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Re: [ABE-L]: Enchentes no RJ



Caros Pedrao e demais redistas,


Sem acentos e sem querer apontar culpados, os gestores publicos
brasileiros, em geral mais politicos do que tecnicos, vivem em grande
parte da propaganda.

Obras de conservacao e infraestrutra, muros de arrimo e a contencao de
encostas, seguranca para previsao de catastrofes eminentes (como sao
eventos aleatorios tem o problema de previsibilidade) nao dao votos a
esses gestores.

Por outro lado, eventos no Brasil como copa do mundo, olimpiadas, inauguracoesÂ
de refinarias e rodovias, petroleo em aguas profundas, estatisticas falseadas
de diminuicao da violencia e de mortes,Âetc.,Âfazem a festa deles...


Cordiais Saudacoes,

GaussÂ


"I had the blues because I had no shoes. Until upon the street, I met a man who had no feet" (Dale Carnegie).


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Em 14/01/2011 11:58, Pedro Luis Nascimento Silva < pedronsilva@gmail.com > escreveu:
Colegas,
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Acompanhando o noticiÃrio sobre as tragÃdias da regiÃo serrana do Rio de Janeiro, vÃrias questÃesÂchamaram a minha atenÃÃo.
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1) Precariedade do sistema de alerta meteorolÃgico. O aviso emitido pelo INMET chegou tarde, era inespecÃfico, e nÃo fazia previsÃo do volume de chuvas esperado. Creio que deve haver muito espaÃo para aprimorar a capacidade de previsÃo e de emissÃo de alertas neste importante serviÃo. E nÃo deve faltar oportunidades para colaboraÃÃo de estatÃsticos nessa empreitada.
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2) InexistÃncia de sÃries de informaÃÃes organizadas sobre episÃdios similares no passado. Quase sempre sÃo lembrados os Ãltimos casos (um ou dois anos). Mas nÃo hà registros organizadosÂconfiÃveis que possamos modelar para conhecer melhor freqÃÃncias e letalidade dos episÃdios, e dessa forma, melhorar a capacidade de planejar recursos de enfrentamento. Creio que se trata de lacuna importante de um sistema estatÃstico para planejamento urbano e gerenciamento de riscos. A contribuiÃÃo da comunidade aqui seria relevante pois à nossa a expertise para organizar coleta, armazenamento e facilidades para recuperaÃÃo e anÃlise de dados estatÃsticos.
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3) Baixa capacidade de coordenaÃÃo das aÃÃes de prevenÃÃo, alertaÂe resgate. No episÃdio trÃgico do tsunami da IndonÃsia, a falta de sistemas de alerta contribuiu para aumentarÂa letalidade, mas a reaÃÃo posterior foi a criaÃÃo de sistemas de alerta para esse tipo de evento, que jà estÃo em funcionamento e devem ter contribuÃdo para salvar vidas em episÃdios posteriores na regiÃo. Trombas dÃgua em cachoeiras e rios podem ser detectadas antes de provocar mortes rio abaixo. PaÃses onde eventos climÃticos como este ocorrem com maior freqÃÃncia adotam estratÃgias de construir canais por onde as Ãguas podem escoar sem causar tanto estrato (me ocorre o exemplo da Ilha da Madeira, palco de recente - 2009 - episÃdio de chuvas torrenciais que tambÃm causaram danos e vÃtimas, mas em escala muito menor que a verificada na regiÃo serrana).
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4) Precariedade da percepÃÃo de riscos pela populaÃÃo em geral. As pessoas aceitam riscos muito elevados quando escolhem locais de moradia ou para construÃÃo, e creio que parte da questÃo tem a ver com uma incapacidade de avaliar corretamente riscos e chances, e suas conseqÃÃncias. Mais uma Ãrea em que acredito que a comunidade estatÃstica poderia atuar para melhorar a educaÃÃo e a 'numeracia' da populaÃÃo em geral.
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NÃo sou especialista em qualquer dos assuntos indicados, mas tenho certeza de que nossa comunidade teria o que dizer e colaborar para mitigar os efeitos nocivos de episÃdios similares no futuro, que a histÃria recente mostra que nÃo poderemos evitar, e quiÃÃ, venham a se tornar mais freqÃentes como prevÃem os especialistas na questÃo das mudanÃas climÃticas que afetam o planeta.
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SaudaÃÃes entristecidas. Pedro.
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Pedro Luis do Nascimento Silva
IBGE - Escola Nacional de CiÃncias EstatÃsticas
Phone: +55 21 21424957, 35216066