usuários acesso aos recursos da Internet e o treinamento necessário para que eles mesmos conduzam suas pesquisas.

A Internet também chegou às bibliotecas com a implantação de sistemas web-based para o gerenciamento dos serviços técnicos como seleção e aquisição de materiais, catalogação, pesquisa e empréstimo.

Pelo fato de disponibilizar uma enorme quantidade de informação, a Internet passou a ser vista pela sociedade em geral, e pela comunidade acadêmica, em particular, como uma grande biblioteca, onde seria possível encontrar material de pesquisa em praticamente qualquer área do conhecimento. Mas na verdade, a Internet não é e nem pode ser uma grande biblioteca, pois como já vimos, a missão de uma biblioteca é selecionar, reunir e organizar informação, atividades que não são cabíveis no contexto da rede por si só, exceto em segmentos muito reduzidos. O que as tecnologias de comunicação proporcionam é uma rápida expansão do universo bibliográfico. (FURTADO, 1998)

 

4. Contribuições das bibliotecas para a Internet

"Muito embora a Internet não possa, visivelmente, ser uma biblioteca, o destino das bibliotecas na era digital está irremediavelmente ligado às grandes redes de informação e comunicação". (FURTADO, 1998) Essa afirmação pode ser aplicada nos dois sentidos: tanto ao integrar os recursos da Internet ao acervo das bibliotecas, mas com um tratamento que agregue valor ao conteúdo selecionado, como ao adaptar e implementar na rede os processos de tratamento de informação que permitam organizá-la e recuperá-la com eficiência, como ocorre nas bibliotecas.

A primeira contribuição que pode ser dada pelas bibliotecas, embora pareça paradoxal, é a noção do valor informacional de materiais não digitais. Considerando que uma parte realmente expressiva de todos os recursos informacionais existentes encontra-se em formato não digital e que dificilmente todo esse volume de informação será digitalizado algum dia, deve-se reconhecer que sua importância não é desprezível.

Borgman (apud FURTADO, 1998) atribui essa desvalorização dos materiais impressos a três concepções errôneas: primeiro, a de que a informação digital irá suplantar, mais do que suplementar, os recursos já existes; segundo, ao fato já citado neste trabalho de que a Internet é vista por alguns como um substituto adequado da biblioteca; e terceiro, de que os índices e catálogos que indicam recursos informacionais só têm interesse se os documentos a que se referem estiverem online.

Outra contribuição importante é em relação a preservação dos suportes e da informação. Se a conservação de materiais tradicionais já demonstrava ser uma tarefa complexa, necessitando cuidados de infra-estrutura física como armazenamento, iluminação e níveis de umidade e temperatura adequados, para os materiais digitais soma-se a questão da preservação do conteúdo, uma vez que não há garantias de permanência dos recursos disponíveis na Internet.

Como não é possível exigir dos proprietários ou editores da informação essa garantia, cabe a biblioteca providenciar o acesso permanente a toda informação selecionada e referenciada em seus registros. A questão complica-se mais se levado em conta que qualquer política de conservação nesse sentido implica na definição de regras de direito autoral para cópia e armazenamento de conteúdos, cuja legislação está longe de encontrar um consenso.

Por fim, outra importante contribuição pode ser feita na definição de padrões qualitativos para a construção de bibliotecas digitais. É comum encontrar-se bases de dados que se auto-denominam bibliotecas digitais, quando o real significado desse termo vai muito além da simples coleção de registros e apontadores. Uma biblioteca oferece mecanismos de organização e controle da informação, além de serviços que agregam valor a informação.

 

5. Possíveis panoramas

É possível encontrar serão na literatura diversas opiniões sobre o futuro das bibliotecas. A quantidade e a variedade de mudanças que podem ocorrer são grandes, de modo que serão divididas entre os seguintes aspectos principais:

 

5.1 Estrutura e instalações físicas

O ensino superior ruma em direção a novos paradigmas de aprendizagem, que têm como característica a adoção de atividades centradas no aluno, em suas necessidades de conhecimento e ritmo próprio de desenvolvimento. O professor deixa de ser o provedor do conhecimento e passa a atuar como facilitador do processo de aprendizagem. O contato presencial deixa de ser fundamental e as tecnologias de comunicação farão a ponte entre aluno e professor, com a instituição como intermediadora desse contato.

Nesse modelo, as instalações físicas das universidades poderão ser drasticamente diminuídas, diminuindo custos de manutenção e pessoal, cujos recursos serão direcionados para a implantação de infra-estrutura tecnológica e investimentos em publicidade.

Face a essas condições, as bibliotecas não necessariamente deixarão de contar com uma infra-estrutura física. Ainda que seja esperado que grande parte de seu acervo passe a ocupar menos espaço, a medida que novos materiais serão adquiridos em formato digital e os antigos possam ser paulatinamente digitalizados, a biblioteca deverá ser o local onde se dá o acesso aos recursos informacionais. É possível que o espaço deixado pelas estantes seja pouco para alojar uma quantidade de terminais de consulta suficiente para atender a demanda dos alunos.

Além disso, muitas das atuais bibliotecas deverão mudar-se para novas instalações ou sofrer reformas, a fim de adequar seu espaço às necessidades tecnológicas que exigem suporte adequado em sistemas de comunicação, elétricos e de iluminação.

 

5.2 Acervo

A explosão bibliográfica proporcionada pela Internet faz com que os programas de formação e desenvolvimento do acervo passem a ter uma importância ainda maior no gerenciamento das bibliotecas. A aquisição de obras em formato digital não significa necessariamente o barateamento de custos, e sabendo-se que as bibliotecas historicamente enfrentam problemas de restrição de orçamento, a tarefa de selecionar o que deverá fazer parte do acervo fica cada vez mais difícil.

Uma possível saída para essa questão, e que já vem sendo utilizada por muitas instituições, é a formação de consórcios de bibliotecas para aquisição conjunta de acesso a bases de dados bibliográficas e de periódicos de texto completo. No Brasil, um exemplo de sucesso é o PROBE - Programa Biblioteca Eletrônica (www.probe.br), uma parceria entre a BIREME e as universidades públicas do Estado de São Paulo, que provê acesso a diversas bases de dados internacionais de texto completo a partir de qualquer terminal ligado à rede de uma dessas universidades.

Outro procedimento tradicional das bibliotecas que deve ganhar importância é a comutação bibliográfica, ou empréstimo entre bibliotecas, uma vez que com o uso das tecnologias de comunicação esse recurso vem tornando-se cada vez mais rápido e de menor custo para suprir lacunas do acervo local de cada instituição.

 

5.3 Organização do acervo

O desafio para a organização do acervo vem da diversidade de formatos e suportes existentes para a disponibilização dos recursos informacionais. Páginas da Web, registros de bases de dados, programas de computador e mensagens de correio eletrônico são apenas alguns exemplos de materiais bibliográficos com estrutura e manipulação bastante diferente dos materiais tradicionais, e que agora devem ser tratados pelas bibliotecas.

Como assegurar a recuperação de materiais tão distintos e ao mesmo tempo utilizar um sistema de catalogação e classificação uniforme? Como garantir que o usuário localize a informação desejada, independente do formato ou suporte em que ela se encontre?

As normas de catalogação normalmente utilizadas para o controle de materiais originalmente não previam a descrição de tal variedade de formatos e suportes e estão sendo adaptadas para atender a essa nova realidade. Paralelamente, há várias iniciativas de grupos de trabalho em universidades e associações profissionais no sentido de desenvolver metodologias que permitam uniformizar a catalogação e classificação de recursos da Internet por meio de metadados.

Um dos principais projetos nessa área é o Dublin Core, destinado a estabelecer padrões para essas informações através de um conjunto mínimo de metadados para facilitar a recuperação de documentos em formato eletrônico, que incluem elementos descritivos familiares, como autor, título e assunto, e outros como duração temporal do documento e relacionamento com outros documentos impressos ou eletrônicos.

Uma dificuldade para a implementação e evolução desses padrões está na formação dos bibliotecários, que agora "além de conhecer seus instrumentos de trabalho, necessitam dominar outros, tais como metadados e marcação de textos, e também estar aptos a lidar com as características multimídia dos novos documentos". (CUNHA, 2000)

Da mesma forma que com os acervos, há uma tendência no compartilhamento de recursos entre as bibliotecas no que se refere a catalogação e classificação de itens do acervo. A catalogação coletiva já é uma realidade na maioria das grandes bibliotecas brasileiras. A diferença, no futuro, será que a catalogação poderá incorporar em seus campos a localização remota do documento, no caso de materiais digitalizados — que tanto podem ser textos, como sons, imagens, vídeo — permitindo que o usuário que recuperar aquele registro remeta-se automaticamente a seu conteúdo.

 

5.4 Serviços e produtos

Os produtos oferecidos pelas bibliotecas deverão abranger, além do acervo físico de livros e periódicos, o acesso a bases de dados bibliográficos e de texto completo, assinatura de serviços de disseminação seletiva de informação e equipamentos para acesso a recursos da rede.

A formação de um acervo digital de livros eletrônicos (e-books) e assinaturas de periódicos de acesso remoto também será de grande valia, principalmente nas instituições que oferecerem cursos à distância e que poderão dessa forma fazer da biblioteca um diferencial significativo para a captação de público.

Um dos serviços mais tradicionais e de maior importância na biblioteca é e continuará sendo o serviço de referência. O sucesso da localização de uma informação depende da combinação de uma série de fatores, como a correta interpretação da questão e o uso adequado das ferramentas de recuperação, atividades para as quais é necessário treino e conhecimento.

A infinidade de informação e a desorganização dos dados na Internet, somadas a falta de preparo dos usuários para recuperar informações relevantes, seja na rede ou no catálogo da biblioteca, mostra que em muitos casos a presença de um intermediador ainda será fundamental para assegurar a interação dos usuários com a informação em seus diversos formatos. A intermediação em muitos casos poderá não ser presencial, mas por meio de instruções e tutoriais disponíveis no acesso aos recursos de informação. Mesmo cursos e treinamentos formais de educação para o usuário poderão beneficiar-se das tecnologias de ensino a distância para serem ministrados.

As próximas gerações de universitários seguramente contarão com maior familiaridade com os recursos tecnológicos, a medida que se tornam mais comuns em todos os círculos. Porém, considerando que atualmente a grande maioria dos universitários só vem a fazer uso de uma biblioteca e entrar em contato com o ambiente de pesquisa após iniciar um curso superior, o encaminhamento das políticas de ensino no Brasil não aponta para uma mudança significativa nesta área.

Por outro lado, pode-se contar com uma parcela de usuários que exibe desenvoltura suficiente para manejar com sucesso diferentes ferramentas de recuperação de informação e demonstrar necessidades que irão guiar o desenvolvimento dessas ferramentas.

 

6. Considerações finais

Pode-se depreender que a biblioteca universitária no futuro deverá ser um conjunto de recursos informacionais dispostos em variados formatos e suportes, e estará voltada para o atendimento das necessidades individuais do público universitário, independente do espaço em que ele se localize.

A biblioteca será um auxiliar indispensável na formação de profissionais dentro do paradigma de aprendizado contínuo, assíncrono e focado no aluno, que se anuncia como o cenário das universidades no futuro próximo.

Como vem acontecendo no desenvolvimento de sua história, as bibliotecas continuarão se adaptando às novas condições e tecnologias, pois mais do que em processos, sua natureza está baseada em uma missão, cujos instrumentos utilizados para realizá-la são apenas meios, e não fins.

     

7. Bibliografia consultada

     

    AGRE, Phillip E. Commodity and community: institutional design for the networked university. Planning for Higher Education, v.29, n.2, 2000, p. 5-14. Disponível em <http://dlis.gseis.ucla.edu/pagre/>.

    AGRE, Phil. The end of information and the future of libraries. Progressive Librarian. v.12, n.13, 1998.

    CHARTIER, Roger. Biblioteca sem muros. In: A ordem dos livros. Brasília: UnB, 1994, p.67-93.

    CRAWFORD, Walt. Paper persists: why physical libraries still matter. ONLINE. Jan. 1998. Disponível em <http://www.online.com/OLtocs/OLtocjan3.html>.

    CUNHA, Murilo Bastos da. Construindo o futuro: a biblioteca universitária brasileira em 2010. Ciência da Informação, v.29, n.1, Abr. 2000, p.71-89. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0100-19652000000100008&lng=pt&nrm=iso>.

    CUNHA, Murilo Bastos da. Biblioteca digital: bibliografia internacional anotada. Ciência da Informação, v.26, n.2, Mai. 1997. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19651997000200013&lng=pt&nrm=iso>.

    FEEMSTER, Ron. When libraries faced the future. University Business. 2000. Disponível em <http://www.universitybusiness.com/0002/library.html>.

    FURTADO, José Afonso. Bibliotecas na era digital. Revista de Biblioteconomia de Brasília. v.22, n.1, p.3-17, jan./jun. 1998.

    FUTURE of libraries. Wired. v. 3, n. 12, 1995. Disponível em <http://www.hotwired.com/wired/3.12/departments/reality.check.html>.

    INEP. Educação superior recebe 3,8 milhões de alunos em seis anos. 21 nov. 2001. Disponível em <http://www.inep.gov.br/noticias/news_499.htm>.

    INEP. Matrícula registra maior crescimento da década. 21 nov. 2001. Disponível em <http://www.inep.gov.br/noticias/news_498.htm>.

    SILVA, Luiz Antônio G. da; MÁRDERO, Miguel Ángel; CLÁUDIO, Silvana. Acompanhamento das bibliotecas brasileiras na Internet. Ciência da Informação, v.26, n.2, Mai. 1997.

    HARGITTAI, Eszter. Open portals or closed gates? Channeling content on the World Wide Web. Poetics, v.27, p.233-253, 2000. Disponível em <http://www.elsevier.nl/locate/poetics>.

     

8. Outros apontadores na Internet

 

D-Lib Magazine - http://www.d-lib.com

Dublin Core - http://www.dublincore.org

INEP - Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos - http://www.inep.gov.br

PROBE - Programa Biblioteca Eletrônica - http://www.probe.br

 

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