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A estória do estatístico X



Vou contar uma estória realmente verdadeira que aconteceu
com o estatístico brasileiro X (X é em respeito ao seu
nome). Este estatístico estudava no Imperial College sob a
orientação de David Cox entre 1983 e 1987. Vivia em Londres,
com mulher e filho enfrentando dificuldades financeiras,
que presenciei num jantar em abril de 1985 na sua casa.
Ele tinha bolsa da FAPESP nos primeiros dois anos
e, depois, conseguiu uma bolsa do CNPq. Em 1986, ele
solicitou ao CNPq prorrogação da sua bolsa – que já tinha
dois anos, por mais 15 meses. O Comitê Assessor do CNPq
– da qual fazia parte eu e o Prof.Pedro Morettin-, em
princípio foi contra, pois havia o prazo máximo de 4 anos
para um bolsista concluir o doutorado no exterior. Entretanto,
no processo dele,  havia uma carta do Prof. David Cox
elogiando o seu trabalho e AFIRMANDO que com a prorrogação
solicitada ele iria concluir a tese. O Morettin conhece bem
o teor da carta. Em vista disso, nós prorrogamos o prazo de
sua bolsa para ele terminar o seu doutorado.
Resultado final: depois desses  15 meses, o Cox reprovou
covardemente a tese e disse que X deveria se contentar com
um DIC (Diploma do Imperial College). X me ligou de madrugada
desesperado, perguntando se deveria aceitar a proposta
ou recusá-la para voltar ao Brasil e tentar defendê-la em
alguma instituição aqui. Eu, constrangido e abatido com a
notícia, sugeri que ele aceitasse. Atualmente, X é professor
de Estatística em uma instituição de Portugal mas foi uma
pobre vítima da soberba inglesa.
Saudações,
Gauss Cordeiro