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Re: [ABE-L]: Diretrizes Curriculares e Carga Horária Mínima



Prezada Flavia, Gauss e colegas da rede
Eu gostaria de expressar meio enfático apoio a sua posição contraria ao aumento da carga horária mímina de 3000 horas para os cursos de graduação  em Estatística proposta no parecer 8/2007 do Conselho Nacional de Educação (http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces008_07.pdf) aprovado em 31 de janeiro desse ano .

Gostaria de lembrar um traço muito arraigado na sociedade brasileira que julgo ser relevante em nossa discussão . Trata-se da vocação cartorial em nosso pais. Lembro que já tivemos um Ministério da Desburocratização ( O Ministro Helio Beltrão conseguiu estabelecer uma série de medidas desburocratizantes , entre elas a eliminação da obrigatoriedade de firmas reconhecidas ) Após o termino de sua gestão foram restabelecidos todos os entraves burocráticos que haviam sido eliminados.
Quanto ao tópico do parecer gostaria inicialmente de considera-lo em seu 
aspecto geral , ou seja a fixação de cargas horárias mínimas para os 
cursos de graduação.
Quando se estabelece um número mínimo de horas para a carga horária de 
um curso não se esta impondo que nesse curso se  deva restringir  a 
carga horária a esse número, o que na prática equivaleria a estabelecer 
também um máximo.
Fixado um número mínimo para a carga horária de um curso fica aberta a 
possibilidade de que  alguns cursos optem por uma carga horária maior   
com um número maior de disciplinas em seu currículo . Desta maneira 
respeita-se a diversidade garantindo a cada um a possibilidade de compor 
uma estrutura curricular que venha a atender as exigências a que devem 
satisfazer os responsáveis pelo curso.Entre essas exigências pode-se 
destacar : ter corpo docente da instituição  adequadamente capacitado 
para ministrar o curso; oferecer uma gama ampla de disciplinas ( 
satisfeita se  o curso pertence a uma Universidade, que tem atividades 
em um grande número de áreas do conhecimento  , que possam colaborar com 
o mesmo .   ) ;
se não pertencer a uma Universidade com as características mencionadas apontar quais as alternativas disponíveis;  condições de infra-estrutura de laboratórios e suporte computacional adequados.

Quando da eliminação do currículo mínimo o argumento fundamental era que esta eliminação daria maior liberdade para os cursos comporem seus currículos respeitando apenas diretrizes gerais que seriam elaboradas. Alem das considerações acima o aumento da carga para 3000 horas prejudica indistintamente a todos, pois ignora as condições reais da maioria dos cursos tanto no que se refere a condições materiais quanto a pessoal docente, num momento que as instituições de ensino superior passam por grandes dificuldades.
Bacharelado de Estatítica

Não desejo me alongar , mas gostaria aproveitar a oportunidade para fazer alguns comentários sobre o currículo de estatística. Acho oportuno distinguir motivos que dependem basicamente da área de outros que decorrem de situações externas.Não tenho dúvida como menciona o Gauss que é necessário que o estatístico conheça e saiba lidar com uma série de ferramentas computacionais , aqui incluídos alguns pacotes estatísticos e que tenha bom domínio de várias áreas da estatística. Não menos importante é o conhecimento , ou pelo menos a exposição, a áreas substantivas como biologia , agronomia , economia , administração e ciências humanas em geral. O desafio consiste em organizar um currículo e uma forma de realiza-lo , utilizando-se das condições em que o curso esta imerso que propicie uma boa formação .
Alguns problemas mencionados , como a evasão , falta de motivação  e de 
preparo  de uma boa parte dos nossos alunos não dependem primordialmente 
do curso em si , mas da condições sociais que o cercam. O curso de 
estatística não é tão valorizado como os de direito, economia, 
administração,por exemplo,  o que faz com que atraia menos alunos. Desta 
maneira a procura no vestibular é muito menor e entram alunos sem um 
preparo adequado, o que explica a evasão apesar da boa qualidade da 
maioria dos cursos , pelo menos daqueles  das Universidades  estaduais e 
federais. A meu ver temos nos saído muito bem tendo alcançado grande 
progresso, tanto na formação em pós-graduação  como na graduação, mas as 
condições externas  que encontramos impedem que alcancemos o crescimento 
desejado.
Atenciosamente Caio Dantas.



Flavia Landim escreveu:
Prezados Redistas da ABE

Caso não seja de seu interesse tratar de assuntos referentes à Graduação em Estatística, peço o favor de desconsiderar esta mensagem.
No final do século XX (1999 e 2000) se deu uma ampla discussão do documento 
referente às Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Graduação 
em Estatística, na qual muitos de nós tiveram a oportunidade de se 
manifestar. Lembro-me bem da polêmica que surgiu, no que se referia à 
criação da "Licenciatura em Estatística". Porém, esse documento 
aparentemente ficou esquecido e até hoje os cursos de Graduação em 
Estatística não têm as suas Diretrizes Curriculares Nacionais, previstas 
pela LDB (1996). 

No documento discutido e que até bem pouco tempo ainda podia ser baixado da 
página do MEC, previa-se uma carga-horária mínima para os bacharelados em 
estatística de 2400 horas. 

Porém, fui surpreendida pelo parecer 8/2007 do Conselho Nacional de Educação 
(http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces008_07.pdf) que trata entre 
outras coisas das cargas horárias mínimas para cursos de graduação, aprovado 
em 31 de janeiro desse ano (acho eu que ainda não homologado), indicando 
para os cursos de graduação em Estatística uma carga horária mínima de 3000 
horas.
Aqui, na UFRJ, na última reforma curricular, passamos a contar com um curso 
cuja carga horária prevista é de 2655 horas. Para nos adaptar a esse novo 
parecer, isso implicaria aumentar em mais um semestre o curso, cuja duração 
prevista é de oito semestres. Porém, pela nossa realidade, se eu tivesse 
alguma chance de opinar, seria contra essa adaptação:  temos uma evasão 
grande logo na entrada e entre os que ficam no curso não são raros os casos 
de alunos que ultrapassam o prazo máximo de integralização curricular que é 
de 12 semestres. Aumentar um currículo, no qual o público já tem 
dificuldades de acompanhar, não deve contribuir em nada para melhorar a 
nossa realidade. 

Gostaria de solicitar informações sobre o andamento das Diretrizes 
Curriculares para quem as tiver nessa lista, de me manifestar contrariamente 
a esse parecer do CNE 8/2007 no que se refere à carga horária mínima para os 
cursos de Graduação em Estatística e solicitar a opinião de outras pessoas 
envolvidas com os cursos de Graduação e da ABE. 


Atenciosamente,

Flavia






Flavia Landim
Coordenação de Graduação - Instituto de Matematica
Departamento de Metodos Estatisticos
Sala C115-02 - tel: 25627505 RAMAL 223