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Justificando: Pontos sobre os Nove Pontos do Renato



Copiando o Cribari vou apontar alguns pontos que nao estao sendo considerados com ideias limitadas:
1)Antes que me acusem
É claro que estou puchando a sardinha para meu lado
mas os pontos abaixo justificam.
2)Pelo lado do mercado de trabalho
i)Todo hospital por lei tem que ter um serviço de epidemiologia e estatistica.E nao estamos dando atençao a este fato.(veja abaixo) ii)Quem participa das listas MEDSTAT E ALLSTAT ja percebeu que 80 a 90% das ofertas de emprego para estatisticos no mundo vem da area medica (industrias farmaceutica, escolas de medicina etc) iii)Varios departamentos importantes e estatisticos importantes estao inteiramente ou parcialmente ligados a escolas medicas Veja Stanford , Lancaster ,para mencionar algumas poucas. 3) O MAIS GRAVE : Recentemente o Ministerio da Saude abriu edital atraves da FINEP e CNPQ para mais de 20 Unidades de Pesquisa Clinica. Nestes editais incluia alem de outras coisas , a conceçao de 3 bolsas do CNPQ no valor de R$ 3.500,00 mensais por treis anos que seriam distribuidas: Uma ao pesquisador principal (em geral medico) e duas para enfermeiro farmaceutico e estatistico.Muito maior que a bolsa de um pesquisador 1A. È facil perceber que nenhum estatistico recebeu esta bolsa. Consultei a Arminda e a Luzia Trinca e ninguem sabia disso embora suas Universidades terem sido contempladas.
Em qualquer teste estatistico este resultado e altamente  significante.
4)Pelo que sei estatisticos com doutorado em Estatistica dentro de escolas medicas e cargo de Titular na Escola Medica so o Clovis na UFSP (ja aposentado) e eu na UFRJ. A maioria das pessoas atuando em Estatistica nesta area fizeram no maximo mestrado em Estatistica. Olhem o final da entrevista do Wilton Bussab no Boletim da ABE para ver as consequencias da falta de autoridade (nao estava falando em competencia)do estatistico em outras areas. Precisamos valorizar novos pesquisadores para estas areas, apoiando suas carreiras em outros departamentos ao contrario do que aconteceu com a UFSP e UFRJ, ja tinhamos uma carreira quando fomos para a Escola Medica 5)Precisamos nao ser limitados temos que ser amplos e tentar abranger mais gente. Precisamos parar de pensar em desenvolver teorias e arranjar uns dados e exemplos para ilustrar a teoria.Ninguem vai fornecer dados para isso. Na minha experiencia mais de 60% do esforço de um projeto de pesquisa e gasto com o experimento e a coleta de dados . A teoria so aparece atraves de um problema cientifico concreto. "Consultoria pode significar alguém o procura e você diz: ?porque você não tenta isto ou aquilo? ele vai embora e você não tem mais noticia. Ok, temos obrigação de ajudar, mas muito tempo de estatísticos na universidade e gasto nisso, em vez de encontrar as melhores pessoas para desenvolver uma colaboração. O status do estatístico deve ser de trabalhar como parceiro igual com outros cientistas desde o começo, em vez de ser chamado somente quando as coisas vão mal." (Sir David Cox ,Significance 2004) Mais uma vez , nao vamos ser mais realistas que o rei ou como alguem ja mensionou nao podemos dar tiro no pé. Basilio



Francisco Cribari Escreveu:
Caro Basílio,
Acho que basta o comitee julgar se o trabalho estatistico naquela revista e criativo e inovador ou nao.

Em primeiro lugar, não há tempo hábil em um julgamento para que os
avaliadores leiam cada artigo de cada solicitante. Tipicamente, um
julgamento ocorre num prazo de três a cinco dias, em que uma quantidade
muito grande de processos precisa ser lida, relatada, discutida por
todos os membros do CA e, por fim, priorizada. Adicionalmente,
formulários precisam ser preenchidos e pareceres internos precisam ser
escritos. Em geral, há ainda uma reunião com o pessoal técnico e com
algum membro da diretoria. Tudo isso em três, quatro ou cinco dias. Os
membros dos CAs analisam os CVs dos proponentes, as revistas em que
estes publicaram, seus fatores de impacto, as co-autorias, o projeto
apresentado, os pareceres ad hoc, as orientações de pós-graduação e mais
alguns indicadores de segunda ordem. Seria irrealista esperar algo além
desse esforço.
Em segundo lugar, os artigos não estão anexados ao processo e muitos
sequer estão disponíveis nos portais web a que temos acesso. Imagine o
trabalho que seria ter que coletar todos esses artigos. Também não seria
operacional exigir a submissão de todos os artigos recentes de todos os
solicitantes de auxílios juntamente com a solicitação de financiamento
ou bolsa. E é também irrealista imaginar que os pareceristas ad hoc
lerão todos os artigos de todos os processos que avaliam.
Terceiro, se o artigo está veiculado em um periódico de outra área
talvez constitua contribuição importante para tal área sem constituir
contribuição expressiva para a Estatística ou para a Probabilidade, o
que justifica a colocação do Renato (com a qual concordo). Dado que os
recursos são escassos, é importante privilegiar as contribuições à
Estatística e à Probabilidade (que tipicamente são veiculadas por
periódicos de nossa área).
Publicações em periódicos de outras áreas são levadas em consideração
nas avaliações, mas com ponderação menor do que aquelas que se dão em
periódicos da nossa área (claro que com observãncia à qualidade).  Um
artigo no Physical Review Letters, por exemplo, terá menos peso do que
um no Annals of Probability no nosso CA; o inverso ocorrerá no CA de
Física e Astronomia. Isso também ocorre nos processos de "tenure" nos
Estados Unidos e nos julgamentos de grants de pesquisa no NSF, em que
são valorizadas com maior ponderação as publicações na área da
avaliação. É algo natural.
Quarto, não há como se saber os níveis de qualidade e de seletividade de
todos os periódicos de outras áreas, muito menos no espaço de tempo
exíguo de um julgamento de processos. (Note que fatores de impacto não
podem sem comparados entre áreas distintas.) Imagine um montante de
processos em que os solicitantes publicam massivamente em periódicos de
saúde pública, obstetrícia, economia, odontologia, biologia, ecologia,
zoologia, computação, química, oceanografia, etc., e imagine o esforço
que seria para se ter alguma idéia das qualidades de todos os periódicos
dessas áreas e ainda traçar algum marco comparativo com os de nossas
áreas.
Quinto, na maioria das publicações ocorridas em periódicos de outras
áreas o pesquisador da Estatística faz parte de uma lista de autores que
inclui pesquisadores da área da publicação. É difícil estabelecer a
contribuição do estatístico. Ele se limitou a fazer a análise de dados
ou participou da geração da idéia da pesquisa? Como se estabelece a sua
contribuição à pesquisa relativamente aos demais membros da equipe? Em
colaborações com pesquisadores de outras áreas há uma tendência maior à
"compartimentalização" do trabalho.
Sexto, por que pessoas que publicam com pesquisadores de outras áreas em
periódicos das áreas desses pesquisadores também não fazem um esforço
para que uma fatia desses artigos seja veiculada em periódicos de cunho
aplicado de nossa área? Se os trabalhos contiverem inovações no que
tange ao uso da Estatística isso é mais do que factível.
Sétimo, a tarefa de priorizar concessões de bolsas e auxílios de
pesquisa é complexa e requer: (i) compromisso com o mérito; (ii) repúdio
ao corporativismo; (iii) experiência; (iv) atenção aos detalhes.
Tipicamente quem se dedica a essa tarefa e participa de CAs em agências
de fomento tem muito trabalho e muito pouco reconhecimento. Just food for thought... Um abraço e um bom sábado para você. FC
--
Francisco Cribari-Neto                    voice: +55-81-21267425
Departamento de Estatística          fax:      +55-81-21268422
Universidade Federal de Pernambuco   e-mail: cribari@de.ufpe.br
Recife/PE, 50740-540, Brazil web: www.de.ufpe.br/~cribari
        Reality is that which, when you stop believing in it,
doesn't go away". -- Philip K. Dick