[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

RE: [ABE-L]: Corroborando com a Mensagem do Morettin



Gauss:

Essa estória parece uma piada, tamanha a estupidez. Mas, estórias como
essa, com o mesmo CONRE, eu as coleciono desde 1970. Naquele ano, o
CONRE-SP oficiou à Unicamp, pedindo os nomes dos professores de
estatística, que deveriam ser registrados no CONRE, por força de lei
(dizia o ofício). O Prof. Zeferino respondeu ao ofício, em carta (isto
já significava um desmerecimento formal ao Conre), dizendo que a
universidade era autônoma. Disse o Reitor que, se a universidade
resolvesse colocar uma pessoa, formada em engenharia, para ensinar
anatomia no curso médico ela o faria, o que seria dependeria só da
capacidade do docente. Curioso, ouvi dizer que, pouco tempo depois, esse
presidente do Conre fôra processado, ele mesmo, por achacar empresas,
obrigando-as a contratá-lo (pró-forma, como farmácias fizeram com
farmacêuticos por muito tempo) ou a enfrentar multas.

E os Conre, para que servem? Uma vez, só para testar, denunciei ao Conre
um uso errado e ilegal (ex vi a lei) da estatística. Solicitei que um
representante do Conre fosse a um seminário, na USP, só para participar
de um debate e, ipso facto, tomar conhecimento do inteiro teor da
denúncia. Aliás, fiz uma representação por escrito! Foi gente de muitas
organizações lá - menos o Conre. Fiz isso outra vez, em outro problema,
com o mesmo resultado, inação total. 

A regulamentação da profissão de estatístico é tola. Mas existe.
Deveríamos fazer um lobby, um movimento, para acabar com ela.

Quanto à sua estória, cabe uma triste conclusão: para que nos
preocuparmos com algo inerte, como o Conre? Que pode ele fazer?
Pergunto: resultou multa efetiva, que teve de ser paga? Não acredito. 

De resto, sabe a sociedade, e sabemos nós também, quem são os
estatísticos. Aliás, nós os formamos, não é? Somos nós que damos a eles
o direito de se registrarem no Conre! Suprema ironia...

-----Original Message-----
From: gauss@ufba.br [mailto:gauss@ufba.br] 
Sent: Tuesday, September 09, 2003 10:31 AM
To: abe-l@ime.usp.br
Cc: gausscordeiro@uol.com.br
Subject: [ABE-L]: Corroborando com a Mensagem do Morettin


Caros Colegas,

O Pedro Morettin tem razão em relação aos pontos que descreveu. Gostaria
de salientar o que aconteceu comigo - vítima do CONRE como orgão
regulador da profissao de estatistico. Em 1991 o Jornal do Brasil
publicou (com chamada na primeira página) uma reportagem sobre previsão
de AIDS no País onde eu (então pesquisador do 
IMPA) e o Dani Gamerman (UFRJ) usávamos métodos distintos de previsão do
número 
de soropositivos pelo vírus HIV no País até o ano 2000. No dia seguinte
da 
publicação do JB com esta reportagem, representantes do CONRE-RJ
procuraram 
a Direção do IMPA para MULTÁ-LO (o termo foi essse mesmo) por empregar
uma 
pessoa (eu) que não estava habilitada a fazer previsões de Estatística,
principalmente porque a matéria continha uns gráficos. Para manter um
paralelismo com a inabilidade do CONRE é como somente os matemáticos
pudessem usar o teorema de Pitágoras...

Cordiais Saudações,
Gauss Cordeiro
 


-------------------------------------------------
This mail sent through IMP: http://www.webmail.ufba.br