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Estatística



O que vocês acharam dessa afirmação: "A escolha de pessoas para uma pesquisa nunca é aleatória." (Márcia Cavallari, IBOPE)?

Suzi



    On 9/5/07, Francisco Cribari <cribari@de.ufpe.br> wrote:

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL98231-5604,00.html

        04/09/2007 - 16h05 - Atualizado em 04/09/2007 - 16h19

        Um bom estatístico tem que ser um bom comunicador

        Profissional trabalha com situações de incerteza, tomando decisões.
        Ele precisa saber se comunicar para transmitir os resultados das
        pesquisas.

        Você já parou para pensar por que o seguro do carro de um jovem de 20
        anos é bem mais caro do que o seguro do pai desse jovem? E como é que
        uma pesquisa eleitoral consegue apontar corretamente o que pensa a
        maioria dos eleitores? E como a Companhia de Engenharia de Tráfego de
        São Paulo sabe quando é necessário implantar o rodízio de veículos?

        A resposta é simples: por trás de todas essas perguntas está a
estatística, que nada mais é do que um conjunto de técnicas e métodos de
        pesquisa que nos ajuda a lidar com situações sujeitas a incertezas. "O
        estatístico, em geral, trabalha tomando decisões. Ele é o responsável
por um levantamento que vai te dar argumentos para que você possa tomar
        a decisão correta", explicou Dóris Satie Fontes, coordenadora geral do
        Conselho Regional de Estatística da 3ª Região.

        As áreas de atuação do estatístico são bastante variadas. Eles podem
        trabalhar nas seguintes áreas:

              * Indústria (na melhoria da qualidade de produtos, avaliação das
                reações do consumidor);
              * Demografia e saúde (atuando em pesquisas da evolução
                populacional, novos remédios, tratamento de doenças);
              * Pesquisas científicas (em universidades, como professores e
                consultores);
              * Recursos humanos (desenvolvendo planos de avaliação e
                desempenho, planos de previdência complementar);
              * Pesquisas de opinião (para empresas que vão lançar novos
                produtos, pesquisas eleitorais)
* Setor financeiro (em bancos, fazendo análise de bancos de dados,
                previsões econômicas, avaliando riscos de investimentos).

        Muitos cálculos e matemática

        Segundo o professor José Matias de Lima, coordenador do curso de
        estatística da Escola Nacional de Ciências Esatísticas (Ence),
        instituição federal mantida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
        Estatística (IBGE), a procura pelo curso de estatística é muito baixa.
        Para ele, a falta de informação e o medo da carreira são os principais
        responsáveis por esse quadro.

"Há uma carência muito grande de profissionais habilitados na carreira.
        As pessoas têm medo de cursar estatística. Muitos pensam que é preciso
        ser um matemático nato e isso não é verdade. Claro que a carreira está
        fundamentada em cálculos, matemática e informática, claro que o aluno
tem que ter afinidade com essas áreas, mas não é preciso ser um mestre",
        afirmou o professor Matias.

Segundo Matias, o ciclo básico da graduação é "o que pega". "O curso de
        estatística é um curso pesado, o aluno tem que se dedicar muito porque
        nos primeiros anos [ciclo básico] há muitas disciplinas de cálculo,
        álgebra linear, computação, estatística, probabilidade. Se o aluno
        passar do ciclo básico, ele termina a graduação", disse.

A professora Laura Rifo, coordenadora associada do curso de estatística da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) concorda. "É no primeiro
        ano de curso que o aluno vai descobrir se ele quer mesmo ser um
        estatístico. Ele terá contato com muitas disciplinas de cálculo,
        estatística, técnicas de amostragem. Se ele não tiver afinidade com
        exatas, ele não continua no curso", disse.

        Bom comunicador

        Segundo os profissionais ouvidos pelo G1, o ideal é que o aluno de
        estatística tenha aptidões para ciências exatas, goste de desafios, de
        informática, de trabalhar em equipe e, principalmente, que seja um bom
comunicador. "O bom estatístico não pode ser uma pessoa calada. Ele vai
        sempre trabalhar em equipe e precisa ser um bom comunicador para
traduzir para o bom português termos muito técnicos de pesquisa", disse
        Dóris.

        "O estatístico vai trabalhar com informações muito técnicas e precisa
        saber transmiti-las para o leigo. Não adianta nada ele fazer uma super
        pesquisa e não saber repassar isso de forma clara para o cliente",
        alertou Matias.

        "De fato, o profissional precisa saber se comunicar. Ele vai descobrir
        alternativas metodológicas e precisa saber levar para frente essa
        análise para os leigos", finalizou a professora Laura.

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL98579-5604,00.html

        04/09/2007 - 16h05

        Dos 27 cursos de estatística do país, 23 são públicos

        De acordo com especialistas, curso tem alto índice de evasão.
        Isso desinteressaria a oferta em instituições particulares.

        Dados do Ministério da Educação (MEC) apontam que há 27 universidades
        que oferecem o curso de estatística no país, sendo que 23 delas são
        públicas (a maioria federal). Na opinião de especialistas consultados
        pelo G1, a concentração dos cursos de estatística nas universidades
        públicas acontece porque a procura pela carreira ainda é baixa e o
        índice de evasão é muito alto e, portanto, não seria interessante para
        uma instituição privada oferecer e manter essa graduação.

        Segundo o professor José Matias de Lima, coordenador do curso de
estatística da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), somente cerca de 35 dos 120 alunos que entram no curso de estatística anualmente
        concluem a graduação. "Entrar no curso é relativamente fácil, pois a
concorrência é pequena. Mas muitos alunos que entram não têm o perfil e
        não conseguem acompanhar uma carreira de ciências exatas, que incluem
muitas disciplinas de cálculos, física, matemática. Eles desistem ainda
        no primeiro ano", avalia o professor.

        A taxa de evasão também é alta na Universidade Estadual de Campinas
        (Unicamp). Segundo a professora Laura Rifo, coordenadora associada do
curso de estatística, metade dos alunos não termina a graduação. "Muitos
        alunos colocaram estatística como segunda opção de curso e quando
começam a graduação sentem dificuldades. É preciso estudar muito, fazer
        muitos exercícios, gostar de cálculos", disse.

        Segundo Dóris Satie Fontes, coordenadora geral do Conselho Regional de
        Estatística da 3ª Região, estima-se que haja entre 8.000 e 9.000
estatísticos no país. O número toma como base o Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontou que havia 5.300
        profissionais da área no Brasil. A maior parte dos profissionais está
        concentrada nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

        Mercado de trabalho

        De acordo com os profissionais ouvidos pelo G1, o mercado de trabalho
        para o profissional de estatística está em constante expansão e é
        bastante promissor. Não há um piso salarial definido para a categoria,
        mas paga-se relativamente bem para um recém-formado. "Um recém-formado
que vai trabalhar no sistema financeiro, por exemplo, começa ganhando um
        salário em torno de R$ 3.000. Isso é muito bom perto de outras
        carreiras", afirmou Dóris. Segundo ela, com dois anos de carreira esse
        profissional pode passar a ganhar até R$ 5.000.

Apesar de haver poucos cursos de estatística no país, Dóris acredita que
        a formação do profissional seja muito boa, por isso eles são tão
        valorizados no mercado de trabalho. "Como a maior parte das
        universidades que oferecem o curso de estatística é pública, acho que
        ainda é possível manter uma boa qualidade de ensino. Posso afirmar com
        certeza que praticamente todos os recém-formados saem da faculdade com
        emprego garantido", disse Dóris.

        ONDE ESTUDAR ESTATÍSTICA TIPO DE UNIVERSIDADE
        Universidade Federal do Pará (PA) Pública
        Universidade Federal do Amazonas (AM) Pública
        Escola Superior de Estatística da Bahia (BA) Particular
        Universidade Federal da Bahia (BA) Pública
        Universidade Federal de Pernambuco (PE) Pública
        Universidade Católica de Pernambuco (PE) Particular
        Universidade Federal de Sergipe (SE) Pública
        Universidade Federal do Rio Grande do Norte (RN) Pública
        Universidade Federal do Ceará (CE) Pública
        Universidade Federal da Paraíba (PB) Pública
        Universidade Estadual da Paraíba (PB) Pública
        Universidade de Brasília (DF) Pública
        Universidade do Estado do Rio de Janeiro (RJ) Pública
        Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ) Pública
        Universidade Federal Fluminense (RJ) Pública
        Escola Nacional de Ciências Estatísticas (RJ) Pública
        Universidade Federal do Espírito Santo (ES) Pública
        Universidade Estadual de Campinas (SP) Pública
        Universidade Federal de Minas Gerais (MG) Pública
        Universidade Estadual Paulista (SP) Pública
        Universidade Federal de São Carlos (SP) Pública
        Centro Universitário Capital (SP) Particular
        Universidade de São Paulo (SP) Pública
        Universidade Federal do Rio Grande do Sul (RS) Pública
        Instituto Superior Tupy (SC) Particular
        Universidade Estadual de Maringá (PR) Pública
        Universidade Federal do Paraná (PR) Pública

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL98097-5604,00.html

        04/09/2007 - 16h06

        "Uma boa pesquisa estatística não pode ser um jornal velho"

Segundo a diretora do Ibope, o desafio é mostrar resultados de modo mais
        rápido.

Ela conta que a profissão não tem rotina e trata com pessoas e assuntos
        diferentes.

        Márcia Cavallari, diretora-executiva de atendimento e planejamento do
        Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope)
Inteligência tem muita história para contar. Formada em estatística pela Universidade de São Paulo (USP) há 27 anos, ela confessa ser apaixonada
        pela profissão, porque não há rotina e lida com vários assuntos. Leia
        abaixo trechos da entrevista concedida ao G1.

        G1 - Como surgiu o gosto pela estatística? Havia alguém da sua família
        nessa área?

        Márcia Cavallari - Não, eu não tinha nenhum parente trabalhando em
        estatística. Na verdade, sempre gostei muito de matemática. Quando eu
cursava o colegial [atual ensino médio] fiz um teste vocacional e ele me direcionou para a área de exatas. Prestei vestibular na USP para o curso
        de matemática porque, naquela época, ele era comum para cinco grandes
        áreas: matemática pura, aplicada, licenciatura, estatística ou análise
        de sistemas. Só depois do primeiro ano você decidia o que realmente
        queria cursar. Me apaixonei pela estatística, segui essa carreira e me
        formei em 1981.

        G1 - Qual foi seu primeiro emprego?

        Márcia - Quando ainda estudava, fiz estágio no Instituto de Pesquisas
        Tecnológicas (IPT). Depois de formada, fiquei mais um tempinho
trabalhando lá. Passei a me identificar com a área de pesquisas e passei
        a procurar emprego nesse ramo. Logo depois, fui contratada pelo Ibope,
        onde estou até hoje.

G1 - Hoje você é diretora-executiva do Ibope Inteligência. Qual foi sua
        primeira função na empresa?

        Márcia - Comecei trabalhando com amostras de pesquisas eleitorais e de
mercado. Na época, a função era criar a metodologia e as diretrizes para que a informação fosse coletada de forma a representar a população como
        um todo, mesmo que em pequenas amostras.

        G1 - Em algum momento você pensou em desistir da carreira?

Márcia - Nunca. Sempre gostei demais da profissão. É como um jornalista: a gente não tem rotina, todos os dias lidamos com coisas diferentes, com
        pessoas e universos diferentes. Além disso, freqüentemente estudamos
        novas metodologias de pesquisa para ofercer o resultado com maior
rapidez. Uma boa pesquisa estatística não pode ser como um jornal velho.
        A opinião pública muda facilmente de um dia para o outro, e nosso
        desafio é fazer pesquisas sobre o assunto do momento de forma rápida e
        precisa, antes que os resultados fiquem velhos.

        G1 - Como vocês definem o tamanho de uma amostra para uma pesquisa?

Márcia - É importante que as pessoas saibam que o tamanho da amostra não
        está diretamente relacionado com o tamanho do universo que está sendo
        pesquisado. Por exemplo: se eu fizer uma pesquisa sobre determinado
        assunto com duas mil pessoas em uma cidade, num estado ou no país
inteiro, eu chego no mesmo resultado, com a mesma precisão. O que define o tamanho da amostra a ser entrevistada é o grau de precisão (margem de
        erro) que você quer em uma pesquisa. 100% de precisão você não chega
        nunca porque você não entrevista todo mundo. Mas, atrás disso, existe
uma fórmula, além de técnicas que orientam a encontrar o melhor método.
        A escolha de pessoas para uma pesquisa nunca é aleatória.

        G1 - Qual foi a pesquisa mais difícil que o Ibope realizou?

        Márcia - Não posso citar o nome do cliente, mas, uma pesquisa bastante
        difícil e complicada foi da área de saúde pública. Era uma pesquisa
        longa, com várias questões e, além disso, tinha que medir a altura,
pesar e coletar o sangue do entrevistado. Foi uma pesquisa nacional que
        envolveu muitos recursos e teve uma logística complicada porque os
        equipamentos usados eram complexos [para coletar e armazenar o sangue,
        por exemplo]. Acho que demoramos uns nove meses para concluí-la.

        G1 - E teve alguma pesquisa muito legal de ser feita?

Márcia - Ah... tem uma série de pesquisas legais, depende muito do tema.
        Uma bem recente e que foi muito legal é a pesquisa "Nossa São Paulo é
        outra cidade", que avaliou a qualidade de vida, como o entrevistado
enxerga a cidade de São Paulo, quais são os seus sonhos, quais são seus pesadelos. Essa foi uma pesquisa qualitativa, que usou técnicas da área de psicologia. Um exemplo de pesquisa quantitativa foi uma sobre como a
        falta de segurança afeta os hábitos das pessoas.

G1 - E como surge uma pesquisa no Ibope? Sempre a pedido de empresas ou
        o Ibope faz levantamentos por conta própria?

        Márcia - Na maioria das vezes um cliente solicita uma pesquisa para a
        gente. De vez em quando o Ibope faz pesquisas por iniciativa própria
        sobre assuntos que a gente acha que são importantes e que merecem uma
        avaliação popular.

        G1 - Já aconteceu de o resultado de uma pesquisa dar errado?

Márcia - Já sim. O que a gente mede é a opinião das pessoas e a opinião é muito volúvel. Hoje você acha uma coisa e amanhã você mudou de idéia.
        No contexto eleitoral, por exemplo, as mudanças de opinião são muito
        rápidas e a pesquisa eleitoral é a única que você pode confrontar o
        universo pesquisado com o resultado final [porque alguém vai ser
        eleito]. As outras pesquisas você não tem como saber se deu certo ou
        errado. Além disso, as amostras que utilizamos levam em consideração
        dados oficiais. Se eles não estiverem atualizados, podem levar ao
        resultado errôneo de uma pesquisa. Isso é o que chamamos de "erro não
        amostral", porque a falha está na base de dados.

        G1 - Na sua opinião, qual o perfil de um bom estatístico?

        Márcia - O bom profissional é aquela pessoa antenada com as coisas que
        acontecem ao seu redor. É uma pessoa que gosta das coisas novas e que
        não gosta da rotina. Ele tem que ter iniciativa e ser um bom
comunicador. Matemática é a base da estatística, mas não adianta ser um
        ótimo matemático se você não sabe transmitir numa linguagem de leigo
        tudo aquilo que você pesquisou.

        --
        Francisco Cribari-Neto               voice: +55-81-21267425
        Departamento de Estatística          fax:   +55-81-21268422
        Universidade Federal de Pernambuco   e-mail: cribari@de.ufpe.br
        Recife/PE, 50740-540, Brazil         http://www.de.ufpe.br/~cribari

             Fett's Law: Never replicate a successful experiment.










    --
    Profa. Suzi Camey
    Chefe do Departamento de Estatística
    Instituto de Matemática - UFRGS
    Fone: 51-33166193
    e-mail: camey@mat.ufrgs.br
    http://www.mat.ufrgs.br/~camey