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Re: [ABE-L]: disciplinas



É, Pedro: haja tempo. Mas tem mais; ou, melhor, tinha menos: até 1964, não 
tínhamos a ditadura militar, nem o AI-5 até poucos anos depois.  Então, a 
gente efervescia. Além da escola curricular, com amigos, eu estudava 
filosofia (claro, com forte tendência marxista, mas incluindo qualquer 
escola). Fazíamos seminários, supostamente sérios, em botecos. Até cursos de 
pré-Socráticos cheguei a fazer. Muito tempo depois, vi que faltou muito nesse 
aprendizado, que muita coisa estava acima de minha maturidade. Mas ficou o 
gosto pelo desafio intelectual, por pensar por conta própria, por desafiar a 
escola e ir além e até contra ela.

Você lembra do Decreto-Lei 477, assinado pelo ministro da "Educação", coronel 
Jarbas Passarinho? A ditadura militar trouxe o silêncio, o medo, aquietou 
tudo.  Trouxe o acordo MEC-USAID. Massificou o ensino, em qualidade muito 
mais baixa. Vi a diferença na geração de minhas filhas. Eu cuidei, dentro de 
casa, de tirá-las do sossego de somente pensar em passar no vestibular. Elas 
tiveram, extra-curricularmente, línguas, música, dança, como fazem as 
famílias que sabem e podem. Elas freqüentaram concertos, discutiram política 
e até filosofia entrou na receita. Mas a escola, principalmente a pública, 
não tem lugar para nada disso. 

Vai levar um tempão para melhorar nosso ensino, que hoje é dos piores do 
mundo. (Esta frase é uma manifestação da eterna vitória da esperança sobre a 
experiência...)

Abs

Zé C.

On Thursday 03 July 2008 15:42:35 Pedro Morettin wrote:
> Pedro Morettin <pam@ime.usp.br>
>
> O meu amigo Zé Carvalho, assim como eu, é do tempo de ginásio e colégio.
> E haja tempo...O colegial dividia-se em científico e clássico.
> Fazendo-se o ginásio e científico, tínhamos:
>
> 7 anos de Português,
> 7 anos de Francês,
> 6 anos de Inglês,
> 4 anos de Latim e
> 1 ano de Espanhol.
> E Filosofia. O pessoal do clássico tinha mais Latim e
> grego. Além de matemática etc. para todos(talvez de forma
> mais "amena" para os clássicos).
>
> Quanto à Estatística, quem acompanha o que se passa em outros
> países vê que noções bem básicas de Probabilidade e Estatística
> são apresentadas desde o primário (?).
>
> Não creio que seja necessária a existência de licenciaturas em
> Estatística, mas o professores de matemática do "secundário" deveriam
> ser preparados de forma mais adequada para poderem ministrar estas
> noções básicas. Mas é claro que os currículos dos ciclos fundamental e
> médios deviam ser revistos.
>
> Pedro Morettin
>
> PS. Eu fui professor do "ginasial e colegial" durante vários
> anos e juntamente com uma equipe do antigo(e saudoso) IBECC(depois
> FUNBEC) escrevemos 4 volumes de "Matemática para o Ginásio",
> que se perderam no tempo devido à falência da editora.



-- 
José F. de Carvalho, PhD
Statistika Consultoria
+55-19-3236-7537