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Um pouco de Francisco Aranda-Ordaz



Caros Redistas,

Aproveitando o e-mail do Pablo sobre o ?Prêmio Francisco Aranda-Ordaz?, homenagem justa que é concedida à melhor dissertação de doutorado a cada CLAPEM, escrevo algumas linhas sobre Aranda-Ordaz para àqueles que não o conheceram.
Existe outro Prêmio Francisco Aranda-Ordaz para teses de mestrado e licenciatura no México.

Há cerca de 15 anos (em 1991) morria tragicamente (assassinado por engano) Francisco Aranda-Ordaz, pesquisador renomado de Estatística e professor do Instituto de Investigaciones em Matemáticas Aplicadas y en Sistemas (IIMAS) do México. Francisco, certamente, era um dos líderes da Estatística no
seu País e na América Latina. Era casado com uma brasileira.
Fui colega de Francisco, entre 1979 e 1980, no Imperial College (Universidade de Londres). Francisco ? bem diferente de mim ? era calado e não gostava muito de jogar conversa fora.
Sempre andava de terno bem diferente dos latinos que convivia
em Londres. Tomei algumas cervejas com ele em poucas ocasiões num "pub" em South Kensigton.  Presenciei o seu trabalho de conclusão de tese, a escrita do seu artigo ?On two families of transformations to additivity for binary response data?, que à época ele me deu uma cópia xérox logo que ficou datilografado.
O artigo foi publicado na Biometrika em 1981. Neste artigo,
ele propôs transformações do tipo-potência para probabilidades visando modelar afastamentos simétricos e assimétricos do modelo logístico. É um tipo de transformação do tipo Box-Cox só que válido para probabilidades.

Uma semana antes de morrer, Francisco visitou (como meu convidado) o Rio, ficando hospedado no Flat em forma de
cilindro no Leblon, onde apresentou uma conferência na 2ª
Escola de Modelos de Regressão. Como se fosse hoje, tenho a lembrança que ele me disse na ocasião ?estou com medo de sair sozinho no Rio e ser assaltado?. Por conta disso, saía sempre (para conhecer a noite carioca) com outros colegas latinos, principalmente, com o Guido del Pino. No sábado, após o encerramento da Escola, voltou para o México. Na semana seguinte, eu estava na sala do Morettin no IME/USP, quando fiquei sabendo de sua morte estúpida e trágica, através de
um telefonema (acho que) do Federico O´Reilly. Neste mesmo ano de 1991, houve um simpósio em homenagem ao Aranda-Ordaz na Cidade do México, onde apresentei uma conferência na condição
de ex-colega dele de doutorado.
Saudações,
Gauss Cordeiro