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sobre comite CAPES-CNPq de estatistica



Caro Gauss e demais colegas,

3. O debate sobre um CA próprio da Estatística deve continuar (como você
solicitou na rede) e a Estatística merece ter um CA próprio na CAPES, CNPq
e outros órgãos de fomento para poder agregar todos aqueles que fazem a
Probabilidade e Estatística no sentido amplo do termo País e dar maior visibilidade
a nossa área.

Gauss, tenho sentimentos conflitantes. Por um lado, a existencia de um comite proprio
e' um dos sinais de que nossa area estaria madura e isto e' meu desejo profundo.
Por outro lado, acho que existem varias dificuldades que uma area madura teria de
saber enfrentar. Nao vi nenhum apetite por este debate na ABE-L. Que lugar melhor
que a lista para expressar com calma (nem sempre, ok), deixar registrada a intervencao,
dar um tempo para que todos pensem, reflitam, e possam tomar uma decisao racional.

O que eu acho que falta discutir em PRIMEIRO lugar e' o seguinte:

Num eventual comite de estatistica do CNPq,
como os futuros participantes desse comite vao avaliar a pesquisa cientifica de seus pares? Estes partucipantes somos nos.
Como vamos pesar as coisas? Em varios momentos (por exemplo, a cada rodada de solicitacoes de bolsa de produtividade), teremos de dizer quem e' pesquisador e quem
nao e'. Teremos de fazer um ranking se o numero de candidatos aptos for maior que o numero de bolsas disponiveis no momento.
E teremos de classificar em niveis (1A a 2C) os
pesquisadores contemplados. COmo fazer isto?

Nao acredito que exista alguem defendendo pesquisa nao publicada como criterio de
avaliacao de pesquisadores. Se isto e' correto, a bolsa de produtividade sera' dada em
funcao dos papers publicados. Como eles serao contados? Da mesma forma que atualmente, no comite existente hoje? Eu nao tenho maiores divergencias com a forma
e avaliacao atual. Tenho pequenas divergencias mas, em geral, eu acho que:

a) a pesquisa estatistica deve estar representada em papers publicados em revistas
de pesquisa estatistica. Se um pesquisador publica essencialmente em revistas de
saude publica ou de computacao (digamos), ele deveria buscar sua bolsa nos comites
dessas areas, nao no comite de estatistica.

b) A pesquisa aplicada frutifera e' aquela que gera papers em revistas de
estatistica. Eu acho que as revistas de estatistica dao preferencia a temas antigos,
pouco relevantes e demoram muito a catch up com as areas cientificas mais dinamicas. Mas isto e' um problema **internacional** de nossa area e uma opiniao pessoal,
personalissima.
 
c) papers publicados em outras areas devem ter **algum** peso mas nao podem
ter o mesmo peso dos papers publicados em revistas fundamentalmente de
estatistica. Quem trabalha em interface, quem publica em revistas de outras areas, vai ter de trabalhar dobrado.
Falo isto com tranquilidade, eu publico bastante em revistas de outras areas e acho isto
importante para mim, para meus alunos, para meu trabalho de estatistico, etc.
Como dar este peso? Isto nao e' facil e existirao varias propostas. Mas nao posso
concordar se um pesquisador que tenha 10 artigos em revistas de excelente qualidade
de saude publica (ou computacao ou engenharia) tenha uma bolsa de PQ no comite de
estatsitica quando outro pesquisador com 4 artigos em revistas de estatistica, talvez
nem tao prewtigiosas quanto as outras, nao a tenha .

e) Existem MUITAS instancias que valorizam o trabalho aplicado do estatistico e
esses pequisadores aplicados recebem beneficios dessas instancias.
Por exemplo, pesquisadores interdisciplinares tem mais acesso a recursos
financeiros, a participacao em projetos
de outras areas, a consultoria bem pagas, etc. Pesquisadores bem sucedidos nesta
linha de aplicacao-sem-papers-estatisticos deveriam ter seu espaco em programas
de pos-graduacao de outras areas (obvio) e em programs de pos-grad de
estatstica (mas nao podem ser todos do programa nesta linha, claro). Eles terao
prestigio dentro das universidades, em organismos internacionais e nacionais, etc.

Entao existe valorixzaco desse trabalho academico. Um pesquisador bem sucedido
nesta linha deveria ficar (eu ficaria) satisfeito com seu sucesso na linha e direcao
]que ele buscou (o trabalho aplicado-sem-producao-em-revista-de-estatistica).
Eu discordo e` da possibilidade desse pesquisador bem sucedido
aplicado-sem-producao-em-revista-de-estatistica
querer TAMBEM ter um espaco como pesquisador em estatistica
quando nao se publica paper em revista de estatistica.

f) Revistas de estatistica sao muito restritas? Eu acho que noa, existem muitas, talvez demais. Muitas EXIGEM que o trabalho tenha uma plicacao associada, algumas exigem
ate mesmo o conjunto de dados usado na analise, bem como o codigo da
analise.

A questao e' como avaliar o trabalho de um pesquisador em **estatistica**.
Nao vejo outra maneira a nao ser avaliando os papers publicados em revisats de
estatistica. Outros  papers entram como parte acessoria, mas nao como o foco
principal.

DEPOIS de chegarmos a uma opiniao partilhada por uma maioria sobre estes pontos
de como avaliar a pesquisa estatistica, poderemos entao fazer um trabalho de estatistico:
verificar se existe evidencia de que temos um numero grande de pesquisadores injustamente fora do sistema, ou em outros comites. Se temos, havera capacidade
politica de obter seu apoio? Teremos forca de criar um comite com recursos suficientes para todos que serao incluidos (opu que potencialmente aplicarao para o comite)
Etc, etc, etc,

Mas em primeiro lugar,
estamos falando da mesma coisa quando falamos de pesquisa estatistica?
Se o debate nao morrer...

Agora vou escrever sobre o comite CAPES para pos-graduacao....

Brincadeirinha, dou a vez a outros. Fui...

Renato