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Pontos sobre os Nove Pontos do Renato



Caros Redistas,

Atendendo a solicitação do Francisco Cribari,
coloco pequenos adendos em todos os pontos
levantados pelo Renato, na ordem em que eles
apareceram:

1. A nossa área parece mostrar que não está madura
o suficiente face não existir na lista da ABE um apetite
maior para esse debate de CA.

R. Isso é verdadeiro mas temos que dar um desconto.
Como já falei muitos preferem não se manifestar na
rede e outros são tímidos demais. Nestes termos, o
debate fica restrito aos mesmos de sempre.

2. Num eventual comitê de Estatística do CNPq, como os
futuros participantes desse comitê vão avaliar a pesquisa cientifica de seus pares? Como vamos pesar as coisas?
Teremos de fazer um ranking se o numero de candidatos aptos
for maior que o numero de bolsas disponíveis no momento. E teremos de classificar em níveis (1A a 2C) os pesquisadores contemplados. Como fazer isto?

R. Um comitê inicial de Probabilidade e Estatística (CA-PE) cujos membros sejam referendados pelas Pós-Graduações em Estatística, pelos bolsistas de produtividade
de pesquisa que atuam em Probabilidade e Estatística
do CA-ME e de outros comitês, pelas suas associações científicas, etc., poderá facilmente julgar as pesquisas
de seus pares. O trabalho que já foi feito pelo CA da
Matemática deve ser recuperado e, aos poucos, os novos
membros do comitê irão ajustando as coisas. Eu não vejo
problema nisso. Claro (que como bem enfatizou o Renato),
o critério de avaliação dos pesquisadores deverá passar
pelas suas publicações em periódicos teóricos e/ou aplicados.

Nos anos 70 não havia quase pós-gradução em estatística no
País e a Pesquisa Operacional reinava e atraía os
matemáticos e estatísticos.  Nos dias de hoje, a situação
é completamente outra, temos um grande espaço de destaque nacional bem delimitado pelas pós-graduações, eventos e associações científicas, inúmeros periódicos no exterior e
no País, etc.

3. A pesquisa estatística deve estar representada em papers publicados em revistas de pesquisa estatística. Se um pesquisador publica essencialmente em revistas de
saúde publica ou de computação (digamos), ele deveria buscar
sua bolsa nos comitês dessas áreas, não no comitê de Estatística.

R. Concordo. Entretanto, tem gente que publica nessas
revistas mas, também, em excelentes periódicos de
Estatística Aplicada. Conheço vários que certamente
preferirão ficar nos seus própios comitês, pois atuam lá
e acham muito pesado os requisitos adotados na avaliação
do CA-ME. Eles deveriam ser convocados e reconhecidos no possível CA-PE.

Acredito que se um novo CA-PE for englobar apenas os
atuais pesquisadares do CA-ME não será aprovado no CNPq. Precisamos regimentar para nosso lado os pesquisadores de Estatística que atuam em outros comitês. Não sei como fazer
isso agora mas podemos pensar. Infelizmente, alguns desses
bons pesquisadores, não participam de eventos da ABE.

4. A pesquisa aplicada frutífera é aquela que gera papers
em revistas de estatística. Eu acho que as revistas de estatística dão preferência a temas antigos, pouco relevantes
e demoram muito a catch up com as áreas científicas mais dinâmicas. Mas isto é um problema internacional de nossa área.

R. Concordo integralmente.

5. Papers publicados em outras áreas devem ter **algum** peso mas não podem ter o mesmo peso dos papers publicados em revistas fundamentalmente de estatística. Quem trabalha em interface, quem publica em revistas de outras áreas, vai ter de trabalhar dobrado.  Falo isto com tranquilidade, pois publico bastante em revistas de outras áreas e acho isto importante para mim, para meus alunos, para meu trabalho de estatistico, etc. Como dar este peso?. Mas não posso concordar se um pesquisador que tenha 10 artigos em revistas de excelente qualidade de saúde publica (ou computação  ou engenharia) tenha uma bolsa de PQ no comitê de estatística enquanto outro pesquisador com 4 artigos em revistas de estatística, talvez nem tão prestigiosas
quanto as outras, não a tenha .

R. Concordo com você.  Publicar em outras áreas é muito importante para a Estatística e esse, também, é o nosso papel.  O CA-PE terá que enfrentar esse desafio. O atual CA-ME não
tem este problema, pois quem está publicando muito em áreas aplicadas submetem seus projetos de pesquisa em outros comitês. Mas um novo CA-PE deverá ter mais bolsas de produtividade e
mais recursos no longo prazo e, assim, este problema deverá ser minimizado no tempo.

6. Existem MUITAS instancias que valorizam o trabalho aplicado do estatístico e esses pequisadores aplicados recebem benefícios dessas instancias. Por exemplo, pesquisadores
interdisciplinares tem mais acesso a recursos financeiros,
a participação em projetos de outras áreas, a consultoria
bem pagas, etc.

R. O CA-PE deve centralizar pesquisadores que estejam publicando em periódicos científicos (teóricos e aplicados) dessas
duas áreas. Aqueles pesquisadores que fazem rotineiramente consultoria têm outros mecanismos próprios e geralmente dispensam R$ 1000/mês da bolsa.

7. Revistas de Estatística são muito restritas? Eu acho que não, existem muitas, talvez demais. Muitas EXIGEM que o trabalho tenha uma aplicação associada, algumas exigem até mesmo o conjunto de dados usado na analise, bem como o código da
analise.

R. Concordo integralmente e acrescento: "publicar é um
processo chato, árduo e difícil" e todos nós conheçemos pesquisadores excelentes que não querem publicar, pois
isso dá um tremendo trabalho.

8. A questão é como avaliar o trabalho de um pesquisador em  estatística. Não vejo outra maneira a não ser avaliando os papers publicados em revistas de estatística. Outros  papers entram como parte acessória, mas não como o foco principal.

R. Concordo.

9. DEPOIS de chegarmos a uma opinião partilhada por uma maioria sobre estes pontos de como avaliar a pesquisa estatística, poderemos então fazer um trabalho de estatístico: verificar se existe evidencia de que temos um numero grande de pesquisadores injustamente fora do sistema, ou em outros comites. Se temos, haverá capacidade política de obter seus apoios?

R. Esse dever de casa terá que ser feito. Devemos estudar e tentar verificar as possibilidades. Tem muita gente boa que só faz pesquisa em Estatística e atuam em outras associações científicas, fora das tradicionais ABE e RBRAS.

Finalmente, eu gostaria de dizer que vários cursos de excelente nível da Matemática estão tendo muito pouca demanda e isso pesará nas futuras avaliações, sobretudo, na CAPES. Claro
que o IMPA é uma exceção, pois sempre atrairá alunos estrangeiros face à sua reputação internacional.

A demanda da Estatística tem derivada positiva e se criarmos
um CA-PE agora, isso trará efeitos multiplicadores para
as futuras gerações. Não estou pensando nos pesquisadores atuais, mas naqueles estatíticos das futuras gerações.

Cordiais Saudações,
Gauss