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Re: [ABE-L]: artigo no JB de 6/1/91



"When we were told that by freedom we understood free enterprise, we did very little to dispel this monstrous falsehood. Wealth and economic well-being, we have asserted, are the fruits of freedom, while we should have been the first to know that this kind of "happiness" has been an unmixed blessing only in this country (USA), and it is a minor blessing compared with the truly political freedoms, such as freedom of speech and thought, of assembly and association, even under the best conditions."

"The sad truth is that most evil is done by people who never make up their minds to be either good or evil. "

Hannah Arendt(1906-1975)

Segundo eles, sobram recursos nas universidades federais, pois se gasta aqui com o estudante universitário mais do que lá fora, devido à absurda relação professor aluno que à época era de 1:8. Vejamos alguns exemplos mais recentes que desmentem essas afirmações. Harvard e Yale por exemplo, as duas maiores da Ivy League, têm matriculados juntas, menos de 33.000 estudantes, número bem abaixo dos quase 44.000 alunos da UFRJ, a maior universidade federal do Brasil. Ambas contam com orçamentos que somam quase US$ 4.5 bilhões, amparados por fundos que totalizaram em 2006, cerca de US$ 47 bilhões. São números tão expressivos, que superam largamente todo o orçamento destinado ao conjunto das IFES nacionais. Harvard, por exemplo, a mais antiga instituição da Ivy League, foi eleita em 2006 e pela terceira vez consecutiva, como a melhor universidade do mundo, de acordo com a lista das cem melhores instituições de ensino superior, elaborada pela publicação britânica "The Times Higher Education Supplement". Além de um orçamento de US$ 2.8 bilhões, suportado por um fundo de US$ 29.2 bilhões, os dados da renomada universidade americana registram as matrículas de apenas 19.714 estudantes (6613 na Graduação; 33,54%), orientados por 2.497 docentes, o que perfaz uma relação aluno-professor de 1: 7,89 , considerados todos os estudantes, e 1: 2, 64, levando-se em conta apenas os alunos dos cursos de graduação. Enquanto isso o orçamento das instituições federais de ensino superior brasileiras, somou cerca de R$ 1,2 bilhão. No caso da UFRJ, o orçamento de 2006 foi inferior a R$ 100 milhôes, para o custeio das despesas fixas e gastos com manutenção.

Consta também no artigo outro refrão, muito ouvido nestes dias de REUNI, a gratuidade deve acabar. Os ricos e a classe média devem pagar, os pobres não. O reitor da UFRJ estigmatizou ainda mais os seus alunos (da UFRJ) ao declarar que o vestibular seleciona renda e não competência. Pois bem, as famílias pagam impostos, proporcionais aos seus rendimentos, e têm direito aos serviços do Estado. Proponham impostos sobre as grandes fortunas, se de fato querem promover distribuição de renda! Mas se o viés da análise é recorrente, também são recorrentes as soluções. Dentre elas, a defesa da forte associação com o setor privado. Ora disponibilizar a universidade para a classe média não pode. Mas colocar os seus equipamentos e pessoal a serviço do setor privado, ah, isto não tem problema nenhum !

O dinamismo da carreira docente a que se referem os autores é o pagamento diferenciado em função da produção, porque na crítica universidade brasileira existem os que produzem e os que nada produzem. Pois bem senhores doutores, esqueceram-se de mais uma categoria - os que trabalham ! Refiro-me à graduação, relegada a um plano terciário, pois a maior parte dos recursos não orçamentários vai para a pós-graduação. E a propalada irrigação de recursos da pesquisa para a universidade é cada vez mais uma balela. Os laboratórios e grupos de pesquisa se fecham cada vez mais em "bunkers", buscando apenas os graduandos que se destacam para suprir a mão de obra em seus projetos de pesquisa e de serviços. Muitas fortunas estão sendo feitas com este esquema.

E finalmente, mas não menos importante, a hipócrita denúncia da influência de partidos políticos, como se a virginal alternativa encarnada pelo PROIFES não fosse exatamente a mesma coisa, ou até pior.

A aproximação do 17o aniversário da publicação da "Crise da Universidade Brasileira" no Jornal do Brasil pelos professores Gauss e Cribari demonstra a recorrência dos problemas estruturais da universidade brasileira e também de suas equivocadas assertivas e interpretações.

On Wed, 12 Dec 2007 12:04:56 -0200, gausscordeiro wrote
> Caros Redistas,
>  
>  
> Foi citado na rede (inclusive por mim) o corporativismo reinante nas universidades
> federais e que nas avaliações elas não se mostram tão eficientes quando comparadas
> com a USP, embora tenham melhorado significativamente nos últimos anos.
>  
> No final dos anos 80 e início dos anos 90, eu escrevi - com base em análises
> estatísticas -, vários artigos em jornais (a maioria deles em co-autoria com o
> Francisco Cribari) mostrando os problemas das universidades  federais e a ineficiência
> de muitos dos seus cursos.
>  
> Nos dias de hoje, já não tenho energia para iniciativas desse tipo. Entretanto,
> passo para vocês o pdf do artigo "A crise da universidade brasileira" (de Cordeiro
> e Cribari-Neto) publicado num domingo (6/1/91) no Jornal do Brasil.
>  
> À época tivemos um feedback de várias pessoas importantes, desde ex-presidentes
> da SBPC e de autoridades da CAPES, Academia de Ciências e do CNPq. 
>  
>  
> Cordiais Saudações,
>  
> Gauss Cordeiro


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