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Re: [ABE-L]: Pontos sobre os Nove Pontos do Renato



 Oi Gauss,

 Eu sou um do grupo dos tímidos, mas resolvi escrever.
 Gauss,  não despreze o efeito das variáveis latentes só porque elas não
 são observadas, tenho certeza que tem muita gente acompanhando e
 interessada no assunto. Eu sou favorável a criação de um comitê de
 Estatística e eu particularmente quero perguntar a você algumas coisas
 sobre esse assunto:

 1) A estatística é ou não um ramo da matemática?

 2) Os matemáticos acham que é?

 3) Para aqueles que acham que a estatística e matemática devem ficar
   juntos, eu pergunto:

 Se as engenharias têm quatro áreas (Eng. I, II, ..IV) porque não
 podemos ter pelo menos três (Matemática, Matemática Aplicada e
 Estatística)?

 É isso,bom fim de semana para todos.

 Abs,
 Marinho
>

gausscordeiro escreveu:
> Caros Redistas,
>
> Atendendo a solicitação do Francisco Cribari,
> coloco pequenos adendos em todos os pontos
> levantados pelo Renato, na ordem em que eles
> apareceram:
>
> 1. A nossa área parece mostrar que não está madura
> o suficiente face não existir na lista da ABE um apetite
> maior para esse debate de CA.
>
> R. Isso é verdadeiro mas temos que dar um desconto.
> Como já falei muitos preferem não se manifestar na
> rede e outros são tímidos demais. Nestes termos, o
> debate fica restrito aos mesmos de sempre.
>
> 2. Num eventual comitê de Estatística do CNPq, como os
> futuros participantes desse comitê vão avaliar a pesquisa cientifica de
> seus pares? Como vamos pesar as coisas?
> Teremos de fazer um ranking se o numero de candidatos aptos
> for maior que o numero de bolsas disponíveis no momento. E teremos de
> classificar em níveis (1A a 2C) os pesquisadores contemplados. Como fazer
> isto?
>
> R. Um comitê inicial de Probabilidade e Estatística (CA-PE) cujos membros
> sejam referendados pelas Pós-Graduações em Estatística, pelos bolsistas de
> produtividade
> de pesquisa que atuam em Probabilidade e Estatística
> do CA-ME e de outros comitês, pelas suas associações científicas, etc.,
> poderá facilmente julgar as pesquisas
> de seus pares. O trabalho que já foi feito pelo CA da
> Matemática deve ser recuperado e, aos poucos, os novos
> membros do comitê irão ajustando as coisas. Eu não vejo
> problema nisso. Claro (que como bem enfatizou o Renato),
> o critério de avaliação dos pesquisadores deverá passar
> pelas suas publicações em periódicos teóricos e/ou aplicados.
>
> Nos anos 70 não havia quase pós-gradução em estatística no
> País e a Pesquisa Operacional reinava e atraía os
> matemáticos e estatísticos.  Nos dias de hoje, a situação
> é completamente outra, temos um grande espaço de destaque nacional bem
> delimitado pelas pós-graduações, eventos e associações científicas,
> inúmeros periódicos no exterior e
> no País, etc.
>
> 3. A pesquisa estatística deve estar representada em papers publicados em
> revistas de pesquisa estatística. Se um pesquisador publica essencialmente
> em revistas de
> saúde publica ou de computação (digamos), ele deveria buscar
> sua bolsa nos comitês dessas áreas, não no comitê de Estatística.
>
> R. Concordo. Entretanto, tem gente que publica nessas
> revistas mas, também, em excelentes periódicos de
> Estatística Aplicada. Conheço vários que certamente
> preferirão ficar nos seus própios comitês, pois atuam lá
> e acham muito pesado os requisitos adotados na avaliação
> do CA-ME. Eles deveriam ser convocados e reconhecidos no possível CA-PE.
>
> Acredito que se um novo CA-PE for englobar apenas os
> atuais pesquisadares do CA-ME não será aprovado no CNPq. Precisamos
> regimentar para nosso lado os pesquisadores de Estatística que atuam em
> outros comitês. Não sei como fazer
> isso agora mas podemos pensar. Infelizmente, alguns desses
> bons pesquisadores, não participam de eventos da ABE.
>
> 4. A pesquisa aplicada frutífera é aquela que gera papers
> em revistas de estatística. Eu acho que as revistas de estatística dão
> preferência a temas antigos, pouco relevantes
> e demoram muito a catch up com as áreas científicas mais dinâmicas. Mas
> isto é um problema internacional de nossa área.
>
> R. Concordo integralmente.
>
> 5. Papers publicados em outras áreas devem ter **algum** peso mas não
> podem ter o mesmo peso dos papers publicados em revistas fundamentalmente
> de estatística. Quem trabalha em interface, quem publica em revistas de
> outras áreas, vai ter de trabalhar dobrado.  Falo isto com tranquilidade,
> pois publico bastante em revistas de outras áreas e acho isto importante
> para mim, para meus alunos, para meu trabalho de estatistico, etc. Como
> dar este peso?. Mas não posso concordar se um pesquisador que tenha 10
> artigos em revistas de excelente qualidade de saúde publica (ou computação
>  ou engenharia) tenha uma bolsa de PQ no comitê de estatística enquanto
> outro pesquisador com 4 artigos em revistas de estatística, talvez nem tão
> prestigiosas
> quanto as outras, não a tenha .
>
> R. Concordo com você.  Publicar em outras áreas é muito importante para a
> Estatística e esse, também, é o nosso papel.  O CA-PE terá que enfrentar
> esse desafio. O atual CA-ME não
> tem este problema, pois quem está publicando muito em áreas aplicadas
> submetem seus projetos de pesquisa em outros comitês. Mas um novo CA-PE
> deverá ter mais bolsas de produtividade e
> mais recursos no longo prazo e, assim, este problema deverá ser minimizado
> no tempo.
>
> 6. Existem MUITAS instancias que valorizam o trabalho aplicado do
> estatístico e esses pequisadores aplicados recebem benefícios dessas
> instancias. Por exemplo, pesquisadores
> interdisciplinares tem mais acesso a recursos financeiros,
> a participação em projetos de outras áreas, a consultoria
> bem pagas, etc.
>
> R. O CA-PE deve centralizar pesquisadores que estejam publicando em
> periódicos científicos (teóricos e aplicados) dessas
> duas áreas. Aqueles pesquisadores que fazem rotineiramente consultoria têm
> outros mecanismos próprios e geralmente dispensam R$ 1000/mês da bolsa.
>
> 7. Revistas de Estatística são muito restritas? Eu acho que não, existem
> muitas, talvez demais. Muitas EXIGEM que o trabalho tenha uma aplicação
> associada, algumas exigem até mesmo o conjunto de dados usado na analise,
> bem como o código da
> analise.
>
> R. Concordo integralmente e acrescento: "publicar é um
> processo chato, árduo e difícil" e todos nós conheçemos pesquisadores
> excelentes que não querem publicar, pois
> isso dá um tremendo trabalho.
>
> 8. A questão é como avaliar o trabalho de um pesquisador em  estatística.
> Não vejo outra maneira a não ser avaliando os papers publicados em
> revistas de estatística. Outros  papers entram como parte acessória, mas
> não como o foco principal.
>
> R. Concordo.
>
> 9. DEPOIS de chegarmos a uma opinião partilhada por uma maioria sobre
> estes pontos de como avaliar a pesquisa estatística, poderemos então fazer
> um trabalho de estatístico: verificar se existe evidencia de que temos um
> numero grande de pesquisadores injustamente fora do sistema, ou em outros
> comites. Se temos, haverá capacidade política de obter seus apoios?
>
> R. Esse dever de casa terá que ser feito. Devemos estudar e tentar
> verificar as possibilidades. Tem muita gente boa que só faz pesquisa em
> Estatística e atuam em outras associações científicas, fora das
> tradicionais ABE e RBRAS.
>
> Finalmente, eu gostaria de dizer que vários cursos de excelente nível da
> Matemática estão tendo muito pouca demanda e isso pesará nas futuras
> avaliações, sobretudo, na CAPES. Claro
> que o IMPA é uma exceção, pois sempre atrairá alunos estrangeiros face à
> sua reputação internacional.
>
> A demanda da Estatística tem derivada positiva e se criarmos
> um CA-PE agora, isso trará efeitos multiplicadores para
> as futuras gerações. Não estou pensando nos pesquisadores atuais, mas
> naqueles estatíticos das futuras gerações.
>
> Cordiais Saudações,
> Gauss
>
>
>