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USP e Unesp adotam avaliação ($$$$) de professores



A USP e a Unesp, duas das principais universidades do país, decidiram criar 
programas de avaliação de seus servidores. Os sistemas prevêem pagamento de 
prêmios em dinheiro a professores e funcionários, no caso da USP, e uso de 
um sistema de pontuação para manutenção do regime de trabalho e do salário 
na Unesp.

O Prêmio Excelência Acadêmica Institucional USP terá o valor de R$ 1.000 
nesta primeira edição -metade desse valor começa a ser pago hoje para 
professores e funcionários.

A segunda parcela do bônus será liberada no primeiro semestre do ano que 
vem. As próximas edições dependerão do orçamento da universidade.

Os critérios de avaliação levam em conta uma série de indicadores de 
desempenho, que inclui a avaliação da pós-graduação pela Capes -o prêmio só 
é pago caso sejam mantidas ou aumentadas as médias dos conceitos dos 
programas.

Outro item avaliado é o cumprimento dos planos de metas por todas as 
unidades.

O último deles leva em conta a posição ocupada pela USP em quatro rankings 
internacionais que testam centros de ensino (veja quadro nesta página).

Para fazer jus à premiação, a USP deve, a cada ano, estar entre as 200 
melhores universidades do mundo em pelo menos duas dessas listas.

Uma comissão gestora do prêmio foi montada para avaliar o cumprimento das 
metas. Somente com o pessoal da ativa, a USP vai gastar na primeira edição 
cerca de R$ 21 milhões.

"A proposta do prêmio é reconhecer o esforço coletivo da comunidade 
acadêmica nessas conquistas, que conduzem à ampliação da liderança acadêmica 
da universidade, tanto no cenário nacional quanto no internacional", diz a 
reitora da USP, Suely Vilela, em nota.

A premiação é criticada pelo presidente da Adusp (Associação dos Docentes da 
USP), Otaviano Helene, que o vê como uma forma de não conceder aumentos 
salariais. "Se há dinheiro no orçamento, deve-se discutir reajustes 
salariais, colocar na mesa de negociações. Nem houve discussão formal", diz.

Unesp

Já a Unesp criou sistema em que o professor terá seu regime de trabalho 
reduzido, o que causa perda salarial, caso não atinja o patamar de 
produtividade fixado pela instituição.

Cada "recuo" no patamar de jornada pode significar perda superior à metade 
do salário -há três divisões, de 12, 24 e 40 horas de trabalho semanais.

Em uma escala de avaliação que vai de zero a cem pontos, o professor terá de 
atingir ao menos 50 (considerando a média de desempenho em três anos) para 
manter o regime de 40 horas semanais (grupo onde está a maioria dos 
profissionais).

Cada atividade docente ganhou uma pontuação. Exemplos: disciplina ministrada 
vale dois pontos; publicação de pesquisa em periódico reconhecido vale dez 
pontos. Será avaliada a produção do professor na graduação, na pós, na 
pesquisa, na extensão e na gestão.

"O docente precisa ter um desempenho mínimo, uma conduta acadêmica", afirmou 
o reitor Marcos Macari. "Lutamos quatro anos para aprovar o projeto. E 
estamos exigindo o mínimo do mínimo."

Simulação feita pela comissão que criou o sistema indicou que, se o modelo 
já estivesse em funcionamento, cerca de 10% dos docentes perderiam seus 
regimes de trabalho. A instituição possui 3.554 professores.

"Mas a redução não é automática. Se não atingir os pontos, o professor ainda 
terá direito a defesa", afirmou o coordenador da Comissão Permanente de 
Avaliação da universidade, Adriano Antonio Natale.

A avaliação começou neste ano. Ao final do período letivo, os docentes devem 
entregar as suas chefias os primeiros relatórios referentes à atividade 
anual, para o acompanhamento do desempenho trienal.

A Adunesp (associação dos professores) se mostra contrária à medida. Para a 
entidade, um dos principais problemas é adotar um único sistema de avaliação 
para todas as áreas.

O modelo, diz a Adunesp, pode obrigar que os docentes canalizem suas 
pesquisas apenas para áreas que tenham apoio e financiamento de empresas.

"Como o professor precisará apresentar uma produção, será mais fácil se ele 
trabalhar com áreas que recebem financiamento do mercado. Assim, você deixa 
de valorizar outras atividades", disse Antônio Luis de Andrade, diretor da 
entidade.

Andrade cita um exemplo: "Ao mercado, não interessa desenvolver medicamentos 
para doenças tropicais. Por isso, deixaremos de estudá-las?"

Fonte: Folha de SP (4/12), segundo Jornal da Ciencia Hoje


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Dani Gamerman
Depto. de Métodos Estatísticos 
Instituto de Matemática - UFRJ
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