Caros Redistas,
Repasso abaixo um texto interessante do Prof. Renato Pedrosa (atual vice-coordenador da COMVEST) sobre o Dachs. Lembro a todos que Norberto foi um dos fundadores da ABE.
A sua formaÃÃo acadÃmica foi de excelÃncia: graduaÃÃo em engenharia e mestrado em matemÃtica, ambos no ITA, e doutorado em estatÃstica em Berkeley (acho que na Ãpoca do Djalma, Morettin e Luiz Torres).
Norberto formou vÃrios pesquisadores que sÃo super ativos e muito importantes para a EstatÃstica do PaÃs. Passei a admirÃ-lo quando o conheci no 2o SINAPE em Campinas hà quase 33 anos. Gauss
Â
************
Caros colegas e amigos:
Norberto faleceu hoje e gostaria de registrar esse fato relembrando o papel
crucial que ele desempenhou para a elaboraÃÃo da pesquisa sobre os alunos da
escola pÃblica na Unicamp, nos anos 90, que serviu de apoio à ComissÃo do
Consu que desenvolveu a proposta do programa de aÃÃo afirmativa (AA) da
Unicamp, o PAAIS.
O estudo se iniciou aqui na Comvest, quando eu era o coordenador de
pesquisa, menos de um mÃs apÃs assumir ao cargo, em MarÃo de 2003, apÃs uma
consulta do Brito, reitor na Ãpoca, sobre se havia embasamento acadÃmico que
justificaria a adoÃÃo de algum tipo de programa de AA.
Eu solicitei ajuda ao Benilton Carvalho, aluno de PG em EstatÃstica do
IMECC, e formulamos o primeiro modelo, baseado no desempenho diferencial dos
alunos entre o vestibular e o final do curso, utilizando a nota daquele e o
CR final.
Logo notamos que havia evi
dÃncia de que os candidatos que estudaram na rede
pÃblica tinham desempenho diferencial positivo em relaÃÃo aos que vinham da
rede privada.
Como estatÃstica à uma arte um pouco misteriosa, eu fui ao IMECC e conversei
com o Norberto, que sabia era especialista em equidade em sistemas de saÃde.
ApÃs algumas discussÃes e incentivos por parte do Brito, ele topou
participar mais ativamente no projeto. Benilton estava indo para Johns
Hopkins fazer seu PhD, Norberto recrutou o Rafael, estudante ainda na
graduaÃÃo, fizemos um projeto para a FAPESP e fomos em frente. A Cibele
entrou nesta Ãpoca, para ajudar nos debates sobre a formulaÃÃo de Ãndices
sÃcio-econÃmicos e outros pontos.
O modelo, por sugestÃo do Norberto, foi alterado para posiÃÃo (classificaÃÃo
por curso) na entrada e na saÃda, normalizado entre 0 e 1, e o desempenho
diferencial era a diferenÃa entre esses Ãndices. Foi c
rucial para garantir a
comparabilidade entre cursos e a robustez dos resultados.
No final de 2003, inÃcio de 2004, jà estÃvamos certos do resultado, os
estudantes da rede pÃblica e os mais desfavorecidos realmente desempenhavam
melhor do que os demais.
O resto à histÃria pÃblica, a ComissÃo nos chamou, eu apresentei esses
resultados (jà havÃamos feito isso no Consu, com os resultados preliminares,
antes da formaÃÃo da ComissÃo), formulamos a idÃia da pontuaÃÃo extra,
simulamos vÃrias possibilidades, Tadeu fechou a proposta, foi aprovada na
ComissÃo e depois no Consu, em meados de 2004, para utilizaÃÃo jà no
Vestibular de 2005. (Corrijam-me, Brito e Tadeu, se necessÃrio).
Escrevemos um artigo, que foi publicado na revista sobre ES da OCDE e
apresentado no Congresso Bienal sobre ES da OCDE em 2006 em Paris. A
referÃncia à esta:
http://www.oecd.org/document/59/0
,3343,en_2649_35961291_39824251_1_1_1_1,00.
html
Certamente Norberto teve participaÃÃo em muitos outros projetos relevantes,
principalmente na Ãrea da SaÃde, quando estava na OMS. Mas ele tinha muito
orgulho deste trabalho e de suas conseqÃÃncias, assim como todos nÃs que
participamos das vÃrias etapas, da pesquisa atà a implementaÃÃo do PAAIS. E
o trabalho continua, hoje estamos inseridos num projeto com um grupo da USP
financiado por Princeton e pelo Instituto das MetrÃpoles. Convidamos
Norberto para participar, mas a doenÃa jà o havia desabilitado de forma
dura.
Parte do projeto à analisar o desempenho da primeira turma (2005) do PAAIS,
e fizemos algo com que ele sonhava: conseguimos que cerca de metade dos
formandos atà agora respondessem a um questionÃrio sobre as expectativas
futuras, sendo que eles concordaram em participar ainda de futuras pesquisas
sobre como a vida pr
ofissional progrediu. O sonho do Norberto era termos uma
coorte de estudantes da Unicamp e segui-los ao longo dos anos.
Creio que estamos tentando levar essa idÃia em frente, fazendo juz à grande
contribuiÃÃo dele para a pesquisa na Ãrea de equidade e educaÃÃo.
Aqui, como ele teria aprovado, gostaria de levantar um brinde virtual ao
grande espÃrito que o moveu atà o final, incluindo sua destreza e inquietude
intelectuais, quem o conheceu de perto sabe do que estou falando.
Talvez a Unicamp pudesse, de alguma forma, homenageÃ-lo.
Um grande abraÃo para todos, Renato.
PS: podem encaminhar esta mensagem para todos que o conheceram, penso
especialmente no Hugo e na Margarita, de quem nÃo tenho o mail. TambÃm no
Benilton, de quem nÃo consigo achar o email atual (Hildete, por favor, mande
para ele).
Renato H. L. Pedrosa
Coordenador-adjunto
Comvest-PRG-U
nicamp
"O Ãnico lugar no mundo onde o sucesso vem antes do trabalho à no dicionÃrio" (Vidal Sasson)
Â
Â