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Re: [ABE-L]: Deu no EstadÃo



Caros Redistas,

Li a reportagem no EstadÃo que o Francisco referenciou na rede.
Eu me posicionei aqui na lista hà algum tempo no e-mail intitulado

"A integral do pesquisador"

que deverÃamos avaliar o pesquisador nÃo sà pelo nÃmero de artigos publicados
em periÃdicos internacionais mas, tambÃm, por outras atividades acadÃmicas relevantes
desde a orientaÃÃo de boas dissertaÃÃes de mestrado atà a organizaÃÃo de eventos
em Ãreas especÃficas. Reitero aqui boas dissertaÃÃes, pois existem vÃrios programas de
pÃs-graduaÃÃo aceitando dissertaÃÃes de qualquer forma apenas para satisfazer
meros Ãndices da CAPES. Me desliguei de um desses - que com o meu trabalho de
11 horas/dia conseguiu conceito 4 na CAPES -, por nÃo concordar com falÃcias na
ciÃncia.

Entendo que o nÃmero de bolsas de produtividade de pesquisa deveria
aumentar significativamente no Brasil e nÃo acabar, pois o custo envolvido
à muito baixo e seus efeitos multiplicadores sÃo grandiosos.

NÃo me conformo que as Ãreas de probabilidade e estatÃstica tenham apenas
40 bolsas de produtividade. Listaria aqui pelo menos 15 excelentes pesquisadores
mais outros 10 jovens doutores com uma derivada positiva acentuada que mereceriam
bolsas nessas Ãreas e estÃo fora do sistema do CNPq.

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Cordiais SaudaÃÃes,


Gauss Cordeiro

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Em 27/12/2008 00:12, Francisco Cribari escreveu:


NÃo concordo, mas divido com os colegas...


Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081226/not_imp299073,0.php

O ESTADO DE SÃO PAULO

Sexta-Feira, 26 de Dezembro de 2008 | VersÃo Impressa

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Cientistas pedem fim de ''oligarquia''

Em manifesto, pesquisadores reclamam de descaso do CNPq com as necessidades das pequenas instituiÃÃes

Herton Escobar

Um manifesto assinado por mais de 180 cientistas, alunos e professores de pequenas instituiÃÃes de ensino e pesquisa do PaÃs acusa o Conselho Nacional de Desenvolvimento CientÃfico e TecnolÃgico (CNPq) de funcionar como uma "oligarquia", ignorando as necessidades de pesquisadores fora da "elite" acadÃmica das grandes universidades. A carta foi enviada no inÃcio do mÃs a vÃrias lideranÃas polÃticas do setor em BrasÃlia, incluindo o presidente Luiz InÃcio Lula da Silva.

O Estado procurou o CNPq durante mais de uma semana para a reportagem, mas o presidente do conselho, Marco AntÃnio Zago, nÃo estava disponÃvel para entrevistas.

No manifesto, os autores pedem uma revisÃo das regras para concessÃo de bolsas e financiamento de projetos - normas que, segundo eles, nÃo dÃo chances aos pesquisadores de pequenas instituiÃÃes. O CNPq, ÃrgÃo do MinistÃrio da CiÃncia e Tecnologia, à a principal agÃncia de fomento à ciÃncia e à formaÃÃo de pesquisadores no PaÃs.

A principal crÃtica à em relaÃÃo ao uso do nÃmero de trabalhos publicados como principal (e Ãs vezes Ãnico) critÃrio de avaliaÃÃo de mÃrito do cientista. "O que o CNPq faz à uma comparaÃÃo quantitativa dos pesquisadores, com base no nÃmero de publicaÃÃes", diz o matemÃtico e engenheiro de computaÃÃo OtÃvio Carpinteiro, da Universidade Federal de Itajubà (Unifei), em Minas Gerais, que ajudou a organizar o manifesto. "Ora, para fazer uma comparaÃÃo quantitativa à preciso que haja condiÃÃes iguais. NÃo dà para comparar um corredor de pista com alguÃm que corre na areia."

O documento chama a atenÃÃo para o fato de que as condiÃÃes de trabalho nÃo sÃo iguais entre as instituiÃÃes e que, portanto, os critÃrios de avaliaÃÃo deveriam ser diferenciados. As grandes universidades, por exemplo, jà possuem grupos de pesquisa bem consolidados, apoiados em programas de mestrado e douto rado com dÃcadas de experiÃncia, o que permite aos pesquisadores desenvolver projetos e publicar trabalhos com mais agilidade.

"Nos pequenos centros (...) os pesquisadores nÃo sà nÃo possuem estas condiÃÃes como ainda tÃm de dedicar grande parte de seu tempo à criaÃÃo destas condiÃÃes", diz o manifesto. "Ã, portanto, incorreto julgar, por um critÃrio igual, pesquisadores que possuem condiÃÃes de pesquisa desiguais. Esta prÃtica amplifica as desigualdades e à injusta, pois nÃo premia necessariamente os melhores pesquisadores, mas sim os que tÃm as melhores condiÃÃes de pesquisa."

Cria-se um cÃrculo vicioso: o pesquisador de uma pequena instituiÃÃo tem mais dificuldade para publicar trabalhos, por isso consegue menos recursos, o que dificulta ainda mais a publicaÃÃo de novos trabalhos e assim por diante. Carpinteiro, que fez pÃs-graduaÃÃo na Inglaterra e na Alemanha, conta que passou nos concursos da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Unifei, mas preferiu Itajubà por causa da qualidade de vida e por sentir que seu trabalho era "mais necessÃrio" por lÃ. "Muitos amigos disseram que eu era louco, mas nÃo me arrependo", conta.

SÃo poucos, porÃm, os que aceitam esse desafio: segundo Carpinteiro, à difÃcil atrair professores e recÃm-doutores para a instituiÃÃo. "O CNPq està destruindo a sobrevivÃncia desses pequenos centros", diz.

BOLSAS

O manifesto pede tambÃm a extinÃÃo da Bolsa de Produtividade em Pesquisa, uma categoria que premia os cientistas que publicam mais trabalhos - e que à tida como sÃmbolo de "status" na comunidade. "Este critÃrio de produtividade e a existÃncia da categoria de Bolsista de Produtividade em Pesquisa, com bolsas concedidas como premiaÃÃo a poucos, introduziram no CNPq um regime oligÃrquico constituÃdo por uma bem questionÃvel elite", diz o documento. "Como em toda oligarquia, sà esta eli te (a minoria) tem opiniÃo, voto e representaÃÃo nos ÃrgÃos de consulta e julgamento do CNPq. Assim, à natural que as polÃticas do CNPq sejam voltadas para o benefÃcio de sua oligarquia e nÃo para o bem comum."

"Sou contra essa bolsa e abriria mÃo dela numa boa se fosse para melhorar a ciÃncia no PaÃs", diz a pesquisadora Eliana Cancello, do Museu de Zoologia da Universidade de SÃo Paulo, que tambÃm ajudou a organizar o manifesto. Segundo ela, os conceitos de produtividade do CNPq ignoram o valor de outras atividades essenciais da academia, como o ensino, a divulgaÃÃo e atà as funÃÃes administrativas. Isso fica evidente dentro de um museu (mesmo um museu da USP), onde a curadoria de coleÃÃes e a organizaÃÃo de exposiÃÃes sÃo atividades cruciais, mas que nÃo resultam em publicaÃÃes. "Fala-se muito no tripà das universidades - ensino, pesquisa e extensÃo -, mas a Ãnica coisa que à valorizada à a publicaÃÃo", afirma Eliana.


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Francisco Cribari-Neto, cribari@gmail.com, http://sites.google.com/site/cribari