Deus e Bayes + Pascal e Galton

["gausscordeiro" <gausscordeiro@uol.com.br>]

Caros Redistas,

Seguidor da música do cantor Miltinho ("se quiserem
estragar meu feriado é só me convidar pra ver soldado...")
e motivado pelos e-mails dos colegas Francisco e
Carvalho, sobre os argumentos bayesianos e a existência
de Deus, aproveitei o feriadão para ler os dois livros
de Unwin e Dawkins:

"The probability of God: a simple calculation that proves the ultimate truth" (New York: Crown Forum) de Stephen Unwin;

"Deus: um delírio" (Companhia das Letras) de Richard Dawkins,
que é um best-seller (pelo menos nos EUA e na Europa).

No prefácio, Dawkins espera que os leitores que lerem seu
livro serão ateus quando o terminarem. O argumento bayesiano apresentado no livro de Unwin é rechaçado por Dawkins
(ateu convicto) quando na p.148 ele afirma que "o argumento bayesiano usado por Unwin para provar que Deus existe
com probabilidade 0,67 é a tentativa mais estranha
sobre a existência de Deus".

Entendo que os dois livros são polêmicos e têm algumas bobagens. Mas o que me chamou a atenção no livro do Dawkins são os fatos corretos aos grandes probabilistas e estatísticos que de
alguma forma eram, também, filósofos ou cientistas sociais.
Dois merecem destaque:

Pascal (que junto com Fermat foi um dos criadores dos princípios
da probabilidade) sugeria que é melhor acreditar em Deus, porque se você estiver certo irá ganhar o júbilo eterno, e se estiver errado não vai fazer a menor diferença. Por outro lado, se você não acreditar em Deus e estiver errado, será amaldiçoado para sempre, e se estiver correto não vai fazer diferença. Logo, devemos acreditar em Deus. Não é a toa que foi o grande Pascal que introduziu, em 1679, o conceito de valor esperado!

Galton (que estabeleceu os conceitos básicos da regressão
em dois artigos de 1869 e 1887) que foi o primeiro a avaliar estatisticamente se rezar por pacientes os ajuda a se recuperar. Ele investigou e não encontrou nenhuma diferença estatística,
o que hoje ainda tem sido objeto de inúmeras pesquisas com
muita grana envolvida.

Em tempo: na última 6a feira, a ABE completou 23 anos.
Como o tempo passa rápido... Parabéns a todos nós!

Saudações,

Gauss Cordeiro