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Re: [ABE-L]: Nosso ensino...



Caros Redistas,
 
Faço das palavras do Jorge as minhas palavras. Brilhante intervenção!
 
Alís, Jorge e eu, temos muita coisa em comum: somos matemáticos
formados num mesmo ano (1973), mestres num mesmo ano (1976) e
doutores em Estatística num mesmo ano (1982).
 
Apenas cerca de 3000 km nos separavam! Formamos muita gente
que continuam a publicar intensamente!
 
Abs,
 
Gauss 
 
>
> Uma nota sobre os pesquisadores ?velhos? na área de estatística:
>
> (1) Grande parte dos pesquisadores responsáveis pela criação dos
> departamentos de estatística do Brasil e pela pesquisa de excelente nível
> feita no Brasil, vieram de outras áreas (matemática, física, engenharia,etc)
> e fizeram doutorado em estatística em destacadas universidades estrangeiras
> (Estados Unidos, Inglaterra, Canadá,etc).
> (2) Nessa época não havia a estrutura que existe hoje para os mais
> jovens (departamentos de estatística consolidados, grandes recursos
> computacionais, artigos disponíveis na internet, etc).
> (3) Importante: os pesquisadores mais velhos foram responsáveis pela
> introdução de quase todos os tópicos de pesquisa sendo feitos no Brasil,
> onde os alunos de pós-graduação em sua maioria dão continuidade a temas
> introduzidos pelos seus orientadores.No exterior, o sistema não permite
> muito paternalismo, e o aluno tem que adquirir maturidade e independência
> cientifica individualmente.Isso leva mais tempo.
> (4) Vantagens do tipo de orientação feita no Brasil:os alunos terminam o
> seu doutorado e dão continuidade a temas e generalizações introduzidas pelo
> orientador com grande chance de publicações em destacados periódicos
> internacionais. Desvantagens desse tipo de orientação feita no Brasil: há
> grande concentração em alguns temas de pesquisa mas falta pesquisa em muitas
> áreas do conhecimento que leva a novas metodologias na área de estatística,
> onde apesar de todo avanço brasileiro, ainda há muita carência (nas áreas de
> medicina, engenharia, computação, meio ambiente, entre muitas outras).Além
> disso, há um grande desinteresse em atividades interdepartamentais, isto é,
> consultoria estatística, pois muitos estatísticos não se sentem muito
> confortáveis por modelagens e metodologias fora de sua área de atuação.Isso
> é grave, leva a desinteresse no ensino com um todo e também acarreta em um
> péssimo ensino nas áreas básicas.
> (5) Em resumo: muitos pesquisadores mais velhos brasileiros
> ou ?fantasmas? ainda tem uma produção cientifica muito destacada e são
> responsáveis por muito que existe na área de estatística no Brasil, apesar
> de alguma discriminação que é muito comum no Brasil, um país sem memória.
> Não é fácil, ter uma produção científica contínua anual, muitas vezes por
> 20, 30 ou 40 anos em um país de terceiro mundo.Isso não pode ser decartado.
>
> Jorge Alberto Achcar
>
> Jorge A Achcar - Faculdade de Medicina de Ribeirao Preto - FMRP-USP
> http://www.fmrp.usp.br/
>
 
 
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Gauss Cordeiro
(http://www.pgbiom.ufrpe.br/docentes/~gauss/)
PhD em Estatística, Imperial College
(1982), MSc em Pesquisa Operacional, UFRJ (1976), Engenheiro
Civil, UFPE (1974) e Bacharel e Licenciado em Matemática, UNICAP (1973)