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Re: [ABE-L]: Deu na Folha Online (TRI)



Caros Redistas,

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Bom texto do articulista da Folha. A TRI - Ãrea que temos vÃrios especialistas no PaÃs, a comeÃar pelo Dalton,

sou um simples leigo, Ã uma Ãrea muito importante da EstatÃstica Aplicada de reconhecida potencialidade

educacional.

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O ÃrgÃo do MEC responsÃvel pelas provas do ENEM à que à deveras incompetente â errando

atà na localizaÃÃo do gabarito.

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Cordiais SaudaÃÃes,

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Gauss

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"Pode-se enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas nÃo se consegue enganar todas por todo o tempo." Abraham Lincoln.


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Em 08/11/2010 22:43, Francisco Cribari < cribari@gmail.com > escreveu:
Fonte:Âhttp://www1.folha.uol.com.br/saber/827418-helio-schwartsman-justica-ainda-nao-entendeu-o-que-e-o-enem.shtml
08/11/2010Â-Â18h23

HÃlio Schwartsman: JustiÃa ainda nÃo entendeu o que à o Enem

HÃLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DAÂFOLHA

Os chamados operadores do direito (advogados, juÃzes, promotores, procuradores etc.) ainda nÃo entenderam bem o que à o Enem. Se tivessem compreendido, nÃo teriam pedido -- e nem concedido -- a suspensÃo do exame, por desnecessÃria.

à fato que, pelo segundo ano consecutivo, os organizadores da prova cometeram erros. Isso depÃe contra a capacidade gerencial do MinistÃrio da EducaÃÃo (MEC) e dos consÃrcios que confeccionam os testes, mas nÃo afeta os modelos matemÃticos que sustentam a Teoria de Resposta ao Item (TRI), na qual o Enem se baseia.

Desenvolvida nos anos 50 e 60, a TRI torna possÃveis testes mais refinados, que permitem comparar alunos submetidos a provas diferentes e a performance de uma mesma instituiÃÃo ao longo dos anos. Assim, em vez de anular os exames de mais de 3 milhÃes de estudantes, basta que o MEC ofereÃa gratuitamente aos cerca de 20 mil alunos que podem ter sido prejudicados a oportunidade de fazer uma nova prova nas prÃximas semanas.

Embora seja "apenas uma teoria" a TRI à usada hà dÃcadas com bastante sucesso em provas jà consagradas como o SAT (o Enem dos EUA) e o Pisa (usado para comparar sistemas de ensino de diferentes paÃses). A ideia central da TRI em sua versÃo mais simplificada à que cada questÃo ou item possui duas caracterÃsticas especialmente relevantes: o grau de dificuldade e o de discriminaÃÃo.

Se a pergunta for fÃcil, serà respondida por quase todos os que estÃo mais preparados e por parte dos que se mostram menos preparados; se for difÃcil, serà respondida somente por alguns dos mais hÃbeis. Jà a discriminaÃÃo traduz a eficÃcia com que o item distingue entre os mais e os menos competentes.

O que a TRI faz à reunir esses dois parÃmetros em um modelo matemÃtico que permite atribuir a cada candidato uma pontuaÃÃo que leva em conta nÃo sà os acertos como tambÃm o grau de dificuldade de cada questÃo e a coerÃncia nas respostas.

Com isso, nem todos os estudantes recebem os mesmos pontos pelos mesmos acertos. Um aluno que acertar uma questÃo difÃcil, sem ter resolvido um nÃmero razoÃvel de outras mais fÃceis, receberà por aquele acerto uma pontuaÃÃo menor do que o aluno que tenha demonstrado coerÃncia ao longo de toda a prova.

Evidentemente, o sistema precisa ser calibrado tanto para o grau de dificuldade como para o de discriminaÃÃo de cada item. Uma sÃrie de testes com alunos de diferentes nÃveis permite a formaÃÃo de grandes bancos de questÃes, de modo que, em princÃpio, nÃo haveria grandes problemas para elaborar em poucos dias uma prova extra para os prejudicados.

Na verdade, tanto a fraude de 2009 como as falhas organizacionais deste ano poderiam ter sido evitadas se o MEC tivesse avanÃado mais nas possibilidades abertas pela TRI. NÃo hà razÃo, por exemplo, para fazer um megaexame que envolva vÃrios milhÃes de alunos --com todas as dificuldades logÃsticas daà decorrentes. Seria muito mais razoÃvel organizar sete ou oito provas por ano, como, aliÃs, ocorre com o SAT norte-americano.

O mesmo vale para a seguranÃa. Nada impede que o MEC elabore vÃrias dezenas de diferentes modelos de prova. NÃo estamos aqui falando das mesmas questÃes dispostas em outra ordem, mas de exames compostos por perguntas diferentes. Se existe apenas uma chance em 50 ou 60 de um candidato a fraudador comprar a prova certa, violaÃÃes de sigilo praticamente perdem valor de mercado.

Pode-se ir ainda mais longe e imaginar uma situaÃÃo onde cada examinando resolva seu teste diretamente num computador. Neste caso, o sistema poderia, a partir do banco de questÃes, que idealmente conta com milhÃes de perguntas, gerar uma prova especÃfica para cada candidato.

E isso à provavelmente o mais perto que se pode chegar de um exame à prova de fraude.

O verdadeiro teste do MEC vai ser convencer os juÃzes de que a TRI funciona.

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Francisco Cribari-Neto, cribari@gmail.com, http://sites.google.com/site/cribari