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Re: desregulamentaÃÃo



Caros,

aproveito a opotunidade para convidar os interessadosÂa assistir e discutir o tema Importancia e Capacitacao dos profissionais de BioestatisticaÂna Pesquisa Clinica,Âincluindo o tema Regulamentcao com a participacao do CONRE III, na sessao tematica 1, a ser realizada na 54Rbras, na terca, dia 28Âas 16:30hs.ÂÂ

Cicilia Yuko Wada

Wam 22/07/2009 12:59, Carlos Alberto de Braganca Pereira < cpereira@ime.usp.br > escreveu:


Caros redistas:

Està comum a discussÃo sobre quem deve fazer estatÃstica e como defender nossa
comunidade de "intrusos". Bem, eu como o Carvalho, sou contra qualquer
regulamentaÃÃo quando falamos em competÃncia. CompetÃncia nÃo se ganha com
tÃtulos cursos etc. Mas nunca dou minha opiniÃo pois acredito que eu possa
estar errado, visto que jà aproveitei do fato de ser um estatÃstico regulado.
Mas, entÃo, saiu ontem no estadÃo um artigo que penso ser excelente. Estou
enviando para todos com o intuito de nos obrigar a uma boa reflexÃo.
Grande abraÃo
carlinhos

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090721/not_imp405850,0.php

TerÃa-Feira, 21 de Julho de 2009 | VersÃo Impressa


Desregulamentar profissÃes. Todas!

Alexandre Barros

O governo anunciarà em breve a proibiÃÃo de carros pequenos com motores de menos
de 2.0 e serÃo obrigatÃrios transmissÃo automÃtica, computadores de bordo e
airbags sÃxtuplos. Que tal lhe pareceria essa notÃcia? Fords Ka, Fiats Palio,
Fords Fiesta sumiriam do mercado. Todos os carros custariam muito mais caro.
Adeus ao sonho do carro 1.0, sem imposto. Seria uma crise nacional.

Mas nÃo causa crise sermos obrigados a pagar a um mÃdico formado numa faculdade,
que estudou seis anos, para girar lentes na frente do nosso rosto e nos dizer
que temos 2,5 graus de miopia. Ou pagar a um mÃdico a taxa de carta de
motorista, para nos mandar ler algumas letras na parede. Nem causa espanto que
precisemos pagar a advogados, formados por cinco anos, para nos tirarem da
cadeia, coisa que um estudante de Direito do primeiro ano sabe fazer, ou atÃ
mesmo quem nunca estudou Direito.

Escrevi, nos anos 70, um artigo chamado Em defesa dos advogados, publicado no
Jornal da Tarde. Dias depois chegou pelo correio (a vida era assim antes daquele
menino maluquinho e irresponsÃvel, William Gates III, que abandonou a faculdade)
cÃpia de carta do presidente da OAB de SÃo Paulo protestando e explicando
detalhadamente por que a regulamentaÃÃo exercida pela OAB era fundamental para a
defesa dos interesses dos possÃveis clientes. Mas a carta nÃo falava nada sobre
a obrigaÃÃo de pagar mais caro por advogados que estudaram cinco anos para
prestar serviÃos corriqueiros sem complexidades ou consequÃncias jurÃdicas
maiores. A resposta: custa muito caro porque, quando pagamos a um advogado,
temos de ressarci-lo pelos anos de estudos de Direito e pagar um naco das
mensalidades da OAB, que à um sindicato que defende mais os interesses dos
advogados que o dos clientes.

Desregulamentar a medicina? Certamente. FaÃo palestras em que proponho a
desregulamentaÃÃo da medicina. A reaÃÃo das plateias à de horror. Mas como? à a
nossa saÃde que està em jogo!

Imediatamente depois da reaÃÃo, mas ainda durante o pÃnico, peÃo que levantem a
mÃo todas as pessoas que utilizaram (ou seus parentes prÃximos) tratamentos
alternativos, como cromoterapia, florais de Bach, aromaterapia, cinesiologia,
hidroterapia, iridologia, quiropracticia, etc. Sempre mais de metade das
audiÃncias levantou as mÃos. Ou seja, as pessoas acreditam em terapias
alternativas, usam-nas em substituiÃÃo à medicina e muitas depositam a
continuidade de sua vida nelas (como quem se trata de cÃncer com extratos de
sementes de pÃssegos). Mas, quando perguntadas, a maioria diz-se a favor da
regulamentaÃÃo da medicina.

Bem-vindos ao mundo das profissÃes regulamentadas. O Cialis, o maior concorrente
do Viagra para disfunÃÃo erÃtil, custou ao laboratÃrio que o invento u,
desenvolveu e comercializa entre US$ 600 milhÃes e US$ 800 milhÃes antes da
venda do primeiro comprimido. Foram centenas de cientistas, pesquisadores,
bioquÃmicos e milhares de testes exigidos pela FDA (a Anvisa americana). Cada
vez que compra uma caixa de Cialis, vocà paga por todos esses custos. Mas hà um,
inÃtil, que vocà paga e nÃo se dà conta: o salÃrio da farmacÃutica responsÃvel
da filial da empresa que produz o Cialis no Brasil. Ela entra na produÃÃo do
Cialis como Pilatos no Credo, sem ter nada que ver com os benefÃcios do remÃdio.
Ela sà està là porque os farmacÃuticos (como todos os outros profissionais
regulamentados) conseguiram que o Congresso Nacional votasse uma lei obrigando
todos os laboratÃrios a terem um(a) farmacÃutico(a) responsÃvel, e tambÃm cada
farmÃcia a ter um(a) farmacÃutico(a) para lhe vender a caixinha dos comprimidos
mÃgicos (ou de qualquer outro remÃdio que vocà queira comprar).

Josà Zanine Caldas, famosÃssimo arquiteto autodidata, desenhou e construiu
algumas das mais caras e belas casas do Joà e da Barra da Tijuca, no Rio de
Janeiro. Quem as comprava pagava por sua competÃncia e seu bom gosto, mas um
naco era para o engenheiro formado, cuja Ãnica funÃÃo era assinar a planta.
Zanine foi professor na Universidade de BrasÃlia. Hoje nÃo poderia, porque nÃo
tinha diploma.

Em resumo, nÃo ganhamos nada com profissÃes regulamentadas. SÃ ganham os
profissionais que fazem parte delas.

Sou contra as faculdades? NÃo (vivo, em parte, de ser professor). Mas acho que
todos devem poder contratar, para qualquer serviÃo, o profissional em quem
confiam, independentemente de ter ou nÃo um diploma e/ou um registro profissional.

Quando regulamentam profissÃes, parlamentares caem na esparrela de acreditar que
estÃo defendendo o pÃblico. Potoca. EstÃo apenas defendendo um mercado cativo
para grupos politicamente organizados que buzinaram nos seus ouvidos que eles
deviam regulamentar alguma profissÃo.

O problema nÃo à sà brasileiro. Todos os prÃdios que vocà và ao vivo em Las
Vegas, ou no seriado CSI, foram construÃdos por pessoas de bom carÃter.
Pedreiros, no Estado de Nevada, precisam apresentar um atestado de bom carÃter,
alÃm de saber empilhar tijolos.

Uma lei de 1952 proibia comunistas de serem farmacÃuticos no Texas e, no Estado
de Washington, veterinÃrios eram proibidos de tratar de vacas enfermas se nÃo
assinassem um juramento anticomunista.

HÃ no Congresso brasileiro 169 projetos de regulamentaÃÃo de profissÃes. A cada
um que for aprovado vocà pagarà mais caro por aquele serviÃo, em troca de
proteÃÃo zero. RegulamentaÃÃes profissionais sà protegem os prestadores de
serviÃos e excluem concorr entes que poderiam prestar os mesmos serviÃos, sà que
mais barato.

Acabou de ler o artigo? NÃo tem nada que fazer? Entre no YouTube
(http://www.youtube.com/watch?v=B6vOChhue20). E ouÃa o hino do farmacÃutico.

ParabÃns! A conta à toda sua, inclusive a do hino.

Alexandre Barros, cientista polÃtico (Ph.D. pela University of Chicago), Ã
diretor-gerente da Early Warning: AnÃlise de Oportunidade e Risco PolÃtico



Carlos Alberto de Braganca Pereira